23 de agosto, de 2007 | 00:00

Moradores pedem fiscalização

Habitantes do bairro Bromélias temem que escavação em topo de morro cause danos em área de preservação e novos soterramentos

Fotos: Wôlmer Ezequiel


Pedreira Um Valemix garante que escavação entre Cachoeira do Vale e Bromélias está licenciada e obedece critérios técnicos
TIMÓTEO – Uma escavação no alto do morro da área da Biquinha, localizada no bairro Bromélias, em Timóteo, tira o sono dos moradores. Segundo eles, a área já foi comprometida pela erosão e, depois de muita luta, houve a recuperação em um projeto desenvolvido pela Acesita, proprietária do terreno. No entanto, os vizinhos da Biquinha descobriram que, encoberta por uma mata, está em andamento uma escavação no topo da mina, de onde se extrai pedra para construção. Após a descoberta, moradores acionaram o município para exigir explicações. Na Divisão de Meio Ambiente de Timóteo, a informação é que a Pedreira Um Valemix, com sede em Cachoeira do Vale, é a responsável pela escavação. O chefe da Divisão, Edson Lúcio da Costa, afirma que o corte aleatório já vem de vários dias e a empresa já foi notificada para cessar com essa irregularidade. “Nós já havíamos notificado a empresa por causa dos cortes no local. Como isso não surtiu efeito, vamos encaminhar a denúncia para a Polícia de Meio Ambiente, para adoção de providências legais que o caso exigir”, explica Edson.  Segundo o chefe da Divisão de Meio Ambiente, a área atingida pela terra deslocada no topo do morro pertence à Acesita, mas os moradores do bairro Bromélias, de onde partiu a reclamação, usam a parte conhecida como Área da Biquinha para atividades de educação ambiental e lazer. “Sabemos que a Pedreira Um Valemix possui licença ambiental expedida pela Feam – Fundação Estadual de Meio Ambiente – mas queremos saber se a obra em andamento está em conformidade com as especificações técnicas, porque a empresa não pode, com a desculpa da licença, provocar danos ambientais”, concluiu Edson.No bairro Bromélias as opiniões estão divididas. José Adalberto de Faria e Iraci Maria Ramos Faria já tiveram a casa invadida por enxurrada antes do projeto de contenção desenvolvido na área. Em 2004, contam, tiveram prejuízos, um problema que agora parece distante. Preferem acreditar que a contenção vá evitar novos danos por enxurrada. 

Mecânico teme novo soterramento devido à movimentação de terra no alto da Biquinha
Já o mecânico Cleidson Pereira Samora, que em 2004 teve sua oficina e quatro carros soterrados por lama, considera “preocupante” a informação. “Daquele problema de três anos atrás não me recuperei até hoje. Não consegui um centavo de indenização e agora chega mais essa preocupação”, reclama.   Empresa nega irregularidadeNa Pedreira Um Valemix, em Cachoeira do Vale, o responsável pela produção, Ricardo de Molinari, informou que a empresa possui todo o licenciamento para realizar a limpeza do banco de rocha para extração. “No local, o que é feito é o seguinte: tira-se a terra na nossa divisa com caída de água para o nosso terreno. Todo o desvio de água é feito para dentro do terreno da pedreira. Trata-se de uma obra com o devido levantamento topográfico. Quanto à terra que caiu do outro lado, na área da Acesita, e que é alvo da preocupação dos moradores, já foi feita a contenção e está tudo certo”, explicou o gerente de produção. Ricardo confirma que a limpeza do banco de rocha, iniciada há 40 dias, deve durar mais 50 dias. “Sempre jogando a terra para dentro de nossa área. A divisa com a Acesita sempre foi respeitada e o desvio de água será mantido até o fim da limpeza para dentro da lavra da Pedreira Um”, insiste Ricardo. Feam contesta informação sobre licenças na ValemixNa assessoria de comunicação da Feam em Belo Horizonte, no entanto, a informação é que a Pedreira Um, de Timóteo, não possui licenciamento. Segundo a assessoria, os dados levantados junto à Superintendência Regional de Meio Ambiente em Governador Valadares mostram que o proprietário, Célio Azevedo, chegou a dar entrada na documentação, mas não concluiu o procedimento. A assessoria explica que toda empresa que desempenha atividade impactante do ambiente precisa de três licenças: prévia, de operação e de funcionamento. Alex Ferreira
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário