19 de janeiro, de 2015 | 22:20

Moradores da Vila Gomes pedem justiça

Acusado de provocar tragédia na noite de 16 de janeiro já havia se envolvido em outra acidente fatal na mesma estrada


BELO ORIENTE – A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar  responsabilidades no trágico acidente rodoviário que matou seis pessoas e deixou outras seis feridas na Vila Gomes, bairro localizado a dois quilômetros da sede em Belo Oriente. O delegado responsável pelo caso, Thiago Alves Henriques, informou que o advogado de Newton Paiva da Silva, de 55 anos, fez contato, ontem, com a Polícia Civil, manifestando interesse de o suspeito em se entregar.

Temendo pela vida, o condutor queria se apresentar em Ipatinga e não na delegacia de Belo Oriente. Até o começo da noite, havia expectativa de sua apresentação. Como não se apresentou, foi decretada sua prisão preventiva. Veja: Decretada prisão de motorista do Fusion.

No entanto, o delegado anunciou que ouviria Newton Paiva somente depois de colher os depoimentos de moradores da Vila Gomes, o que começou a fazer nessa segunda-feira. O delegado afirma que vai esclarecer, primeiro, como aconteceram os fatos, para depois saber a versão do motorista. 

No dia 26 de agosto de 2013, Newton Paiva foi envolvido em outro acidente com vítima na mesma MG-758. Conforme relatório da Polícia Militar Rodoviária, por volta das 14h, José Eduardo Teixeira, de 60 anos, residente em Belo Oriente, trafegava em uma motocicleta Honda Bros e tentou fazer uma ultrapassagem a uma carreta e a uma VW Saveiro, conduzida por Newton Paiva.

Como surgiu um carro em direção contrária, o motociclista tentou voltar para a pista e atingiu a traseira da Saveiro, caiu no asfalto, não resistiu aos ferimentos e morreu. Na época, Newton foi detido e levado à Delegacia da PC em Açucena.  Veja a notícia de 2013: Semana começa com acidente na LMG-758.  
Wellington Fred + Reprodução


newton paiva


Sepultamento coletivo no domingo

Um clima de comoção e revolta tomou conta da população de Belo Oriente, na manhã de domingo, quando houve o sepultamento coletivo dos seis moradores da Vila Gomes, vitimados pelo acidente no km 63 da MG-758. Em protesto à insegurança no trecho rodoviário, populares fecharam a MG-758 por cerca de uma hora no local do acidente. Não estão descartadas outras manifestações na estrada ao longo desta semana e existe ainda a possibilidade do fechamento da BR-381, em Perpétuo Socorro.

O acidente ocorreu na noite de sexta-feira (16), na estrada que liga Belo Oriente a Açucena. Segundo testemunhas, Newton Paiva conduzia o Ford Fusion placas OXA-1959, em alta velocidade, perdeu o controle da direção e atropelou um grupo de pessoas que estava no acostamento da rodovia. Ele saiu do local sem socorrer as vítimas atropeladas e as pessoas que estavam no seu carro.

Morreram na hora, Eni Aparecida de Assis, de 46 anos; Maria Gomes Roque, de 67 anos; Irani Simões Bittencourt, de 39 anos; Ana Letícia Simões Ferreira, de 16 anos; Ronaldo Ferreira, de 33 anos; e Maria Piedade Assis, de 65 anos.
As demais vítimas - Maria das Graças  Paranha, 48 anos; Brenno Coelho Barbosa, 12 anos; João Moreira de Souza, 57 anos; e Marcos Renan de Assunção, 11 anos - estavam no veículo, tiveram ferimentos leves e foram liberadas.

A pedestre Taynara Aparecida Andrade, de 18 anos, também teve ferimentos leves, foi atendida e liberada. O também pedestre Jordy Vinick Andrade, de 16 anos, permanecia internado no Hospital Márcio Cunha, com quadro de saúde considerado grave. No fim da tarde dessa segunda-feira, a assessoria do hospital informou que o paciente começou a reagir e os médicos estão esperançosos com sua melhora.

Moradores já faziam protestos por mais segurança

Reprodução


fogo rodovia mg-758


Quando pararam a MG-758 no domingo, populares foram alertados que existe uma ordem judicial que proíbe bloqueios na estrada. A Justiça da Comarca de Açucena decidiu, em 2013, que os constantes protestos eram ilícitos e, hoje, qualquer pessoa que fechar a pista pode ser presa.

Um dos moradores, Wellington, afirmou ao DIÁRIO DO AÇO que a população da Vila Gomes sempre cobrou melhorias na segurança do trecho, mas as reivindicações nunca foram ouvidas. “Quando ocorre manifestação vem polícia e prefeitura, mas quando ocorre um acidente desses, não aparece ninguém. Aí a polícia diz que vai prender a gente, mas tem que prender o autor do acidente. Já disseram que é a Cenibra a responsável. Já a Cenibra fala que é proibido ter quebra-molas e radares na pista, mas matar gente pode”, desabafou.

Segundo o morador, veículos da empresa fabricante de celulose, que fazem o transporte de madeira, além de trafegarem pelo trecho em alta velocidade, também contribuem para os estragos no asfalto.  
Wellington Fred


sepultamento vítimas belo oriente


Cenibra responde sobre críticas

Em nota, a Cenibra respondeu que a gestão da MG-758 não é de sua responsabilidade , mas sim do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Minas Gerais - DER-MG. Segundo a empresa, ela é apenas mais um dos diversos usuários da rodovia, entre moradores e outras empresas.

A respeito dos caminhões que transportam madeira para a Cenibra, além dos veículos possuírem equipamentos que servem de apoio aos motoristas na condução, a Empresa possui uma Rede de Monitoramento de Transporte (RMT). A RMT é uma central de informações constituída por um grupo de voluntários convidados pela Cenibra podendo ser funcionários da própria Empresa ou representantes da comunidade que residem nos municípios vizinhos, que auxiliam no monitoramento do tráfego de caminhões de madeira.

A iniciativa busca garantir um transporte seguro nas estradas, dentro dos padrões de qualidade exigidos pela Empresa. A RMT tem como objetivo monitorar a dirigibilidade do motorista, contribuindo para um melhor desempenho da frota de caminhões e garantindo mais segurança nas estradas, além de reforçar o compromisso da Cenibra com a qualidade dos serviços prestados, sempre buscando a melhoria contínua nos processos e o reconhecimento dos serviços prestados pelos colaboradores das Operadoras de Logística.

Todos os caminhões possuem uma identificação numérica na parte traseira, com letras refletivas, possibilitando a visualização noturna. Deste modo, caso haja alguma infração, basta ligar para o número 0800 283 3829 e fazer a notificação.

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JÁ PUBLICADO:

Rodovia fechada em protesto - 18/01/2015

Comoção e revolta - 18/01/2015

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