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30 de setembro, de 2007 | 00:00

Saúde em bom som

Campanha nas escolas alerta para a prevenção da surdez em crianças

Roberto Bertozi


Flávia Guimarães: campanha para alertar sobre os cuidados com a saúde auditiva
IPATINGA - Excesso de barulho, música alta, medicamentos e infecções estão entre as causas mais freqüentes da surdez. O alerta é feito pela fonoaudióloga e professora do curso de Fonoaudiologia da Unipac em Ipatinga, Flávia Guimarães Ribeiro. Na semana que marcou o “Dia Nacional do Surdo”, em 26 de setembro, a professora escolheu escolas públicas e particulares para fazer o alerta contra a deficiência auditiva. Além da campanha educativa, o curso de Fonoaudiologia da Unipac mantém uma “clínica-escola” onde, por meio de convênios com municípios, são atendidos pacientes que estão na fila à espera de exame.Flávia Guimarães considera preocupante o fato de muitas pessoas perceberem sintomas de alterações auditivas e não procurarem um médico. “Na verdade, não é dada a devida importância para aquilo que se sente. Por exemplo, muitas pessoas sentem zumbidos no ouvido, e não procuram um médico porque acham normal. Só é normal ter zumbidos no ouvido quando a pessoa fica muito exposta ao barulho, quando vai a uma festa, uma boate, e sai com esse zumbido que depois passa. A gente chama de perda auditiva temporária. Mas a pessoa que tem o zumbido freqüentemente pode ser sinal de um problema auditivo”, esclarece a especialista.TratamentoNa questão da saúde auditiva, Flávia Guimarães afirma que, quanto mais cedo for tratada a alteração, maiores são as possibilidades de cura. A especialista explica que todos os sintomas, como dor de ouvido, purgação e sensação de ouvido tampado, são sinais que levam a uma suspeita de problema auditivo. “Há pessoas que dizem escutar, mas não conseguem entender as palavras. Pode ser um sinal de alteração auditiva e precisa de tratamento”, orienta.  A fonoaudióloga explica que é importante a detecção precoce da perda auditiva. “Isso porque o ouvido capta o som e manda para o cérebro interpretar. Se você fica muito tempo sem estimular aquela região do cérebro, quando você coloca o aparelho auditivo depois de muitos anos sem escutar é muito difícil do cérebro voltar a entender aquele som de novo”, explica.Som alto e fone de ouvido são inimigos da boa audiçãoA fonoaudióloga Flávia Guimarães alerta que qualquer som acima de 85 decibéis representa riscos à audição. No momento em que cresce a “febre” do fone de ouvido, com o MP3, MP4, iPod e outros equipamentos da chamada conectividade de mídias, profissionais da área consideram a situação preocupante. “Se você fica muito tempo escutando som alto, isso pode causar perda auditiva. Algumas pessoas acham que um som agradável não é um ruído, mas qualquer som acima de 85 decibéis é considerado nocivo para a audição”, alerta.O risco maior, explica Flávia Guimarães, é porque as perdas auditivas acontecem gradualmente, muito lentamente e as pessoas não percebem a progressão da deficiência. “Então, depois de 5 ou 10 anos é que elas detectam ter o problema e a perda da audição é praticamente irreversível”, explica. Flávia Guimarães alerta que os abusos do fone do MP3 terão resultados negativos daqui a alguns anos. No entanto, a fonoaudióloga admite que os efeitos estão ligados à predisposição do organismo para ter mais ou menos perda da audição. “Um dos objetivos das campanhas em escolas este ano é justamente dentro dessa preocupação com os jovens que escutam som alto nos fones de ouvido. O que a gente orienta é que a pessoa, quando estiver em uma festa, evite ficar muito perto de caixa de som, usar fones com moderação e, nas empresas com nível elevado de ruídos, usar constantemente o protetor auditivo”, conclui a especialista.Causas da perda auditivaA exposição a ruídos no trabalho é uma das causas mais freqüentes de perda da audição. A fonoaudióloga Flávia Guimarães alerta que, em muitas empresas, os funcionários trabalham com muito barulho sem usar proteção nos ouvidos e isso causa muita perda auditiva. “É uma causa freqüente”, ressalta, esclarecendo que também há perda auditiva congênita, causada pela rubéola na gestação. Já na infância, a maior causa é a caxumba. “As pessoas não sabem que a caxumba leva a perda auditiva, mas isso ocorre”, avisa.Na relação de causas entram até medicamentos. “São os que a gente chama de ototóxicos, alguns são antibióticos”, explica. Em relação à estatística de surdez no Brasil, Flávia Guimarães conta que a cada 10 mil crianças nascidas, 30 apresentam perdas auditivas. Como forma de amenizar a situação, já foi criado o “teste de orelhinha” que, segundo a fonoaudióloga, é um exame recente. “A gente faz no recém-nascido para detectar se há problema de audição. Se for positivo, a gente faz encaminhamento para o diagnóstico”, esclarece.Teste preventivoAtualmente tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que obriga a implantação do “teste da orelhinha” na rede pública de saúde, como já ocorre hoje com o “teste do pezinho”. Sem previsão de o exame virar rotina, por enquanto a sua aplicação é alvo de esclarecimentos e a maioria dos pediatras já defende o teste. “Desde 2002 temos feito palestras e conversado com gestantes sobre a importância do exame. É novo na região, mas no Brasil em muitas cidades isso já é lei”, comenta a fonoaudióloga.Cuidado com os cotonetesUma das preocupações dos fonoaudiólogos é com o uso de cotonetes como hábito de higiene nos ouvidos. Flávia Guimarães afirma que não haveria riscos se pelo menos a maioria das pessoas lesse o manual atrás das embalagens de cotonetes. “Lá está escrito como usar, mas a gente não tem o hábito de ler. Nós devemos limpar apenas a área anterior ao canal do ouvido, bem na superfície. É errado introduzir objetos no ouvido porque isso remove toda a cera, uma proteção natural. O próprio organismo expulsa o excesso de cera e se você a empurra de volta, ela fica compactada dentro do canal e forma o que a gente chama de rolha de cera. Neste caso, a pessoa precisa ser encaminhada ao médico para a remoção do material. Então, mais cuidado ao usar cotonete”, orienta.Entre os casos de perdas auditivas, Flávia Guimarães explica que algumas são tratáveis e outras, irreversíveis. As perdas provocadas por infecções de ouvido são tratadas ou com medicamentos ou com intervenção cirúrgica. Entre os casos irreversíveis estão aquelas perdas provocadas por lesões que atingem a parte interna do ouvido. Entre esses casos, alguns são resolvidos com o uso de aparelhos.Alex Ferreira
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