CADERNO IPATINGA 2024

10 de janeiro, de 2016 | 10:49

Roubos já causam mais indignação que assassinatos, afirma coronel da PM

Ministério Público aponta apuração mais célere de casos de crimes contra a vida na Comarca de Ipatinga


IPATINGA - O comandante da 12ª Região da Polícia Militar, coronel Edvanio Carneiro, avalia que a série histórica sobre os crimes violentos contra a vida mostra que, em 2015, houve menos homicídios em relação há três anos.

Em 2016, a meta é reduzir ainda mais os índices, afirma o oficial. Ele ressalta que, a partir de 2014, com a existência em Ipatinga do Centro Socioeducativo para internação de menores de 18 anos, caiu o número de adolescentes, tanto como autores quanto vítimas de crimes violentos. No relatório Diário do Aço de assassinatos do ano passado, sete vítimas tinham menos de 18 anos. Em 2014, foram quatro, mas há três anos foram nove.

O comandante da 12ª RPM enfatiza que, mais uma vez, o envolvimento com drogas ilícitas (uso ou tráfico) permanece como fator comum em muitos dos crimes violentos contra a vida. O oficial lembra, entretanto, que o fator aparece em crimes de outra natureza, na região, como os roubos e furtos.

Também chama a atenção a predominância de vítimas com passagens pela polícia, inclusive pelo sistema prisional. Para o oficial, são pessoas que entraram no mundo do crime e não saíram mesmo após a internação, no caso dos menores de 18 anos, ou da prisão, no caso dos maiores.

Edvanio Carneiro explica, entretanto, que os crimes contra o patrimônio são alvo de grande preocupação no plano de segurança pública e causam mais indignação, até mesmo, que os crimes de homicídio na sociedade atual.

“O que é muito ruim, pois uma vida não pode valer menos que qualquer bem material. Há uma flagrante inversão de valores. É o que percebemos, quando vemos pessoas comemorando a morte de alguém", destaca o comandante.

Já, os roubos, têm crescido assustadoramente, com autores de 21 anos para baixo, observa o coronel da PM.

"São pessoas que chegaram a um momento da vida em que estão estimuladas ao consumo, mas não estudaram, não têm formação profissional, não têm trabalho e, portanto, não têm renda, e vão roubar. Quanto aos que saem do sistema prisional, eles enfrentam grande resistência para encontrar um trabalho. As pessoas não querem dar emprego para um ex-preso”, detalha.

Indispensável

Diferentemente das críticas contra o alto índice de encarceramento no Brasil, o coronel Edvanio Carneiro afirma que é preciso avaliar o que seria do país se os criminosos não fossem presos e alerta que outras questões seriam importantes na discussão.

“Será que é possível reeducar dentro da concepção da legislação que temos no Brasil, em que o preso só trabalha se quiser (a Constituição proíbe a pena de trabalhos forçados), e em que não há prisão perpétua para crimes mais graves?”, indaga o oficial.

Edvanio também defende a revisão de benefícios assegurados na legislação penal. O coronel observa que muitos presos têm entrado e saído muito rapidamente da prisão e reiterado o comportamento criminoso, voltando ao cárcere. “Aos que cometem crimes graves, não resta outra defesa senão o encarceramento como forma de proteger as pessoas de bem”, concluiu.

Crimes têm sido apurados cada vez mais rápido, aponta MP 
Alex Ferreira


Bruno Giardini


O Promotor de Justiça Criminal em Ipatinga, Bruno Cesar Medeiros Giardini avalia que, apesar de ter aumentado o número de homicídios consumados em Ipatinga, há um avanço na repressão de crimes contra a vida, uma vez que os números gerais, que incluem os homicídios consumados e tentados em Ipatinga, caíram de 137 casos, em 2014, para 116 em 2015.

O representante do MP também cita que foi concluído um número maior de inquéritos e em tempo mais célere. Dos 47 assassinatos de Ipatinga em 2015, um total de 16 já está apurado. Em Santana do Paraíso, estão apurados 8 dos 13 crimes contra a vida.

“Em médio prazo, acredito que uma apuração mais ágil vá implicar na redução geral do número de crimes violentos contra a vida, pois elimina a sensação de injustiça ou impunidade. As pessoas precisam saber que, se matarem, vão ser investigadas, processadas e sentenciadas. Chamo a atenção, também, para a importância de a população ajudar com denúncias e informações que permitam o esclarecimento dos crimes”, destacou.

O promotor enfatiza a importância dos julgamentos no Tribunal do Júri, que são abertos ao público. O Júri Popular é o momento em que os acusados de crimes contra a vida são levados a julgamento e todos da comunidade podem acompanhar as sessões. Em 2015, foram realizados cerca de 100 julgamentos, entre os quais, casos do ano corrente.

“E já abrimos 2016 com agendamento de quatro casos ocorridos em 2015 que já irão ao banco dos réus”, concluiu.

Por fim, o promotor alerta que homicídios antigos, ainda sem apuração, estão no alvo do Sistema de Defesa Social para 2016, que já definiu ações para ampliar a atuação no esclarecimento de crimes.

Bom Jardim lidera índice de assassinatos em Ipatinga

Entre as três maiores cidades da Região Metropolitana do Vale do Aço, a incidência de crimes se repete em 2015 em relação a alguns bairros que já figuravam ano passado como os mais violentos, conforme o banco de dados do Diário do Aço sobre os crimes contra a vida.
A distribuição dos 47 assassinatos em Ipatinga ocorre por 21 bairros.

O Bom Jardim, pelo segundo ano consecutivo, aparece com o maior número de assassinatos, com nove ocorrências. Depois, aparecem empatados, com quatro cada um, os bairros Esperança, Bethânia e Canaã.

O Bom Retiro, Centro, Iguaçu e Jardim Panorama têm três cada um. Vila Celeste, Ideal e Residencial Ayrton Senna somam dois cada um. Os demais, com um homicídio cada são o Veneza II, Parque das Águas, Tribuna, Cidade Nobre, Limoeiro, Caravelas, Chácaras Madalena, Chácaras Oliveira e distrito de Barra Alegre. 

Santa Cruz volta a aparecer como o mais violento em Cel. Fabriciano

Em Coronel Fabriciano, o bairro Santa Cruz aparece com seis assassinatos. Também em 2014 o bairro liderou o índice de homicídios, com seis ocorrências. O Sylvio Pereira II vem em segundo com cinco, empatado com o Aparecida do Norte.

O Manoel Domingos teve quatro assassinatos e o Manoel Maia, 3 (todos na chamada Prainha).

Córrego Alto, Sylvio Pereira I, Recanto Verde e a área rural de Horto Baratinha, às margens da BR-381 tiveram dois assassinatos cada.

Timóteo

Em Timóteo, dos 20 assassinatos, cinco casos ocorreram no bairro Macuco. Outros quatro foram no bairro Alvorada, três foram no Recanto Verde, dois no Novo Tempo, dois no Santa Terezinha  e os demais nos bairros Primavera, Limoeiro, Bromélias, Bela Vista e Centro-Sul.

CURTA: DA no Facebook

SIGA: Twitter: @diarioaco



ADICIONE:  G+


WhatsApp Diário do Aço 31-8591 5916 (Envie fotos, vídeos, denúncias e sugestão de notícias)


 


 
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário