18 de agosto, de 2007 | 00:00

Preferência para jovens da região

Sindipa prepara abertura de inscrições para cursos de qualificação profissional para projeto de expansão da Usiminas

IPATINGA - Equipe técnica do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa) vai a São Paulo em busca de informações sobre o funcionamento dos consórcios que, em parceria com o governo federal, sindicatos dos metalúrgicos e Força Sindical, permitiram o funcionamento de cursos de qualificação para trabalhadores da indústria. O assunto foi tratado esta semana, durante visita do ministro do Trabalho ao Vale do Aço, Carlos Lupi. A proposta é qualificar em Ipatinga entre 6 e 8 mil pessoas, destinadas a ocupar vagas na expansão da Usiminas. O presidente do Sindipa, Luiz Carlos de Miranda, apresenta a cópia de uma carta assinada pelo presidente da Usiminas, Rinaldo Campos Soares, em que é solicitada providência neste sentido, tendo em vista a demanda estimada em 10 mil trabalhadores necessários para as empresas futuramente envolvidas na execução dos projetos que integram o plano de expansão. Na carta, o presidente da empresa fala em preocupação para recrutamento e seleção de mão-de-obra e solicita atenção do órgão sindical no sentido de preparar trabalhadores para atender a demanda, divulgar informações que permitam agilidade e segurança na contratação, bem como assistência durante e após a execução dos contratos. Inscrições em agostoO presidente do Sindipa, Luiz Carlos de Miranda, confirma que cerca de cinco mil trabalhadores já procuraram a agência do Sistema Nacional de Emprego (Sine), que funciona anexo ao Sindipa, para fazer cadastro. Luiz Carlos confirma que entre os dias 20 e 30 de agosto serão abertas inscrições para pessoas interessadas em cursos de leitura de desenho, instrumentalização industrial, informática e elétrica industrial. Na seleção para os cursos, o principal critério será que a pessoa tenha entre 18 e 29 anos. “Queremos beneficiar jovens, cujas famílias recebam até dois salários mínimos e, preferencialmente, que sejam moradores de Ipatinga, Santana do Paraíso, Coronel Fabriciano e Timóteo. Depois, vamos atender jovens de outras cidades. A nossa prioridade é atender a massa desempregada da Região Metropolitana do Vale do Aço, para evitar que venham mais pessoas e isso contribua para gerar um verdadeiro caos social a partir do ano que vem”, afirma o presidente do Sindipa.O sindicalista confirma que a primeira proposta é desenvolver o curso de leitura de desenho, para depois abrir cursos nas outras áreas com maior demanda de mão-de-obra, como solda, montagem e elétrica.   Estrutura de atendimentoAlém de já dispor de dez salas de aula, o Sindipa tem, neste momento, obras em quatro galpões para aulas práticas. Inicialmente, conta Luiz Carlos, tudo será feito por conta do sindicato, mas a expectativa é que em breve cheguem os recursos do Ministério do Trabalho e Emprego para arcar com a ampliação das atividades.Ao passar por Ipatinga esta semana, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, foi cobrado sobre a destinação de recursos e informou que a liberação de dinheiro público depende de avaliações técnicas. No entendimento de Luiz Carlos de Miranda, não haverá maiores entraves porque os projetos serão elaborados pela equipe técnica do Sindipa, com base no que já existe em São Paulo. Além disso, afirma que a carta da Usiminas, ao reivindicar providências em relação à mão-de-obra, é um documento importante na busca de recursos. “Temos a nosso favor a solicitação da empresa, o ministro Carlos Lupi, parlamentares, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, a Força Sindical, e não é possível pensar em perder a oportunidade para treinar o pessoal da região para ocupar vagas na expansão da Usiminas. O ministro já me ligou hoje (ontem), agradeceu pela recepção esta semana e garantiu o apoio necessário”.   Conforme Luiz Carlos, na medida em que as empresas vencerem as concorrências para as obras, serão chamadas para discutirem no Sindipa a contratação de mão- de-obra, condição previamente acertada com a Usiminas. Dinheiro não falta para qualificarO presidente do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), Ezequiel Nascimento, confirmou, durante passagem por Ipatinga, que este ano o Codefat tem para qualificação do trabalhador quase R$ 1 bilhão, já liberado. “Além disso, o seguro-desemprego demanda R$ 13 bilhões do FAT, o abono salarial consome R$ 5,3 bilhões ao ano e, em 2007,  o FAT emprestou aos bancos oficiais, BNDES, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, quase R$ 19,9 bilhões para aplicar na agricultura familiar, na micro, média e grande empresa, ou seja, está presente nas mais diversas formas na vida do brasileiro”, explica.Em relação às denúncias de irregularidades na aplicação do dinheiro do FAT com os cursos de qualificação profissional, Ezequiel informou que a idéia é que os contratos e convênios para repasses de recursos sejam  fiscalizados com rigor por órgãos como o Tribunal de Contas da União, Ministério do Trabalho e pela própria sociedade, no sentido de coibir irregularidades.“Já conversamos com o presidente do TCU, para que não ocorram com os recursos aplicados em um dos maiores gargalos da economia brasileira, que é a falta de qualificação de mão-de-obra, má aplicação de recursos, como foi no passado. O Ministério do Trabalho não cometerá o mesmo erro de antes”, finalizou Ezequiel Nascimento. O que é o FAT?O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) é um fundo especial, de natureza contábil-financeira, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A principal fonte de recursos do FAT é composta pelas contribuições para o Programa de Integração Social (PIS) e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP), além do produto dos encargos devidos pelos contribuintes, em decorrência da inobservância de suas obrigações, principalmente multas por infração à legislação trabalhista.Alex Ferreira