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08 de maio, de 2009 | 00:00

Mulher que matou o marido pega mais de 17anos

Wellington Fred


Familiares da vítima acompanharam atentamente o julgamento no Fórum de Timóteo
TIMÓTEO - Em um julgamento rápido, que durou pouco mais de cinco horas, o Tribunal do Júri da Comarca de Timóteo condenou ontem a gari Raimunda Geralda Martins de Souza, 41, pela morte e ocultação de cadáver do marido, Antônio Luiz de Souza, 43, em fevereiro de 2007. No início da noite de ontem ela ouviu a sentença do juiz Ronaldo Batista de Almeida: 17 anos e nove meses de prisão. Apesar de condenada, Raimunda poderá aguardar em liberdade o recurso a ser impetrado pela defesa.O julgamento começou por volta das 13h, após o sorteio dos jurados, seis homens e uma mulher. O advogado de defesa, Gesiney Campos Moura, pediu no início dos trabalhos que o juiz Ronaldo acatasse a tese de nulidade do processo, alegando que o advogado anterior de Raimunda não fez a sua defesa corretamente, deixando para fazê-lo apenas no Tribunal do Júri. “É um trabalho técnico, que deve ser entendido pelo juiz, e não por jurados”, justificou.Gesiney Moura entende que o defensor anterior agiu de forma a pronunciar a gari, ou seja, mandá-la para o Tribunal do Júri, ação que compete ao juiz de Direito. O promotor Marcus Vinícius Lamas Moreira não concordou e disse que a acusada teve oportunidade de defesa. O juiz indeferiu o pedido da defesa, dando inicio à sessão.Durante o seu depoimento ao juiz, acompanhado por familiares da vítima, todos sentados nas primeiras fileiras do Salão do Júri, a ré alegou que era agredida pelo marido. “Desde quando me casei com ele”, alegou a gari, provocando revolta na família de Antônio. “É mentira. Meu irmão era muito carinhoso com ela e os filhos”, disse ao DIÁRIO DO AÇO a dona de casa Luciléia Pereira de Souza, 53, irmã da vítima.AcusaçãoO promotor Marcus pediu a condenação de Raimunda Geralda pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil e emprego de veneno. Além deste crime, a acusação também manteve o pedido de condenação por ocultação de cadáver, ressaltando a trama com a leitura de depoimentos do filho do casal, que, na época com 11 anos de idade, foi obrigado pela mãe a ajudá-la a carregar o corpo do pai para ser enterrado nos fundos do quintal da sua casa.Por outro lado, o defensor insistiu no pedido de nulidade do processo. Ele ainda disse que nos autos não havia prova que apontasse o envenenamento. “Os exames não indicam isso. Pode ser que ele (Antônio) tenha morrido por doença ou outra causa. Defendo a negativa de autoria”, afirmou o advogado, que também tentou, sem sucesso, retirar as qualificadoras do crime.O Conselho de Sentença considerou Raimunda Geralda culpada. O juiz Ronaldo Batista a sentenciou em 15 anos e seis meses de prisão por homicídio duplamente qualificado e mais dois anos e três meses pelo crime de ocultação de cadáver. No total, a gari pegou 17 anos e nove meses de prisão em regime fechado.“Queremos justiça da terra e divina”A família de Antônio Luiz de Souza saiu do Tribunal do Júri, já no início da noite de ontem, aliviada com a condenação de Raimunda Geralda Martins de Souza. A irmã da vítima, Luciléia Pereira de Souza, que falou em nome de seus familiares, disse que a ex-cunhada é “muito fria”. “Ela merece pagar pelo que fez. Queremos justiça da terra e também a divina”, afirmou a mulher, que tem a guarda dos quatro filhos menores do casal, que ainda tinha uma filha de 20 anos, já casada.Luciléia disse que nunca viu o irmão agredindo a mulher, acrescentando que o casamento deles ficou ruim devido aos casos extraconjugais de Raimunda. “O filho mais novo dela, que hoje tem quatro anos, não é do meu irmão. Ele já tinha feito vasectomia e foi provado isso, mas, mesmo assim, o registrou como filho dele”, revelou a dona de casa, acrescentando ainda que toda a sua família se empenha para cuidar dos filhos de Antônio.O crime aconteceu no dia 17 de dezembro de 2007, na residência do casal, no bairro Ana Moura, em Timóteo. O corpo de Antônio só foi descoberto dez dias depois, por seus familiares, que desconfiaram que Raimunda estava mentindo sobre o paradeiro do aposentado. Na época da sua prisão, a gari contou que utilizou veneno de rato (“chumbinho”) em um chá de folhas de mamão que deu para o marido beber após reclamar de dor de barriga.Recém-nascidoAlém de fazer uma cova nos fundos do quintal para enterrar o marido, Raimunda teria contado com a ajuda do filho do casal, na época com 11 anos de idade, para carregar o corpo do pai até o buraco. Ao ser presa, a gari confessou ter sido também ela a pessoa que colocou o corpo de um recém-nascido na entrada do cemitério Jardim da Saudade, no bairro Santa Maria, naquele mesmo ano. O filho seria fruto de outra relação extraconjugal da acusada, que escondeu a gravidez do marido.
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