22 de agosto, de 2008 | 00:00

Ex-aluno entra em sala da UFMG e atira contra a própria cabeça

Estado de Minas


João Luciano, que é paraplégico, permanecia ontem internado em estado grave
BELO HORIZONTE (AE) - Alunos e professores da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) viveram momentos de pânico na noite de anteontem quando um homem armado invadiu uma das salas de aula do campus da Pampulha. Por volta de 21h, João Luciano Ferreira Júnior, de 39 anos, que é paraplégico, chegou à faculdade e se dirigiu a uma sala do quarto andar onde estavam reunidos alguns professores do Centro de Extensão (Cenex). Com um revólver calibre 32 em punho, João Luciano - ex-aluno do curso - exigiu que todos deixassem o local, com exceção da professora de alemão e aluna de mestrado Polyana Costa Arantes, de 25 anos. Em seguida, em meio a um rápido e tenso diálogo com a jovem, efetuou pelo menos dois disparos, sem acertar Polyana, e deu um tiro na própria cabeça. João Luciano foi socorrido e levado para o hospital municipal Odilon Behrens, onde até a tarde de ontem permanecia internado em estado grave, com risco de morte. O barulho dos tiros assustou estudantes que estavam em outras salas. Os alunos deixaram as classes e se concentraram diante do prédio da faculdade sem entender o que havia acontecido. Testemunhas e ex-colegas de João Luciano o descreveram como uma pessoa cordial e educada, mas que nutria uma “obsessão e uma paixão platônica” pela professora de alemão. Ela disse á Polícia Militar que vinha sofrendo assédio.Embora nunca tivesse se declarado, ele colheu dados sobre a jovem, como número da placa do carro, endereço e telefone da casa. “Inclusive, ligou para casa dela, num único dia, 16 vezes”, contou o tenente José Caldeira, do 34º Batalhão da Polícia Militar. Polyana também relatou à PM que primeiro João Luciano atirou em direção ao chão e depois no computador. Logo depois, apontou o revólver para ela, mas mudou a direção e atirou na própria cabeça. “Diante da solicitação de que ele não fizesse nada contra ela, ele apontou a arma contra a própria cabeça e efetuou um único disparo”, disse o militar. Antes de atirar contra a própria cabeça, João Luciano perguntou a Polyana se ela sabia “o que é desprezo”. De acordo com o hospital, a bala entrou pelo lado direito do crânio e saiu do lado oposto. João Luciano estava em coma e respirava com ajuda de aparelhos. Após o incidente, a jovem ficou em estado de choque e precisou ser medicada. Caso isoladoO diretor da Faculdade de Letras da UFMG, Jacyntho Lins Brandão, lamentou o fato, mas disse que se trata de um caso isolado. Segundo ele, não há previsão de mudança no sistema de segurança da faculdade. “Foi uma tragédia, uma situação de exceção. Não podemos controlar a entrada e saída de todos que circulam na universidade. Nós não temos essa lógica de controle ostensivo, como a praticada nas empresas”. Conforme o diretor, a universidade, até por seu perfil de instituição produtora de conhecimento, deve manter suas portas sempre abertas para a comunidade. Ele garantiu que a UFMG prestava total assistência a Polyana e a João Luciano. Policiais civis, militares e federais estiveram na universidade e a arma foi recolhida para ser periciada. Um inquérito será instaurado pela 16ª Delegacia da capital mineira.
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