17 de fevereiro, de 2009 | 00:00

Motorista que matou ciclista é condenado a 10 anos de prisão

Wellington Fred


Sérgio Furtado retornou ao Ceresp no início da noite de ontem, após o julgamento
IPATINGA - O Tribunal do Júri de Ipatinga condenou ontem o motorista Sérgio Eloy Furtado, 38, a dez anos de prisão em regime fechado. Ele foi julgado culpado pela morte do pedreiro Ronaldo Silva Gomes, 29, ocorrida no dia 8 de agosto de 2007, após uma discussão no trânsito no bairro Cidade Nobre. A vítima estava de bicicleta e foi morta com um tiro, disparado pelo acusado, que dirigia um carro.O julgamento de Sérgio, que começou por volta das 8h30 e só terminou à tarde, foi um dos mais concorridos da pauta da 2ª Vara Criminal, com a participação de vários estudantes de Direito, devido à grande repercussão que o crime teve na época, além de familiares do réu e da vítima. Sérgio foi defendido pelos advogados Jayme Queiroz Rezende, Rita de Cássia Carvalho e Maria Lúcia Ferreira. A acusação mobilizou os promotores Mário Henrique Faria e Marcela Harumi Takahashi Pereira.TesesO depoimento de Sérgio Eloy perante o juiz-presidente Antônio Augusto Calaes de Oliveira foi acompanhado com muita atenção pela viúva de Ronaldo, a balconista desempregada Graziela Cabral, 26. O réu negou que tivesse perseguido a vítima após a primeira discussão entre eles, na rotatória das nas avenidas Carlos Chagas e Simon Bolívar, no Cidade Nobre.Depois, eles voltaram a se encontrar na rua Aleijadinho, caminho que Sérgio seguia com o objetivo de fechar uma transação comercial. Na segunda “trombada” com o ciclista é que teria havido a reação da vítima e ação desproporcional do motorista. O acusado alegou que atirou sem a intenção de matar e que não procurou a polícia porque pensou não ter acertado a vítima, que morreu quando era levada para o Hospital Municipal, no mesmo bairro.Todas as teses da defesa foram contestadas pela acusação durante os debates no plenário. Os promotores alegam que as provas apontam que houve perseguição e que o acusado fechou Ronaldo no segundo encontro, já sacando um revólver calibre 38 e atirando contra a vítima, que teria feito um gesto obsceno no primeiro incidente. Sérgio foi preso pouco depois, no bairro Ferroviários, graças a uma testemunha que anotou a placa do Fiat Uno do acusado após a confusão.DefesaOs advogados tiveram muito trabalho na defesa de Sérgio Furtado, desde o dia do crime até o final do julgamento. Preso em flagrante, o acusado passou uma temporada no Ceresp de Ipatinga. Antes da pronúncia, foram tentados dois habeas corpus para que ele fosse libertado, mas sem sucesso. Um terceiro habeas corpus também foi tentado posteriormente, sem sucesso. A última tentativa foi o pedido de desaforamento do processo, para que o julgamento ocorresse em outra cidade, também negado pela Justiça.Durante o julgamento de ontem, a defesa insistiu nas teses de desclassificação para homicídio culposo (sem a intenção), legítima defesa putativa e decote das qualificadoras. O Conselho de Sentença, composto por quatro homens e duas mulheres, acatou a retirada de apenas uma qualificadora, motivo fútil, e ainda entendeu que o réu agiu sob violenta emoção, tese de homicídio privilegiado.O juiz Antônio Calaes estipulou a pena mínima de homicídio qualificado (recurso que dificultou a defesa da vítima), em 12 anos de prisão, mas reduziu em dois anos devido ao privilégio acatado pelos jurados. No total, Sérgio Furtado terá que cumprir dez anos de prisão em regime fechado. Qualquer recurso terá que ser feito com o réu preso. “Houve um exagero na pena”, alegou o advogado Jayme Rezende, após nove horas de julgamento.GRAZIELA CABRAL“Ele não matou meu marido, matou minha vida”Viúva de Ronaldo Silva Gomes, a balconista desempregada Graziela Cabral, 26, disse ao DIÁRIO DO AÇO que vem enfrentando um “sofrimento sem fim” desde que seu marido Ronaldo Silva Gomes, 29, foi assassinado com um tiro por Sérgio Eloy Furtado, 38, há um ano e meio, praticamente. A condenação de Sérgio, a 10 anos de prisão, aliviou um pouco o sofrimento da viúva, que conta com a ajuda de familiares para cuidar dos dois filhos, um com sete anos de idade e o outro com dois anos e dois meses, que faz tratamento para hidrocefalia.Você acompanhou atentamente o julgamento. O que achou do resultado?Dou graças a Deus. Tem gente que nem vê a pessoa que matou parente dela preso. Mas acredito na justiça divina e também na da terra.Uma discussão de trânsito, como a que motivou o crime, é motivo para alguém tirar a vida de uma outra pessoa?Você olha para ele (Sérgio Eloy), vê que é um animal. Finge de bom moço aqui, para tentar convencer as pessoas. A cara dele é de uma pessoa ruim.E como a família enfrenta a perda do Ronaldo?Ele não matou meu marido, matou minha vida. Hoje, dependo dos meus pais para tudo. Meus filhos são carentes, têm problemas psicológicos.
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