
05 de dezembro, de 2013 | 00:05
Faculdades de medicina apresentam explicações
Mãe de estudante que compraria vaga por R$ 30 mil foi flagrada na porta de banco no Centro de Ipatinga
O Ministério da Educação deverá fiscalizar todos os cursos de medicina das instituições envolvidas na Operação Hemóstase, desencadeada pelas Polícias Civis de Minas Gerais e Rio de Janeiro, para desmontar uma quadrilha especializada em comercializar vagas nos cursos de medicina em onze escolas. Ontem, a maioria das instituições se pronunciou sobre o caso e todas se isentaram de responsabilidades.Na operação, cuja base foi em Caratinga, onde surgiram as primeiras denúncias da ocorrência deste tipo de crime, foram presas onze pessoas. Entre elas, um fisioterapeuta e estudante de medicina, de 39 anos, foi preso acusado de intermediar a negociação com os interessados em comprar vagas.
O curioso é que, há exatamente cinco meses o mesmo investigado foi preso em flagrante por exercício ilegal da profissão de médico. Embora fosse apenas um estudante do Centro Universitário de Caratinga (Unec), ele já atuava como médico em plantões nas cidades de Tombos, Carangola e Espera Feliz, na Zona da Mata, revezando-se com outro estudante que praticava o mesmo golpe.
Depois das prisões da terça-feira, ontem foi o dia em que as instituições de ensino citadas procuraram se explicar. A PUC Minas divulgou nota assegurando que não tem nenhuma informação oficial sobre o assunto” e que seu vestibular é feito com condições máximas de segurança e lisura”.
A Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais anunciou que a instituição vai se pronunciar quando formos informados oficialmente”.
Na Faculdade de Minas (Faminas-BH), a posição é de não acreditar no envolvimento de empregados da instituição na venda direta de vagas. A Faminas terceiriza o vestibular. Na Faculdade de Medicina de Barbacena a direção também disse não acreditar na participação de funcionários no esquema descoberto pela polícia, já que o vestibular da instituição é feito pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), da UFMG, há três anos.
Caratinga
A Unec divulgou nota em que afirma, entre outras coisas, o seguinte: Trata-se de uma investigação antiga, de nosso conhecimento, sobre a atuação de uma verdadeira quadrilha que tenta fraudar vestibulares nas mais diversas instituições. No que tange ao Centro Universitário de Caratinga, vimos esclarecer que há muito, temos nos colocado como os principais interessados em apurar os fatos, colaborando diuturnamente com as Polícias Civil e Federal na busca de identificar os responsáveis pelas fraudes, que usam artifícios tecnológicos para atingir seus objetivos”.
Ipatinga
Já a Univaço, de Ipatinga, publicou nota em que parabeniza a Polícia Civil pela ação, garante que seu processo seletivo passa por procedimentos rigorosos de segurança e que a instituição tem interesse na elucidação dos fatos. A ação exemplar da autoridade policial cria a esperança de que o tempo da impunidade ficará no passado”, afirma.
Entre tantos casos investigados, foi justamente em Ipatinga que houve um flagrante. Em um dos vídeos gravados pelos investigadores, foi registrado o momento em que a mãe de uma estudante entrega R$ 30 mil, em dinheiro, para um membro da quadrilha. O dinheiro foi sacado na agência do Banco Santander, no Centro, e entregue ao agenciador na porta de um supermercado situado ao lado do banco.
Em conversa telefônica gravada pela PC, outra jovem de Ipatinga reclama que seu nome não está na lista de aprovados. Indignada, ela se queixa dizendo que já havia celebrado a aprovação com vários amigos com um boi no rolete. Os envolvidos responderão por crimes como associação criminosa, fraude de certames de interesse público, estelionato, falsificação de documentos públicos e de documentos particulares, falsidade ideológica, falsa identidade e lavagem de dinheiro.
As investigações apontaram que a organização criminosa auxiliava o candidato a ingressar ilicitamente no curso de Medicina, cobrando pelo serviço” valores que variavam entre R$ 30.000 e R$ 140.000, a depender da modalidade de fraude utilizada. O método podia ser aplicado por meio de telefone celular, ponto eletrônico, vaga direta, terceiros que faziam a prova no lugar do candidato ou pela falsificação de históricos escolares.
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