05 de abril, de 2008 | 00:00

Impunidade de menores preocupa

Adolescentes armados agridem aposentado durante assalto em Ipatinga

Wellington Fred


Vítima atacada ontem no Bethânia exibe as marcas das coronhadas que recebeu nas costas
IPATINGA - A falta de um espaço para o recolhimento de adolescentes em conflito com a lei vem deixando os responsáveis pela segurança pública preocupados. Ontem, mais uma vez dois menores agiram de forma violenta em um assalto a residência na rua Isa, no bairro Bethânia. No fim da madrugada, eles renderam o aposentado E.F., de 55 anos, a esposa e a filha de 11 anos. Agrediram E.F. e roubaram objetos, porém acabaram apreendidos na rua Aracaju, no bairro Jardim Panorama.O fato que preocupa é que um dos adolescentes, de 17 anos, havia sido apreendido anteontem por outro assalto e, mesmo assim, ele não ficou internado. O Ministério Público indeferiu o pedido de internamento do jovem, que em liberdade voltou a agir, dessa vez com violência. O tenente Wildré Fortunato disse que a PM está fazendo a parte dela. “Quero deixar para a sociedade que vamos apreender esses adolescentes, dez, vinte vezes, não tem problema”, ponderou o oficial.Fortunato se disse preocupado com a alta reincidência envolvendo os adolescentes, porém frisou que não vai deixar de agir para defender a sociedade. “Estávamos em uma operação quando fomos informados do assalto e conseguimos agir rápido, localizando os autores. Um deles acabou caindo do telhado de uma casa na tentativa de fugir da polícia”, explicou o tenente.Os adolescentes levaram os policiais até onde estavam escondidos os objetos roubados do aposentado e também as armas, dois revólveres de calibres 32 e 38. Após a medicação do menor ferido na queda do telhado da residência, atendido no Pronto-Socorro Municipal, ele foi encaminhado para a Delegacia Adjunta de Orientação a Menores (DAOM) e levado para ser apresentado à Promotoria da Infância e Juventude. Dessa vez, o Ministério Público determinou a internação deles no Ceresp.Outros assaltosNos últimos dias, assaltos violentos registrados na região do Bethânia deixaram em alerta os policiais. O primeiro caso ocorreu na avenida Forquilha, bairro de mesmo nome, na quinta-feira da semana passada, dia 28 de março. Dois adolescentes, um deles o menor apreendido ontem, rendeu toda uma família e, após prender as vítimas no banheiro, levou aparelho de som, celulares e outros objetos. O material roubado foi colocado em um Gol, abandonado no bairro Caravelas. Um dia depois foi em outra casa, na rua Ester, no bairro Canaã. Do mesmo jeito, eles renderam todos os familiares que estavam no local e roubaram televisor, aparelho de DVD, relógios e cartões de bancos. Para levar os pertences, os bandidos usaram o Fiat Uno das vítimas, encontrado no outro dia na região conhecida como “Beiço da Égua”, no bairro Bethânia.O terceiro roubo dos adolescentes ocorreu na noite de quarta-feira, também no bairro Forquilha. Eles invadiram um bar, onde estavam sete pessoas, e roubaram várias jóias, dinheiro, celulares e até o aparelho de som do estabelecimento comercial. Entre os envolvidos do roubo, estariam os mesmos adolescentes apreendidos após o assalto realizado ontem no Bethânia.“É o prêmio após anos de trabalho”, lamenta vítimaRevoltado e com muito medo. Este é o sentimento do aposentado E.F., que ficou na mira de armas dos adolescentes apreendidos pela Polícia Militar. Ele disse que foi surpreendido pela dupla por volta das 5h30. “Acordei, fui ao banheiro e, na volta, escutei um estrondo na porta. Já eram eles entrando em casa, mandando todo mundo ficar quieto”, recorda o aposentado.Os adolescentes amarraram E.F., a esposa e a filha de 11 anos com fitas e meia-calça e depois realizaram uma verdadeira tortura psicológica. “Ameaçaram matar a gente e me desferiram várias coronhadas nas costas e cabeça para que entregasse as jóias. É o prêmio que recebo após trabalhar 25 anos na Usiminas, aposentar e ainda trabalhar mais dez anos em outra empresa”, diz a vítima.Os adolescentes ainda tentaram roubar o carro do aposentado, um GM Vectra, porém desistiram. “Graças a Deus, minha mulher teve a inteligência de esfregar as amarras na porta do guarda-roupas e nos soltar. É revoltante saber que estes adolescentes têm diversas passagens e não ficam detidos”, disse o aposentado, bastante chateado.
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