24 de abril, de 2013 | 00:05
Força-tarefa prende mais um policial
Investigador foi detido por meio de mandado de prisão temporária
IPATINGA Mais uma pessoa foi presa pela força-tarefa da Polícia Civil que investiga execuções supostamente feitas por policiais no Vale do Aço, crimes cuja impunidade era denunciada pelo repórter Rodrigo Neto, 38 anos, morto a tiros na madrugada de 8 de março. Ontem, foi preso o investigador policial Leonardo Silva Correia, lotado na 1ª Delegacia Regional de PC em Ipatinga. A detenção decorreu de um mandado de prisão temporária expedido por um juiz da Comarca de Caratinga.
A força-tarefa atua em Ipatinga desde 15 de abril, um dia depois que o fotógrafo Walgney Carvalho, 43 anos, foi executado. A polícia investiga a ligação entre a morte dele e a do repórter Rodrigo Neto.
Na sexta-feira, 19, a Comarca de Caratinga expediu um mandado de prisão para o investigador José Cassiano Guarda. O motivo, conforme apurado junto à PC, é o possível envolvimento de Cassiano e Leonardo com o crime que ficou conhecido como a Chacina de Revés do Belém, distrito de Bom Jesus do Galho, onde, em outubro de 2011, foram encontrados os corpos de Nilson Nascimento Campos, de 17 anos; Eduardo Dias Gomes, de 16; John Enison da Silva; e Felipe Andrade, de 15.
Os adolescentes foram detidos um dia antes de terem desaparecido por portar pequenas quantidades de crack e maconha. Eles já tinham várias passagens por crimes praticados entre os bairros Caravelas e Centro. Mais uma vez foram liberados na 1ª DRPC, e, na saída, jogaram pedras numa viatura. Como reação, podem ter sido executados por policiais inconformados com o comportamento do quarteto.
Caso Natanael
Já o outro preso, o médico-legista José Rafael Miranda Americano, pode estar envolvido no caso Natanael. O jornal O Tempo citou fontes indicando que o médico pode ter forjado laudo usado para comprovar uma alegada tortura que o soldador Natanael Alves de Abreu, 25, teria sofrido de militares em março de 2012.
Na época, o soldador afirmou que militares o torturaram sexualmente com um cassetete e depois jogaram spray de pimenta em suas partes íntimas e olhos. Logo depois, Natanael negou a tortura e disse que foi abordado por militares em uma ocorrência de tráfico de drogas, sendo depois obrigado por civis a contar que fora vítima de tortura. Um novo laudo médico, pedido pela PM, indicou que ferimentos constatados em Natanael eram decorrentes de um problema antigo de saúde. Esse depoimento gerou uma crise na PC no Vale do Aço e culminou com a saída do delegado João Xingó de Oliveira e de outros delegados. Natanael foi executado a tiros no dia 28 de outubro.
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