01 de abril, de 2008 | 00:00

Acusado de matar detetive é julgado

Juliano é condenado a 14 anos de prisão pela Justiça de Açucena

Wolmer Ezequiel


Juliano apresentou nova versão durante o seu julgamento
AÇUCENA - Após dez horas de julgamento e 1.031 dias do fato que mudou a vida do montador de andaimes Juliano Batista Ferreira, de 26 anos, ele foi julgado e condenado pela morte do agente da Polícia Civil, Lahyre Paulinelli de Magalhães, 32. O crime ocorreu em junho de 2005 em Belo Oriente. O réu foi condenado a uma pena de 14 anos de prisão a ser cumprida em regime fechado. A defesa tem ainda cinco dias para recorrer da pena, bem como o Ministério Público.Juliano chegou ao Vale do Aço na noite de domingo, sob escolta armada de agentes penitenciários, vindo da Penitenciária de Segurança Máxima Nelson Hungria, em Contagem. Ele pernoitou na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, e foi encaminhado para Açucena contando com a segurança de policiais militares. O réu chegou à cidade por volta das 8h30, quando tomou café na Câmara Municipal, onde ocorreu o Tribunal do Júri.Por medida de segurança, as ruas em volta da Câmara foram fechadas ao trânsito e apenas pessoas já devidamente identificadas podiam ter acesso à sede do Legislativo Municipal. O local foi escolhido pelo seu plenário ser maior do que o Salão do Júri da Comarca e ainda por ter uma maior estrutura para os trabalhos do Judiciário. Na platéia, familiares e amigos de Lahyre ocupavam grande parte dos assentos.A juíza Marli Maria Braga Andrade, da Vara de Execuções Criminais de Ipatinga, e que está a atender a Comarca de Açucena diante da falta de um titular, abriu a sessão com 40 minutos de atraso. Foram quatro homens e três mulheres que compuseram o Conselho de Sentença. O advogado da defesa, José Barbosa de Andrade, que trabalhou com o estagiário de Direito Thiago Rodrigues Inácio, tentou argumentar que os jurados não poderiam participar dos trabalhos. A alegação foi de que parte dos jurados era da Comarca de Açucena e o crime ocorreu em Belo Oriente, onde foi criada uma Comarca, porém ainda não instalada. A alegação do defensor provocou um atraso na escolha dos jurados e todos os argumentos de José Barbosa foram indeferidos pela magistrada. A acusação foi feita pelo promotor Daniel de Oliveira Malard, da Comarca de Açucena, designado para o caso.ContradiçãoJuliano, ao prestar sua oitiva perante a juíza Marli Maria, entrou em contradição do que havia dito antes em juízo e também nas delegacias do Vale do Aço e em Cacoal, Estado de Rondônia, onde o montador foi localizado após o crime. Ele alegou que foi conversar com o policial civil Lahyre, ao contrário do que havia falado, dizendo ter ido para executá-lo.Outra contradição aconteceu em relação aos outros depoimentos dos envolvidos no furto de dois porcos, o que teria resultado na prisão de Juliano. Ele alegou que foi agredido pelo detetive Lahyre por algo que não cometeu, ao contrário do que disseram os outros acusados pelo furto. Já a viúva da vítima, professora de geografia, Vanilza Mônica Barbosa Magalhães, de 32 anos, disse que Juliano atirou contra seu marido logo após ele abrir a porta, diferentemente do que alegou o réu.O depoimento dela chegou a emocionar os presentes. Ela contou que seus filhos viram o pai mortalmente baleado. “Eles pediram a Deus para que o pai não morresse”, recorda Vanilza, reforçando que o marido não era violento. O advogado do réu defendeu que o montador agiu sob emoção e disse que o réu foi agredido pelo policial. José Barbosa defendeu as teses de legítima defesa da honra e homicídio privilegiado, ou seja, que Juliano agiu sob efeito das agressões sofridas.A sentença, lida pela juíza Marli Maria por volta das 20h, condena Juliano a 16 anos de prisão. Mas, devido a atenuantes, ele teve a pena reduzida para 14 anos a ser cumprida em regime inicialmente fechado. Na quarta-feira, serão julgados o irmão de Juliano, Pedro Júnior Cândido Alves Ferreira, de 22 anos, e Carlos Antônio de Brito Araújo, de 24 anos, pelo mesmo crime.Morte de Lahyre motivou chacina em Belo OrienteApós a morte de Lahyre Paulinelli Magalhães, ocorrida em sua casa, na rua São Paulo, no bairro Novo Oriente, Juliano Batista Ferreira pagou caro pelo seu ato. Além dele, seus familiares passaram a sofrer na pele. Primeiro, foram hospitalizados com suspeita de envenenamento, na água da casa. Um mês depois, o irmão de Juliano, o estudante Paulo Felipe Cândido Alves Ferreira, de 16 anos, foi baleado nas costas com dois tiros de escopeta calibre 12, na rua 1º de Março, no Centro de Belo Oriente. No dia 3 de janeiro de 2006, dois homens de moto assassinaram Jardel Cândido Alves Ferreira, de 27 anos. O ápice da violência foi na madrugada de 14 de janeiro, quando cinco homens invadiram a casa da família de Juliano, na rua Nossa Senhora do Carmo, bairro Santa Terezinha, em Belo Oriente. Eles estavam armados com pistolas calibre 380, escopetas calibre 12, e mataram a mãe do rapaz, Terezinha Caetana Batista Gomes, de 46 anos; o irmão dele, Paulo Felipe, que havia escapado da tentativa de homicídio meses antes; e ainda o ajudante Heraldo Ciro de Souza, de 25 anos, namorado da irmã de Juliano, A.C.C.A.F., de 20 anos. Ela estava grávida de oito meses e teve a vida preservada. Sua sobrinha de cinco anos foi escondida pela avó dentro do guarda-roupas e também conseguiu se salvar.
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