12 de setembro, de 2007 | 00:00

Natureza emite sinais de perigo

Fórum de Mudanças Climáticas amplia o foco das discussões ambientais

Wôlmer Ezequiel


As palestras reuniram estudantes e profissionais da área ambiental durante o fórum
IPATINGA - Profissionais e pesquisadores da área de meio ambiente participaram ontem do I Fórum Regional de Mudanças Climáticas, no Centro de Convenções do San Diego. O evento foi direcionado aos estudantes de Engenharia Ambiental e Ciências Biológicas da região, centrado em informações científicas sobre o aquecimento global, os eventos climáticos extremos e a degradação dos ecossistemas, entre outros tópicos que fazem parte da problemática socioambiental da atualidade. O fórum foi organizado pelo Instituto Eco-futurismo. Conforme o ambientalista Eddy Willian Melo Soares, o principal objetivo do evento foi incentivar as pesquisas sobre mudanças climáticas, que carecem de profissionais brasileiros que se dediquem ao assunto com mais vigor. “Acima de tudo, precisamos formar cidadãos conscientes antes de formar pesquisadores que possam contribuir para amenizar os impactos na saúde humana e na biodiversidade”, afirma Eddy.O evento teve início com a palestra do meteorologista e professor de Climatologia da PUC Minas, Ruibran dos Reis, que abordou o tema “Aquecimento Global e as evidências das mudanças climáticas em Minas Gerais”. Ruibran citou dados do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), confirmando a existência dos fenômenos climáticos e atribuindo ao homem a culpa pelo aquecimento do planeta em 0,75°C. “Isso constitui um cenário catastrófico para as próximas décadas. O documento foi divulgado em fevereiro deste ano e diz que, até o fim deste século, a temperatura da Terra poderá subir de 1,8ºC - na melhor das hipóteses - até 4ºC - o que seria considerado um desastre sem precedentes, segundo alguns cientistas. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente divulgou no início de março o seu próprio relatório, dando conta de que a elevação do nível dos mares decorrente do aquecimento global poderá afetar, até o final deste século, 42 milhões de pessoas que habitam cidades na costa litorânea brasileira. Por conta do calor, casos de doenças como febre amarela, malária e dengue devem aumentar no norte, centro-oeste e sudeste brasileiro. A Amazônia deverá esquentar até 8°C, com vastas porções de floresta cedendo lugar a uma vegetação semelhante ao cerrado”, alertou. Em Minas Gerais as mudanças climáticas já começaram, conforme explicou Ruibran. Segundo ele, a temperatura média do período de inverno em Belo Horizonte aumentou cerca de dois graus Celsius nos últimos 100 anos. Ruibran explicou que o aumento da temperatura global tem reflexo nas manifestações do clima em todo o Estado, destacando como exemplo o temporal que se abateu sobre o Leste mineiro no final de 2006, que foi o mais intenso dos últimos anos, com precipitação de 75 milímetros. “Há alguns anos, as chuvas eram mais bem distribuídas durante o período chuvoso. Agora, a quantidade de água que cai na época de chuva é a mesma, porém concentrada em temporais violentos. Antigamente, tínhamos chuvas acima de 100 milímetros a cada cinco anos. Agora, é todo ano”, advertiu.AlternativasOutro participante do I Fórum Regional de Mudanças Climáticas foi o engenheiro da Superintendência de Tecnologia e Alternativas Energéticas da Cemig, Virgílio Medeiros, que falou sobre as perspectivas para uma matriz energética limpa e eficiente. Segundo Medeiros, o panorama mundial de energias renováveis corresponde somente a 16%. “No Brasil, esse número está em torno de 49%, e em Minas, em virtude dos nossos grandes recursos hídricos, estamos com mais de 50% de matriz renovável. O desafio é aproveitar essa riqueza em benefício próprio. Hoje nós temos um grande déficit de energia no Estado, que ainda depende muito do petróleo, assim como acontece em boa parte do planeta”, explicou. Na ocasião, Virgílio também falou sobre as pesquisas que a Cemig vem realizando para buscar novas alternativas energéticas, como veículos elétricos, estudos sobre o biodiesel e plantação de florestas para a geração de energia. Conforme o ambientalista Eddy Soares, do Instituto Eco-futurismo, é premente encontrar meios para se adaptar à nova realidade ambiental do planeta. “Piorar com certeza vai, porque a emissão de gases de efeito estufa não pára de crescer, e a cada ano é emitido mais dióxido de carbono na atmosfera, que permanece na atmosfera por 200 anos. Ou seja, ainda estamos sofrendo pelo que foi emitido desde a época da Revolução Industrial. Ainda não temos um estudo para solucionar o problema, por isso a importância desse ciclo de debates e palestras sobre os impactos das mudanças climáticas”, finalizou. Roberto Sôlha
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