15 de agosto, de 2007 | 00:00

Problemas sociais e psicológicos

Associação Reviver reintegra ex-dependentes e profissionais de saúde explicam importância da família no processo de recuperação

Roberto Bertozi


Os graduandos e a satisfação de dever cumprido e muita responsabilidade de agora em diante
IPATINGA – No último domingo, 12, oito ex-dependentes químicos receberam certificado de conclusão do Programa de Recuperação e Ressocialização, da Associação Reviver, que trata por um período de nove meses pessoas viciadas em drogas, álcool ou tabaco. A cerimônia de graduação colocou novamente filhos, pais e amigos em contato com a família, numa data de muita comoção para todos os envolvidos.Na ocasião, o médico neurologista Lucas Magalhães proferiu palestra sobre as causas da dependência química e falou como esse mal atinge a tanta gente. “O problema do alcoolismo, aliado à falta de paciência de familiares, ocasiona situações graves, como o abandono do alcoólatra. Dessa forma fica complicada a recuperação de alguém que não consegue largar esse vício”, disse o médico, em palestra para familiares e graduandos do Programa de Recuperação.A Associação Reviver de Assistência e Reintegração Social a Toxicômanos e Alcoólatras de Ipatinga é uma entidade que prima pela prevenção, resgate, recuperação e reintegração de dependentes químicos. Esse trabalho, além do médico neurologista, conta com o trabalho voluntário da psicóloga Valquíria Monteiro da Silva. Ela ainda presta serviço assistencialista na Associação Rios de Água Viva e na Prefeitura de Ipatinga.Conforme a psicóloga social, o alcoolismo é uma doença que não tem cura, mas que pode ser controlada, a partir de trabalhos de assistência psicológica e muita vontade do dependente químico em se recuperar. “Na Associação Reviver falamos muito sobre o problema ao longo dos nove meses de encontros semanais, individuais e em grupo, sempre focados na libertação de cada um e na volta por cima. Sabemos que não é fácil, mas evitar as recaídas é algo em que sempre pautamos as nossas discussões”, revela a psicóloga.O trabalho de ressocialização na Associação Reviver é dividido em fases. A primeira delas é uma anamnese em que paciente e psicóloga conversam sobre diversos fatores a fim de se construir um quadro clínico do dependente químico que acaba de chegar para o tratamento. Os encontros individuais acontecem todas as quartas-feiras, enquanto o chamado grupão, onde se reúnem todos os recuperandos, acontece nas sextas-feiras. “Eles chegam bastante angustiados e essas conversas oferecem a chance para falarem tudo, colocar  para fora coisas até mesmo de um passado mais distante, que os tenham levado a consumir ininterruptamente o álcool ou a droga”, frisa Valquíria Monteiro.
Wôlmer Ezequiel


A psicóloga explica que a família é quem pode e deve oferecer o suporte necessário para o viciado se recuperar
CasosHá cinco anos contribuindo na recuperação e reintegração de dependentes químicos na Associação Reviver, a psicóloga explica que cada pessoa tem uma característica diferente e que o suporte familiar é fundamental para a continuação do tratamento após o período de recuperação na Associação. “A ausência da atenção familiar é algo que leva muitas pessoas a beber compulsivamente e a partir disso esquecer de todas as responsabilidades. Deixar de lado um viciado e tratá-lo com indiferença pode ser um caminho difícil de ser retomado”, pontua a psicóloga.Dificuldade está em se evitar o primeiro goleO alcoolismo, desejo incontrolável de consumir bebidas alcoólicas em quantidade prejudicial à saúde, não tem cura. Mas, conforme explicação da psicóloga Valquíria Monteiro da Silva, o tratamento existe para se evitar que o nível de dependência atinja padrões irreversíveis, como é o caso de um dos internos da Associação Reviver.“A síndrome de abstinência leva à depressão, a uma melancolia profunda e uma rejeição dos dependentes com eles próprios. A recaída moral em alguns casos é pior até mesmo que a dependência química”, esclarece.Uma vez recuperados, como é o caso dos oito formandos que receberam graduação no último domingo, torna-se fundamental a participação dos familiares e amigos, a fim de que não haja a tentação do primeiro gole. “Em momentos de euforia pode haver uma recaída e compulsão que derruba todos os meses que o dependente químico ficou em tratamento”, revela. Ela ainda lembra que, em algumas situações, a família não tem o suporte necessário para receber o ex-dependente após a recuperação. Por isso, paralelamente ao trabalho com os internos, é oferecido um suporte à família, como forma até de preparar as pessoas que vão receber esse novo cidadão. Ela ainda destaca a falta de interesse governamental em oferecer assistência a viciados em drogas, álcool ou qualquer tipo de dependência, uma vez que, segundo a psicóloga, muito mais pessoas poderiam se recuperar caso houvesse mais investimentos.Roberto Bertozi
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