09 de maio, de 2012 | 00:05

PC conclui inquérito sobre morte no bairro Novo Tempo

Em festa regada a drogas, suspeitos filmaram o planejamento da execução de funcionário da delegacia da PC em Timóteo

Reprodução


André Lúcio vítima de homicídio

TIMÓTEO – A Polícia Civil acredita já ter concluído as apurações das circunstâncias em que um funcionário da Delegacia de PC em Timóteo, André Lúcio Soares, foi morto em 22 de março de 2012, na rua Via Láctea, no bairro Novo Tempo.
Em um relatório conclusivo sobre a apuração do crime, investigou a participação de sete pessoas no homicídio. O único autuado, entretanto, é Lucas Avelino Pereira, acusado de ter executado o crime. Outros seis rapazes suspeitos de envolvimento indireto no crime tiveram a prisão preventiva pedida pela polícia. O inquérito foi remetido ao Ministério Público, que ofereceu denúncia ao Judiciário. 
A vítima André Lúcio Soares prestava serviços administrativos na Delegacia de Polícia Civil em Timóteo, mas era funcionário público municipal cedido à delegacia local. A conclusão da PC é que André, por residir em um bairro com alto índice de crimes e trabalhar para a polícia, era visto como “X9”, apelido dado às pessoas que delatam criminosos, “fato que não ocorria”, destaca o relatório.
Na noite do crime, segundo o documento da PC, ficou apurado que houve uma festa restrita na casa de um dos suspeitos, com participação de diversos rapazes. Nessa festa, segundo a PC, os participantes fomentaram a ideia de acabar com a vida de André Lúcio Soares. Um dos participantes emprestou a arma de fogo a Lucas Avelino. A arma era oferecida como prêmio para quem matasse o servidor público.
Naquela noite apareceu quem levasse a ideia a cabo. A festa ainda transcorria quando André chegou de carro à sua casa, estacionou na porta e foi chamado do outro lado da rua. Ao sair para conversar com Wemerson Ferreira Martins, o “Sherek”, a vítima foi alvejada por Lucas com dois disparos pelas costas. André tentou correr e gritou pedindo socorro, mas foi seguido por Lucas, que efetuou mais quatro disparos, dois dos quais com a vítima já caída ao solo. No relatório, chama atenção o depoimento de uma testemunha: “Lucas disse que estava tão ‘noiado’ de pó que não teve certeza de que André estivesse morto após receber os disparos”.
Os integrantes da festa, regada a entorpecentes, também usaram uma câmera digital para fazer um filme, cuja cópia já foi avaliada pela polícia. Em uma das cenas, um dos suspeitos de instigar o crime afirma: “É, véi. Então cê tá é ‘tobrado’ demais. Nossa Senhora. Vamu matar esse cara mesmo?”

Indício
Para o delegado da comarca de Timóteo, Gilmaro Alves, o vídeo é um indício veemente da incitação ao homicídio por parte dos que ali estavam, e que quando da morte todos saíram para ver “o espetáculo criminoso”. “Presenciaram a ação criminosa que já havia sido premeditada na festa”, explica o policial.
O relatório cita, ainda, que embora tenham presenciado a vítima ser alvejada por disparos de arma de fogo, nenhum dos suspeitos tomou providências no sentido de socorrê-la. A perícia constatou que entre o momento em que a vítima foi atingida e a hora da morte decorreram vários minutos, tempo suficiente para que ela fosse socorrida.
“Todas as pessoas procuradas pela polícia demonstram um intenso pavor e medo em relatar os fatos mencionados, tanto é que só concordam em dizer se não forem identificadas. Os suspeitos são membros de uma quadrilha de tráfico de substâncias entorpecentes que não medem esforços para eliminar as testemunhas que os delatavam”, acrescenta o delegado da PC.
Inquérito pede a prisão preventiva de 7 suspeitos
O inquérito concluiu também pelo pedido de prisão temporária do autuado Lucas Avelino, que já está preso desde a apuração inicial do homicídio. O pedido de prisão preventiva é extensivo a C.S.A., acusado de fornecer a casa onde a quadrilha se reunia; W.F.M., apontado como mandante do crime; M.J.S., que escondeu a arma do crime; e ainda outros três suspeitos de envolvimento no planejamento da execução.
O propósito é evitar o cerceamento de testemunhas. “O que já ficou claro, visto que o traficante e seus soldados do tráfico já estão intimidando as testemunhas, ameaçando-as, tentando inclusive inverter a ordem dos atos executórios, determinando que um menor de 18 anos confesse o crime dado a sua inimputabilidade penal”, alerta o documento.
Na conclusão, o inquérito afirma que o funcionário da delegacia de polícia foi executado por Lucas Avelino Pereira a mando de W.F.M.. Um adolescente, que também teria participado do crime, também teve pedida sua apreensão.
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