29 de janeiro, de 2009 | 00:00

Crime passional choca moradores do Bethânia

IPATINGA - O fim de um casamento de quase cinco anos pode ter levado o ajudante de pedreiro Willian Augusto da Silva, 28, a cometer um crime passional que chocou os moradores do bairro Bethânia, em Ipatinga. Com uma faca de cozinha, ele degolou sua mulher, Ivanete Moreira Silva, 22, e depois tentou se matar cortando o próprio pescoço. A tragédia aconteceu no fim da manhã, na residência do casal, na rua Marselha. Willian foi socorrido a tempo, e até a noite de ontem continuava internado no Hospital Márcio Cunha com escolta policial.O crime foi descoberto pela mulher do proprietário do imóvel, o pintor José Viveiros, 69. “Minha esposa ouviu gritos de socorro e depois perguntou pela Ivanete e o que estava acontecendo. Ele (Willian) disse que estava tudo bem, mas, desconfiados do silêncio, resolvemos chamar a polícia”, contou, acrescentando que nunca viu o casal brigar ou discutir nos cinco meses em que moravam no local.O cabo Jaime foi a primeira pessoa a chegar à casa da rua Marselha, que encontrou fechada. Foi preciso entrar pela clarabóia para ter acesso ao interior do imóvel, onde o policial se deparou com uma cena horrível. “Tenho 20 anos de polícia e, mesmo assim, não dá para se acostumar com uma cena dessa. O rapaz ainda respirava. O Samu foi acionado e conseguiu retirá-lo com vida, mas a garota não teve jeito”, lamentou o cabo Arimatéia, que também esteve no local do crime.CartaO DIÁRIO DO AÇO acompanhou todo o caso no local, até o término dos trabalhos do perito Roberto. Os policiais apreenderam a faca usada por Willian e uma carta escrita por ele, numa folha de caderno, em que pedia desculpas pelo que fez. Outro pedido de Willian, caso conseguisse se matar, foi para ser enterrado junto ao corpo de “Nete”, como ele chamava a sua mulher, a quem alegava, na carta, amar muito. Ele alegou ainda que cometeu o crime por causa de um rapaz, com quem suspeitava que sua mulher tivesse um caso, e a quem prometeu “atormentar” mesmo se morresse.PeríciaA carta encontrada pela PM passará por um exame grafotécnico e será comparada com outros textos escritos de próprio punho por Willian, assim que ele ganhar alta médica. Apesar da carta, policiais militares informaram ao DIÁRIO DO AÇO que Willian teria dito que não cometeu o crime. Ele ficou internado no Hospital Márcio Cunha, sob escolta policial e deverá ganhar alta nos próximos dias.O corpo de Ivanete foi encaminhado para o Instituto Médico-Legal e necropsiado ainda na noite de ontem. Os familiares dela moram em Belo Oriente. “Ninguém acredita que ele (Willian) pudesse fazer isso com a minha sobrinha. A gente não sabia de brigas, mas ela queria separar dele”, contou Déia Rodrigues, 25, tia de Ivanete.DÉIA RODRIGUES“Não estava dando certo”Déia Rodrigues não acreditou quando chegou ao apartamento da rua Marselha, no bairro Bethânia, e viu a sobrinha Ivanete Moreira Silva degolada em cima da cama. Ela disse que a sobrinha estava pensando em sair de casa. Uma confirmação do que disse seriam algumas bolsas com roupas e materiais de higiene pessoal da vítima. A decisão de sair de casa pode ter sido o estopim para que seu marido, Willian Augusto da Silva, cometesse o crime.A Ivanete queria mesmo se separar do marido? Por qual motivo?Sim, ela queria, mas só sei o que ela disse, que não estava dando certo (no casamento). Ela não falou mais nada comigo sobre isso.Como é o marido de Ivanete?Pelo momento que eu o conheci, era uma ótima pessoa, que conversava e brincava com a gente. Para mim, ele não demonstrava nada de anormal nestes quase cinco anos em que eles eram casados.Como a senhora ficou sabendo do ocorrido?Uma colega minha me ligou. Ela me alertou que aconteceu um ‘acidente’ com uma garota de Belo Oriente. Encontrei com a Ivanete ontem (anteontem), e ela perguntou se eu iria para Belo Oriente. Foi a última vez em que a vi.