19 de novembro, de 2009 | 00:00
Morte em pousada é envolta em mistério
Autor de execução de proprietário da Pousada Três Lagos, em Marliéria, armou cenário para parecer suicídio
Wellington Fred/Orkut
Uma das pistas que deixou dúvidas na polícia foi a arma encontrada sobre uma mesa, próximo ao corpo de Ângelo Augusto (detalhe), que era sócio da pousada Três Lagos, na zona rural de Marliéria
MARLIÉRIA - Homicídio ou suicídio? Essa dúvida pairou nas cabeças dos amigos e familiares do empresário Ângelo Augusto Rodrigues, o Vareja”, de 31 anos. Ele foi encontrado morto na madrugada desta quarta-feira (18), na varanda de sua pousada, a Três Lagos, na localidade de Trindade, zona rural de Marliéria. Aquilo que, num primeiro momento, parecia ser suicídio, acabou se transformando em um caso de homicídio.Os funcionários da pousada acionaram a Polícia Militar. A equipe do sargento Edson cercou o local e acionou a perícia da Polícia Civil. Com a chegada do perito Luís Carlos, o criminalista descartou inicialmente o suicídio. A posição do corpo, a arma como estava sobre a mesa, tudo isso já chamava a atenção da gente”, disse o sargento.O corpo de Ângelo estava caído na varanda da pousada, próximo a uma mesa sobre a qual estava o revólver calibre 38 com três cartuchos, sendo dois deflagrados. Os funcionários ouviram o som de dois tiros. Tudo isso é estranho e, juntamente com os colegas da Polícia Civil, estamos apurando o caso”, acrescentou o sargento Edson em conversa com o DIÁRIO DO AÇO.No Instituto Médico-Legal (IML) de Ipatinga, os legistas confirmaram as primeiras suspeitas da polícia, que o tiro havia sido dado a curta distância, mas em uma posição e ângulo que não demonstrariam ser caso de suicídio. Os familiares realizaram o velório na capela do Cemitério Municipal Senhor do Bonfim, em Coronel Fabriciano, onde o enterro está previsto para o fim da manhã desta quinta-feira.InformaçõesOs policiais militares, comandados pelo major Edvânio Carneiro, da 85ª Companhia Especial, e os agentes de polícia civil enviados ao local pelo delegado Gilmaro Alves Ferreira, passaram o dia todo levantando informações do crime. Na delegacia de Timóteo foram ouvidas quatro pessoas que estavam na pousada, entre elas a sócia de Ângelo, Janaína Moura Barbosa, que mantinha um relacionamento amoroso com a vítima.Na tarde de ontem os policiais chegaram a uma pessoa que teve uma discussão com Ângelo Vareja em Dionísio, na noite de quarta-feira. Os dois jogavam sinuca e acabaram se desentendendo. Ele confirmou a discussão, que teria ocorrido por causa de uma humilhação à qual Ângelo o teria submetido. O rapaz alega que foi embora para casa assim que Ângelo saiu do bar”, disse o delegado Gilmaro.O chefe das investigações disse que não há qualquer prova, além desta discussão, que poderia incriminar o suspeito. Além deste problema, os policiais levantaram outras possibilidades, como desavenças e até uma ameaça que o empresário estaria recebendo há algum tempo. Não podemos falar, mas vamos seguir em frente com os trabalhos. Cada vez mais, estamos nos distanciando do suicídio”, ressaltou Gilmaro.Família sem informaçõesO empresário Ângelo Augusto Rodrigues, o Vareja”, era proprietário da pousada Três Lagos havia cerca de seis anos, conforme dizem os familiares. Ele adquiriu o local de um português, que morou por vários anos naquela região de Marliéria e vendeu as terras ao voltar para Portugal. A família está totalmente alheia ao ocorrido na madrugada de quarta-feira (18).O DIÁRIO DO AÇO conversou com a engenheira sanitarista ambiental Ariele Elena Rodrigues, 28. Ela providenciou a liberação do corpo do irmão no IML de Ipatinga e disse que não teria explicações sobre o acontecido. Ele estava morando lá e eu tinha pouco contato com ele. Meu irmão era uma pessoa na dele, era difícil de expor as coisas que aconteciam”, comentou.A engenheira revelou ainda que ladrões invadiram a casa do irmão, há pouco tempo, levando notebook, dinheiro e outros objetos. A mãe deles estava na casa de um irmão em São Carlos/SC e recebeu a triste notícia ainda na manhã desta quarta-feira. Eu não sei de nada e vamos esperar a resposta dos policiais”, finalizou Ariele, apontando que Ângelo deixou um filho de cinco anos de idade.
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