07 de abril, de 2013 | 00:04
Golpe quase perfeito
PC acredita que desvendou ação engenhosa de estelionatário ao flagrar fraude em venda de um imóvel de R$ 200 mil
IPATINGA A polícia investiga a atuação de um homem que diz se chamar Flávio Augusto. Chegar à verdadeira identidade dele já deu trabalho para a polícia, porque os nomes eram variados. Pode ser que ele seja, mesmo, Otávio dos Santos Oliveira, 28 anos. O estelionatário falsificava documentos, procurações e apresentava-se como vendedor de imóveis. Convencia o cliente a pagar e sumia com o dinheiro. Como a papelada da transação imobiliária era toda falsa, o comprador não conseguia passar o imóvel adquirido para o seu nome.
Na quinta-feira, 4, após uma campana coordenada pelo delegado da PC, Rodrigo Manhães, o suposto Flávio foi detido tentando aplicar o engenhoso golpe que envolvia a venda de um imóvel em Ipatinga, avaliado em R$ 200 mil. O delegado explicou que a polícia teve acesso a alguns casos semelhantes no passado e, na semana passada, recebeu uma denúncia indicando a possibilidade de uma nova ocorrência.
O trâmite processual do golpista, explica o delegado, começava quando descobria alguém que queria vender um imóvel. A partir deste momento ele conseguia falsificar os documentos do proprietário ia ao cartório e fazia uma procuração em que supostamente o proprietário dava a ele autorização para fazer a transação imobiliária.
Rodrigo Manhães também informou que o homem nunca usa o seu nome verdadeiro. Após identificar quem tem interesse em comprar o imóvel, o golpista iniciava a negociação. Quando entregava a documentação, a vítima sentia confiança e fazia o pagamento combinado pelo bem. Neste momento, analisa o delegado, o golpe é concluído. O golpista então some e, quando a vítima vai ao cartório para fins de transferência, descobre que foi vítima de um golpe. Toda a documentação é falsa e não consegue a propriedade do bem que comprou nem o dinheiro de volta, pois o estelionatário também usa nome falso”, detalhou o delegado.
À polícia, o suposto Flávio disse ser esta a primeira vez que aplicava o golpe em Ipatinga. Mas o inquérito terá continuidade para que, a partir dos levantamentos, saber se há outras vítimas no Vale do Aço e outras informações. "A partir daí poderemos estabelecer se ele atua sozinho, se aplicou outros golpes, onde e quando e quantas vítimas já fez", enfatizou.
Inicialmente, o suposto Flávio vai responder por estelionato, porque chegou a receber o dinheiro da vítima quinta-feira em Ipatinga; uso de documento falso, porque quando abordado, apresentou a equipe policial uma CNH falsa e, no caso das procurações, falsificação de documentos.
Flávio Augusto recusou-se a falar com a reportagem do DIÁRIO DO AÇO. Chorando muito, ele apenas balançava a cabeça diante das perguntas sobre seu suposto envolvimento com o golpe da venda de imóveis.
Dicas
Para o delegado Rodrigo Manhães, ao negociar um imóvel o mais importante é saber se a pessoa que está vendendo é uma pessoa real e se o procurador deste proprietário está de fato autorizado a representá-lo. Entretanto, verificar toda a documentação do imóvel no cartório é a primeira diligência que uma pessoa precisa fazer antes de efetuar qualquer pagamento.
Vítima
Vitor Duarte por pouco não caiu no golpe. Ele relatou que o homem apareceu em sua casa, fazendo-se passar por comprador do imóvel que queria vender. Pediu para ver os documentos do imóvel, negociaram valores, mas saiu da casa e ficou de fazer contato. Porém, quatro dias depois apareceu outro comprador. O interessado estranhou o valor informado pelo dono do imóvel e aí o golpe começou a vir à tona. O golpista tinha informado ao comprador que se chamava Vitor, nome verdadeiro do proprietário. "Aí eu disse a ele que o Vitor sou eu e não o rapaz que lhe ofereceu o imóvel”, explicou.
Pelas características informadas Vitor concluiu que era o comprador que dias antes tinha ido à sua casa e pedido para ver os documentos. Fiquei muito preocupado com essa situação. Foi um susto saber que alguém usava meu nome para aplicar o golpe", concluiu.
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