27 de julho, de 2007 | 00:00

Saúde do trabalhador em tempo de globalização

Alex Ferreira


Handar: novo momento produtivo trouxe novas doenças
IPATINGA - Uma das últimas palestras do Seminário de Siderurgia em Ipatinga, promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, foi feita pelo consultor da Organização Internacional do Trabalho (OIT), o médico do Trabalho Zuher Handar. Segundo o consultor, é preciso mostrar que o processo de desenvolvimento, a produção e a evolução que vieram com os processos globalizantes, também implicaram em reflexos para a saúde das pessoas. “Houve inovação tecnológica, mas na mesma proporção trouxe novos riscos, novos problemas e novas doenças para esses trabalhadores. O enfrentamento tem ocorrido, mas os trabalhadores hoje vivem a preocupação com acidentes e doenças do trabalho e, entre elas, os transtornos mentais, que vêm justamente pelo ritmo, intensidade e quantidade de coisas com que eles têm que se preocupar dentro do local de trabalho”, explica o médico. Além do que é novo, Handar afirma que também cresce em todos os setores a questão do assédio moral. Para o médico, é um agravante a mais sobre as doenças clássicas dentro do local de trabalho. A saída, aponta o médico, é as empresas se preocuparem cada vez mais em investir em segurança e saúde dos seus empregados. Handar defende a proposta de ampliação dos orçamentos, com aumento do percentual de recursos destinados às melhorias das condições do ambiente de trabalho. Handar lembra que a própria convenção da OIT, aprovada ano passado, estabelece que as empresas invistam cada vez em segurança e saúde e estabeleçam políticas próprias para o setor.Doenças profissionaisPara o médico Zuher Handar, as empresas têm que se preocupar mais com a perda de mão- de-obra qualificada causada pelas doenças do trabalho. Conforme o consultor da OIT, no plano mundial 4% das riquezas se perde com acidentes e doenças profissionais. “No Brasil, em torno de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), que representa a soma das riquezas produzidas no país, são perdidos para atender acidentes e doenças de trabalho, com benefícios da previdência, afastamento do trabalho, com treinamento de trabalhadores, perda da produção e outros fatores”, reforça o médico. Em relação à polêmica que envolve a Previdência Social, onde pacientes e médicos peritos do INSS não se entendem, o médico consultor da OIT, Zuher Handar, vê que cada uma das partes tem o seu papel, mas ele deve ser transparente. “Os sindicatos têm o direito de cobrar e devem saber instalar o controle social nessa questão. Acredito que hoje, com a evolução do nexo técnico epidemiológico (NTE), que usa a epidemiologia para tentar caracterizar as doenças que acometem os trabalhadores, vai facilitar um pouco o reconhecimento de doenças que antes não eram vistas como típicas do trabalho. As mudanças previstas no NTE já estão valendo e os sindicatos devem estar atentos para fazer valer esse direito”, conclui Zuher Handar.
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