10 de abril, de 2012 | 00:05

João Caboclo condenado a 19,6 anos de prisão

Ex-prefeito de Tarumirim permanecerá em liberdade enquanto a defesa recorre da sentença

Wôlmer Ezequiel


João Caboclho e Lemos

TIMÓTEO – O ex-prefeito de Tarumirim (2001/2004), no Vale do Rio Doce, João Correa da Silveira, o “João Caboclo”, 57 anos, foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão por homicídio duplamente qualificado (quando o crime é por motivo torpe e para assegurar vantagem em outro crime). Caboclo responde pela acusação de ser o mandante do assassinato do ex-presidiário Oliveira de Paula. A sessão do júri foi presidida pelo juiz titular da Vara Criminal, Rodrigo Antunes Lage, no Fórum de Timóteo, e teve como representante do Ministério Público o promotor de Justiça Flávio Cezar de Almeida Santos, da comarca de Paraopeba, enviado especialmente para o julgamento.
Segundo informações do advogado de defesa, Elizeu Borges Brasil, além da sentença o juiz determinou o pagamento de R$ 200 mil de indenização por danos morais à família da vítima. Oliveira foi executado em outubro de 2006 no município de Timóteo, alvejado na varanda de sua casa. O político também é suspeito de autoria de vários outros crimes e também de planejar o assassinato do deputado estadual Durval Ângelo (PT) e o do então delegado da comarca de Timóteo, Francisco Pereira Lemos, responsável por investigar o assassinato em que João Caboclo foi acusado.
Executor
Em março de 2010, o vaqueiro Adriano Rodrigues foi preso no município de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Conhecido como PitBull, Adriano foi acusado de ser o executor do crime em Timóteo. Ele foi apontado como contratado por João Caboclo para executar o ex-presidiário Oliveira de Paula, em outubro de 2006.
Segundo dados divulgados pela Polícia Civil à época, a ficha de Adriano Rodrigues inclui 16 homicídios. Ele próprio confessou que teria recebido a oferta de um fazendeiro e ex-político da região para executar o deputado estadual Durval Ângelo (PT) e o ex-delegado de Timóteo Francisco Pereira Lemos.
Pelo mesmo crime, João Caboclo também foi indiciado em inquérito da Polícia Civil, sendo denunciado pelo Ministério Público (MP).

Histórico
Atual presidente da Câmara de Coronel Fabriciano, Francisco Pereira Lemos relembra que a prisão de João Caboclo foi feita durante um dos inquéritos mais importantes de sua carreira. Ao lado de sua equipe, integrada pelo atual delegado Gilmaro Alves, que à época era escrivão da PC, Lemos conduziu a prisão. João Caboclo foi localizado em uma de suas fazendas, na região de Governador Valadares. “Ele afirmava que não ficaria preso e na época houve uma pressão política muito grande para que ele fosse liberado”, contou. 
Depois de ter o seu julgamento marcado e adiado por inúmeras vezes, o ex-prefeito de Tarumirim foi finalmente julgado e condenado a 19 anos de prisão, no fim da tarde dessa segunda-feira (9), na comarca de Timóteo. O ex-vaqueiro Adriano Rodrigues já foi a júri popular e condenado a 24 anos de prisão, em julgamento realizado também no Fórum de Timóteo.
Embora o acusado ainda possa recorrer da decisão em liberdade, Francisco Lemos acredita que a sentença será confirmada. “Eu fico muito feliz, porque quando a polícia desenvolve bem o seu papel a justiça é feita. A sentença será confirmada porque as provas apresentadas não deixam dúvida de que ele é o mandante do crime”, argumentou.  

Defesa
Outro advogado de defesa de João Caboclo, Jaime Rezende, explica que a tese da defesa é a de negativa de autoria e que a pena aplicada foi muito alta. João Caboclo foi absolvido do crime de posse de armas encontradas em sua residência na época da sua prisão. A defesa terá cinco dias para entrar com um recurso contra a sentença e oito dias para apresentar as razões do recurso. De acordo com Jaime Rezende, o tempo médio para que a sentença seja confirmada é de oito meses a um ano. Enquanto isso, João Caboclo permanecerá em liberdade.
 
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