25 de setembro, de 2007 | 00:00

Risco à saúde e danos econômicos

Infestação por animais e insetos provoca estragos e faz crescer a demanda pelo controle qualificado de pragas urbanas

Museu de Zoologia USP


Colônia de cupins: reinado da praga urbana é garantia de prejuízo econômico
IPATINGA - Morador do bairro Cidade Nobre, o comerciante Carlos Roberto da Silva telefonou esta semana para o DIÁRIO DO AÇO para informar sobre uma infestação de ratos. Queria fazer um alerta sobre os roedores contra os quais luta e não consegue se livrar. O comerciante é vítima de uma das mais perigosas pragas urbanas. Ao lado das baratas, mosquitos, formigas e cupins, os ratos provocam danos à saúde humana e prejuízos financeiros. O enfrentamento da infestação e as medidas preventivas exigem conhecimento. Ações aleatórias podem representar riscos ainda maiores do que a convivência com as pragas. Técnico em controle de endemias e proprietário de uma empresa especializada em controle de pragas em Ipatinga, Juniel Scarabelli explica que a praga urbana está dentro das casas, restaurantes, lanchonetes e hospitais. As pragas, como as baratas e formigas, transmitem, de forma mecânica, bactérias e outros organismos que causam danos à saúde por meio da contaminação dos alimentos. Outros animais, como os ratos, além da contaminação mecânica, transmitem doenças por meio da urina. As pulgas e carrapatos também representam ameaças. No caso do carrapato, explica o técnico, há o risco da febre maculosa, com a circulação na região da bactéria Rickettsia rickettsii.“Em geral, a infestação pelas pragas urbanas precisa do que chamamos de quatro ‘as’: acesso, abrigo, água e alimento. Acabar com as pragas, depende de uma ação que acabe com essas possibilidades”, orienta o especialista. Na lista dos riscos entram até os pombos. “Eles moram debaixo das casas, dos telhados, invadem todos os espaços e a saída é fechar os acessos e evitar dar alimentos a eles”, complementa.Prejuízos causados pelo cupimO cartaz de uma indústria química, utilizado pelo técnico em controle de endemias Juniel Scarabelli, apresenta uma nota de R$ 100,00 sendo corroída por cupins. A infestação por essa praga urbana representa exatamente isso, danos econômicos. Quando uma casa fica infestada de cupins, não há outra saída senão trocar o mobiliário. Segundo o técnico, no Vale do Aço a infestação não é tão grave, porque as cidades são novas. “A situação piora na medida em que as cidades envelhecem”, avalia.Segundo Scarabelli, de maneira geral os cupins se dividem nas espécies de madeira seca e os subterrâneos. Ele conta que os subterrâneos fazem caminhos pelas paredes e árvores. “Neste momento há uma infestação nas árvores do estacionamento ao lado da Câmara de Ipatinga”, aponta, citando um exemplo. A solução para evitar infestação nas casas e prédios, segundo o técnico, é a adoção de medidas preventivas ainda no canteiro de obras, no começo das construções e com o uso de madeira tratada. “É preciso retirar restos de madeira debaixo das construções porque quando a comida (a celulose das madeiras) acabar, os cupins vão para a superfície. Geralmente saem dentro das casas pelas paredes úmidas e instalações elétricas. Vão até ao último andar de um prédio”, descreve. Segundo Scarabelli, na maioria dos casos, quando a infestação é descoberta, o cupim já invadiu toda a casa e tomou o mobiliário, piso de madeira, portas e aduelas.      O combate ao cupim é feito de forma estratégica. Segundo o técnico, os cupins que saem das colônias e que são vistos, são considerados “soldados” e “operários” e não adianta pulverizar cupinicida porque só saem algo em torno de 10% da colônia. No seu interior estão o “rei” e a “rainha”, que garantem a proliferação. “O combate é feito com o bloqueio químico, mas a garantia é de apenas cinco anos”, avisa.Segundo Scarabelli, na proximidade do período chuvoso ocorre a “revoada”. São as tanajuras que invadem as casas e se instalam nos móveis. A título de curiosidade, o técnico conta que “o operário, responsável pela construção da casa do cupim, é considerado um excelente arquiteto, embora não tenha olhos”.
Wôlmer Ezequiel


O técnico Juniel Scarabelli alerta para os riscos no combate inadequado de pragas
Fiscalização sanitáriaEm Ipatinga, a Vigilância Sanitária Municipal faz exigências para o controle de pragas nos estabelecimentos que trabalham com alimentos, como um laudo técnico expedido por empresa credenciada pelos órgãos oficiais. Segundo Juniel Scarabelli, o controle integrado de pragas engloba uma série de ações, como limpeza do estabelecimento, remoção de entulhos, elevação de estragos, distância dos produtos das paredes e vistoria permanente. “Temos um problema que é a ação das empresas clandestinas, que vêm de fora. Não basta ter nota fiscal, é preciso ter registro na Vigilância Sanitária e um responsável técnico, que pode ser um bioquímico ou farmacêutico, com o conhecimento de toxicologia”, explica o especialista.O trabalho para ficar livre das pragas demanda investimentos que variam de R$ 50,00 a R$ 100,00 por mês, no caso dos estabelecimentos comerciais. Já nos imóveis residenciais, os valores variam muito, de acordo com o tamanho da casa ou apartamento. Mas um serviço básico de dedetização começa em R$ 70,00. Riscos do combate inadequadoO técnico em controle de endemias, Juniel Scarabelli, alerta que o controle das pragas urbanas não pode ser feito por leigos, por pessoas que não tenham conhecimento específico para executar as medidas preventivas. Ele explica que os produtos químicos precisam ser adequados a cada situação, devem ter registro no Ministério da Saúde e sua aplicação demanda cuidados extremos. “Se um produto tem indicação para ser diluído 10 ml por litro de água e se o leigo não acredita e coloca 20 ou 30 ml, ele produz uma superdosagem e eleva em até 30 vezes o nível de intoxicação. É um risco porque, em vez de combater as pragas de sua casa ou estabelecimento, a pessoa pode provocar danos irreparáveis com acidentes”, adverte. Ainda segundo Scarabelli, há um risco escondido por trás do famoso “chumbinho”. Trata-se de um produto clandestino, de comercialização proibida, mas ainda presente em alguns estabelecimentos. “Há uma cultura de que o chumbinho resolve, mas é uma substância que não tem antídoto, não tem ‘contraveneno’ e não poderia ser usado. Nem os profissionais utilizam mais o chumbinho. Sua venda precisa ser combatida”, defende.Em relação ao caso reclamado pelo morador do bairro Cidade Nobre, Scarabelli esclarece que normalmente os ratos vivem em grupos e, entre outros comportamentos, praticam o canibalismo, o que controla a proliferação. Quando há um combate ineficiente e eventualmente morrem os mais fortes, ocorre o que o técnico chama de “efeito bumerangue”, um desequilíbrio que leva à reprodução desenfreada dos indivíduos no grupo de roedores.Alex Ferreira
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