22 de agosto, de 2007 | 00:00
Núcleo discute saúde mental em Ipatinga
Wôlmer Ezequiel
Coordenadora da Loucos Por Você critica os serviços que se tornaram complementares a hospitais psiquiátricos
IPATINGA O filósofo francês Michel Foucault (1926-1984), ao escrever sobre a loucura, mostrou à sociedade que, para se atestar como doença mental, em muitos casos, a insanidade é consumada quando se comprova um diálogo rompido entre loucura e razão. A partir dessa constatação e com a criação dos hospícios, conforme relatado no livro A História da Loucura”, de Foucault, o homem contemporâneo deixou de se comunicar com o louco e a ciência transformou a loucura em doença.Décadas mais tarde, a situação pouco se modificou e a loucura ainda é vista como um problema que deve ser isolado do restante da sociedade. A constatação é do presidente do Núcleo de Integração de Estudos Psicossociais (Niep), Hudson Miranda de Oliveira e da coordenadora geral da Associação Loucos Por Você, Cirlene Ornelas de Godoy, durante o Café Psicológico realizado no último sábado, na Câmara Municipal. Participaram ainda do Encontro, profissionais de psicologia, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais, além de familiares e usuários da associação.Na ocasião, foram discutidos temas que contextualizam a saúde mental no trabalho, escola e nos demais ambientes sociais. É uma tentativa de diálogo para apresentar formas de buscar a inserção social dessas pessoas que vivem com sofrimento mental. A sociedade precisa saber que essas pessoas da Loucos Por Você, por exemplo, assim como as diversas outras que existem, não estão sentenciadas a viver presas em nenhuma instituição. Temos que ter a noção de que todas elas podem ter uma vida normal”, afirma Hudson de Oliveira.A discussão de temas como O doente mental e a família: medo, preconceito, abandono e desconhecimento voz, acolhimento e saídas necessárias e possíveis”, mostrou aos presentes a importância dos familiares na recuperação de pessoas com sofrimento mental. Conforme a coordenadora da Associação Loucos Por Você, Cirlene Godoy, os serviços de saúde mental existem para ajudar na recuperação e que não deve ser visto como algo complementar aos hospitais psiquiátricos (hospícios). Nas associações, o contato entre usuário e familiar é o que determina a recuperação. Somos o principal suporte aos portadores de sofrimento mental e a discussão de temas afins nesse Encontro foi de fundamental importância para um maior conhecimento da sociedade”, explica Cirlene. Em 1999, eram 200 associações em todo o Brasil e, atualmente 1.111 casas cuidam de pessoas portadoras de deficiência mental. Esse crescimento apóia a nossa luta contra o fim dos manicômios”, acrescenta.InvestimentoA Associação Loucos por Você está em busca de novas formas para atender a uma parcela maior de portadores de sofrimento mental. Fundada em 1999, a associação é uma instituição não governamental e de Utilidade Pública que funciona no bairro Cidade Nobre, e diariamente presta assistência em média a 30 usuários. Atualmente, o valor que a Prefeitura de Ipatinga repassa à entidade é de R$ 85 mil por ano, valor suficiente apenas para custeio de despesas como contas de água, luz e lanches dos pacientes.Além do repasse da PMI, a associação conta com ajuda da comunidade, mas por serem doações esporádicas não são suficientes para garantir autonomia. O telefone da Associação Loucos por Você é 3826-3662. A entidade fica localizada na rua Aleijadinho, nº 335, no Cidade Nobre. Roberto Bertozi
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