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14 de agosto, de 2007 | 00:00

Sindipa busca turno de 6 horas

Mudança de horário de turno na Usiminas ainda está sem consenso

Alex Ferreira


Luiz Carlos: mudança no turno da Usiminas provoca reflexos que vão além dos trabalhadores metalúrgicos
IPATINGA – Após 30 dias de expectativas, continua sem consenso a negociação sobre a mudança no horário de turno da Usiminas. No próximo dia 30, vence o atual acordo para o funcionamento do turno de 12 horas na Usiminas e, no dia 30 de setembro, expira o prazo nas empreiteiras prestadoras de serviços na siderúrgica em Ipatinga. Até lá, representantes dos dois lados devem chegar a um acordo sobre o modelo a ser adotado pela empresa e que atinge diretamente a vida de aproximadamente 15 mil empregados no setor. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga, Luiz Carlos Miranda, confirma que na ultima reunião com a direção da Usiminas, sexta-feira passada, era esperada a apresentação de uma contraproposta à reivindicação dos trabalhadores e do sindicato, que é a mudança, a partir de primeiro de setembro, para o horário de turno ininterrupto, o turno de seis horas, conforme previsto na Constituição Brasileira. Conforme Luiz Carlos, não houve avanços até agora e ficou marcada a data de 22 de agosto, para apresentação dessa contraproposta.No entendimento do sindicalista, a mudança no turno de trabalho na Usiminas vai além dos interesses dos empregados. A alteração, no entendimento de Luiz Carlos, mexe com toda a cidade e região, em relação ao horário de ônibus, horário hospitalar, de escola, comércio, prestação de serviços, enfim, todos os setores. “O sindicato tem uma visão que a lei assegura turno de 6 horas e que isso vai ser bom para a saúde do trabalhador e sua família”, pontua o sindicalista.A implantação do turno de seis horas, no entanto, informa Luiz Carlos, demandaria a contratação de mais uma turma com cerca de 600 funcionários. “Para surpresa do sindicato, a comissão de negociação da Usiminas, representada pelo superintendente, Marcos Rogério, colocou duas posições: primeiro, que a Usiminas não criaria a quinta turma. Então, já foi uma medida que não entendemos como legal. Segundo: a Usiminas deseja definitivamente acabar com o turno de 12 horas, e nesse ponto há uma sintonia com o desejo do sindicato. E sabemos que há muitos companheiros que preferem a manutenção desse regime, por causa das folgas, mas sem observar o desgaste e a ausência diante da família que ele horário provoca”, explica. A expectativa dos representantes dos metalúrgicos de Ipatinga é que, no próximo dia 22, quando acontece nova reunião com a comissão de negociação da Usiminas, seja oficializada a contraproposta da empresa. “O sindicato continua dentro de sua linha de reivindicação, para a implantação do turno de 6 horas, com 36 horas semanais. O sindicato insiste nisso, observando que a Usiminas tem uma visão social na prática”, afirma.  No entendimento do sindicalista, os comerciantes e empresários de Ipatinga e região, em todos os ramos de atividades deveriam se preocupar com os efeitos dessa mudança o que, no seu entendimento, não aconteceu até agora. “Tem alguém pensando só em ganhar dinheiro. É preciso se preocupar com a vida da comunidade, também. O sindicato tem divulgado essa situação na imprensa e alertamos sobre o que aconteceu na Acesita, onde houve uma mudança radical com a instalação do turno fixo e com prejuízos para toda a comunidade. Então, vemos que esse é um momento importante, que demanda mobilização”, afirma Luiz Carlos.Porque vai mudarTodo horário de trabalho tem vigência de dois anos, segundo previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Segundo o presidente do Sindipa, Luiz Carlos de Miranda, desde 2002 esse modelo de 12 horas está implantado na Usiminas. A siderúrgica ipatinguense, diz o sindicalista, foi a última empresa no Brasil a acabar com a semana francesa, que funcionava com cinco turmas. “Tinha horário decente de trabalho, folga decente e o trabalhador tinha mais oportunidade para procurar uma escola ou lazer com a família e amigos”, lembra Luiz Carlos. O presidente do Sindipa explica que, a partir da mudança no setor, em função de mercado, concorrência e a nova configuração dos grupos da siderurgia brasileira, a maioria das empresas, entre elas a Usiminas, mudou para o turno de 12 horas. O acordo era renovado de dois em dois anos, conforme prevê a CLT. “No ano passado, só renovamos por um ano, por entendermos que teríamos 12 meses para pensar um horário melhor para o trabalhador e esse momento chegou agora. Por meio de assembléia, decidimos que o horário mais apropriado é o de seis horas, conforme prevê a Constituição Federal. Ipatinga tem a cultura da negociação e do entendimento. Assim, acredito que a Usiminas em momento nenhum vai radicalizar”, afirmou Luiz Carlos.Empresa nega atrasoA Usiminas informou na tarde de ontem, por meio da Assessoria de Imprensa, que na sexta-feira, dia 10, cerca de três semanas após ter recebido a pauta com reivindicações do Sindicato dos Metalúrgicos de Ipatinga (Sindipa), foi realizada a primeira reunião oficial entre representantes da entidade e da direção da Usiminas, para analisar propostas com vistas à celebração de acordo para a jornada de turnos ininterruptos de revezamento dos trabalhadores da siderúrgica. Na ocasião, diz a nota, as partes reafirmaram compromisso de buscarem, via negociações, o caminho do entendimento.Ministro do Trabalho em IpatingaEstá prevista para quinta-feira, 16, a vinda a Ipatinga do ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, para discussão da portaria número 17, da Secretaria de Inspeção do Trabalho. Baixada há 14 dias, a portaria prevê que holdings como a Usiminas assumam responsabilidade sobre os trabalhadores das empresas terceirizadas a serem contratadas durante o período de expansão, previsto para começar em 2008. “Conseguimos que o ministro assinasse a portaria em que a Usiminas assume total responsabilidade sobre saúde e medicina ocupacional dos empregados das terceirizadas. O ministro vem para o debate público, no Sindipa, às 13h30. Ele vem falar sobre a importância disso, o avanço que isso representa e também para falar sobre qualificação profissional”, informa Luiz Carlos.Segundo o presidente do Sindipa, no momento em que a Usiminas prevê a contratação de milhares de pessoas, é preciso desenvolver um processo de qualificação profissional, pois há um contingente estimado em 25 mil desempregados e sem qualificação na cidade. O sindicalista afirma que a chegada de mais trabalhadores em busca de emprego, mas sem qualificação e sem saber onde ficar com suas famílias, só poderá provocar o agravamento dos problemas sociais.“Quem mora na cidade e tem preocupação com Ipatinga, precisa ter uma visão mais ampla dessa situação. Devemos tentar preparar e qualificar quem está aqui desempregado, para evitar que, ao invés de um oásis de desenvolvimento, vire uma ‘Serra Pelada III’, com milhares de pessoas amontoadas sem qualquer infra-estrutura”, finaliza o sindicalista.Alex Ferreira
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