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26 de março, de 2008 | 00:00

Sonho da aposentadoria termina em frustração

Wellington Fred


Dezenas de pessoas cercaram o sargento Demétrios para dizer que haviam sido lesadas
IPATINGA - A manhã de ontem foi bastante movimentada na 1ª Delegacia Regional de Ipatinga e também na sede da 82ª Companhia de Polícia Militar. A reclamação geral era contra um homem identificado como Wander Lúcio Reis Costa, que não foi localizado. Segundo as informações que chegaram ao conhecimento da polícia, ele se passava por advogado e prometia acertar pendências junto ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS). Wander cobrava cerca de um salário mínimo para providenciar o trâmite do processo até a Justiça Federal.A descoberta do suposto golpe surgiu quando dezenas de pessoas se aglomeraram em frente à sala 205 do prédio 840 da avenida João Valentim Pascoal, no Centro. Eles buscavam informações sobre Wander Lúcio, que há dias não era visto no seu escritório. Ele usava nome da empresa Aprove e de uma advogada para garantir o andamento dos processos de pedido de aposentadoria, auxílio-doença e outros, junto ao INSS.O sargento Demétrios foi acionado e providenciou o primeiro atendimento às pessoas que se apresentaram como vítimas. “Não podemos afirmar ainda que é um golpe, apesar de tudo indicar para isso”, disse o policial militar, que atendeu pelo menos 50 pessoas em poucas horas. Todos com problema parecido: falta de informações sobre o andamento dos processos junto ao INSS e à Justiça Federal.O DIÁRIO DO AÇO acompanhou ainda a abertura da sala de Wander Lúcio, que se diz diretor da empresa Aprove, com escritório também em Belo Horizonte. Havia ainda um escritório de Wander no Naque, porém já fechado. A proprietária do imóvel, que pediu para não ter o nome divulgado, solicitou a abertura do escritório por um chaveiro e informou que o aluguel está em dia. Porém, ele deixou um ‘papagaio’ para pagar. Explica: “Ele violou o relógio da Cemig e fui multada em cerca de R$ 400”, revelou a mulher.Na sala de Wander, apenas um computador na portaria, um bebedouro e uma saleta, que não foi aberta. Pessoas que acusaram Wander Lúcio ficaram na expectativa de achar até seus documentos que foram deixados em poder dele, porém nada foi encontrado. Curiosamente há recortes de jornais afixados na parede com notícias de golpes e fraudes no INSS.De acordo com os reclamantes, Wander cobrava cerca de um salário mínimo para dar início na papelada e solicitar a aposentadoria. “Eu paguei R$ 380 no ano passado e ele ficava sempre remarcando datas para a suposta perícia médica junto ao INSS”, disse o pedreiro José Gomes de Andrade, que providenciava o pedido de aposentadoria por invalidez para a esposa.EmpréstimosOutras pessoas denunciavam que fizeram empréstimos em dinheiro para o acusado. Pelo menos dois deles emprestaram, juntos, cerca de R$ 20 mil (um R$ 8 mil e o outro R$ 11 mil) para o até então Dr. Wander Lúcio, como consta do cartão que passava para as pessoas e da placa na entrada do prédio onde está o seu escritório. Além disso, o DIARIO DO AÇO foi informado que em algumas lojas há dívidas dele. Em uma loja de roupas, próxima ao escritório, o débito é de R$ 3 mil.Uma cópia de contrato feito entre Wander Lúcio e Maria Aparecida Neves Vieira, moradora do Naque, foi repassada para a reportagem. Nele há o nome de uma advogada, que, em consulta ao site da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Minas Gerais, consta realmente o registro dela. Porém, não existem dados de Wander Lúcio que, para alguns, era Dr. Wander Lúcio. Pelo serviço, ele cobrava R$ 380, além de outras taxas assim que saísse o benefício junto ao INSS.Os policiais entraram em contato com a Aprove e, segundo um funcionário, há três anos Wander Lúcio não trabalha para a empresa. Porém, uma das pessoas que estiveram no escritório informou que esteve há poucos meses em Belo Horizonte para tratar do seu processo junto à Justiça Federal. “Fui a esta empresa, na avenida Amazonas”, afirmou, sem se identificar. Os outros reclamantes foram para a delegacia de Ipatinga para providenciar uma queixa.
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