16 de março, de 2010 | 21:55
Morte no presídio
Trio de adolescentes confessa assassinato na cadeia de Fabriciano
FABRICIANO Foi enterrado no final da tarde de ontem, no cemitério Senhor do Bonfim, o corpo do adolescente Luís Felip Samora Souza, 16 anos. Ele foi morto durante uma briga na cela de menores infratores do presídio de Coronel Fabriciano na noite de segunda-feira. Desde a sua inauguração, ocorrida em fevereiro de 2008, é o primeiro assassinato registrado no interior da cadeia.
O crime ocorreu por volta das 19 horas, durante a troca da guarda. A confusão aconteceu na cela 21, destinada a internação de menores, onde há nove adolescentes recolhidos, todos por crimes de homicídio. A direção do presídio foi proibida de dar entrevista, mas fontes do DIÁRIO DO AÇO informaram que a ação dos agentes foi rápida assim que constatada a briga.
Eles conseguiram retirar Luís Felip, que estava com vários ferimentos e com um lençol envolto no seu pescoço. Ainda haveria sinais vitais na vítima, encaminhada rapidamente ao Hospital Siderúrgica, onde foi constatado o óbito. Equipes da Polícia Militar e da Polícia Civil foram ao presídio para registrar o fato e colher mais informações.
Os delegados Gustavo Cecílio e Daniel Araújo ouviram ainda durante a noite os adolescentes recolhidos na cela. Apenas três deles assumiram o crime, dois de 15 anos e um outro de 16 anos. Eles disseram que a vítima teria feito ameaças na parte da manhã e resolveram agir. Os outros alegam que não viram nada ou que estavam dormindo”, afirmou Gustavo.
Autuados
Os três foram autuados em flagrante por crime de homicídio. O caso foi encaminhado para a Justiça de Coronel Fabriciano com pedido para manter os suspeitos detidos. O delegado informou que vai continuar as investigações. O trio foi transferido ainda na terça-feira para o Complexo Penitenciário de Ponte Nova, na Zona da Mata Mineira, inaugurado em dezembro passado.
Dois dos adolescentes de 15 anos, que assumiram a morte de Luís Felip, são assassinos confessos da garota de programa Luciana Batista de Oliveira, 23. Ela foi morta a facadas e pedradas e teve seu corpo jogado no rio Piracicaba, próximo ao bairro Dom Helvécio, região da Prainha. Ao serem localizados por policiais civis e militares, alegaram que mataram por causa de dívida de drogas.
Os familiares de Luis Felip estavam revoltados com o fato ocorrido dentro do presídio e alegaram que iriam procurar a Justiça. Aqui não tem lugar para internar menores, não poderia ficar em cadeia com adultos”, disse um parente do garoto enquanto aguardava a chegada do corpo, que foi velado na Igreja do Evangelho Quadrangular, no bairro Silvio Pereira II. A vítima morava na rua Venezuela, no bairro Santa Cruz.
Vítima respondia por morte no Santa Rita
O adolescente Luís Felip Samora Souza, 16, estava recolhido no presídio de Coronel Fabriciano desde o dia 7 de fevereiro, quando ele foi apreendido juntamente com o ajudante Weryclebson Carlos Gonçalves Oliveira, 20, e mais dois adolescentes, de 14 e 16 anos. Eles confessaram a autoria do homicídio de Josiaine Alves de Oliveira, 29, que morreu ao defender o marido dois dias antes na rua Valdomiro de Oliveira, bairro Santa Rita.
Os acusados entraram na casa de Josiaine para matar Gleison Gomes dos Santos, o Branco”, 29. Ele foi baleado oito vezes, quando a mulher entrou na frente do marido. O rapaz não morreu, sorte que não teve a sua esposa, baleada com um tiro na cabeça. O grupo envolvido não estava arrependido e disse que o alvo era Branco”, que teria dado um tapa no rosto de um deles, como alegaram ao DIÁRIO DO AÇO quando foram detidos pela PM.
Na tarde de terça-feira, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) divulgou nota oficial em que informa sobre a morte de Luis Felip. Segundo a Seds, a equipe de assistência social da unidade contactou a família. A Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) também abriu procedimento interno para apurar as circunstâncias da ocorrência.
Em relação à permanência de adolescentes em estabelecimentos prisionais, a Subsecretaria de Atendimento às Medidas Socioeducativas (Suase) da Seds esclarece que existe um entendimento com o Poder Judiciário que permite o cumprimento de medidas em unidades prisionais, desde que não haja centro socioeducativo na região, como é o caso de Coronel Fabriciano.
À medida que as vagas no sistema socioeducativo vão sendo solicitadas, os adolescentes são remanejados para outros locais do Estado, o mais próximo possível de suas famílias. No caso da vítima, não havia registro judicial para transferência”, conclui a nota.
O QUE JÁ FOI PUBLICADO:
Morte de adolescente sob investigação
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