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04 de março, de 2008 | 00:00

Adolescente infrator é decapitado

Assassinos jogaram a cabeça na casa de capitão da PM

Reprodução


Luizinho seria ouvido hoje em um processo sobre exploração sexual de menores
IPATINGA - Uma equipe da Divisão de Crimes contra a Vida (DCcV), de Belo Horizonte, veio reforçar as investigações sobre o bárbaro assassinato do adolescente Luís Alfredo Martins, o Luizinho, que completou 14 anos no último dia 20 de fevereiro. O menor foi decapitado e teve a cabeça jogada na casa de um capitão da Polícia Militar, na noite de domingo.O caso macabro foi registrado na rua Josué, no bairro Tiradentes. O capitão Leôncio Botelho, ao chegar de viagem com sua família, deparou com uma sacola com algo dentro, jogada em sua varanda. Ao verificar o conteúdo, encontrou uma cabeça humana envolta em jornais. Ela foi identificada como sendo do adolescente Luizinho.O adolescente tinha várias passagens pela polícia por diversos crimes contra o patrimônio e era uma das pessoas que teria prestado informações contra o advogado Luiz Carlos Vieira, o Lóis, de 53 anos, preso sob a acusação de se envolver sexualmente com menores. A cabeça de Luizinho foi levada ao Instituto Médico Legal de Ipatinga após os trabalhos do perito Gilmar Miranda.A identificação foi feita pelo padrasto de Luizinho, o pedreiro João Alves de Almeida, de 38 anos, na manhã de ontem no IML. Os legistas constataram ainda perfurações de tiros no crânio e que, possivelmente o menor morreu 36 horas antes da localização da cabeça, devido ao início de decomposição. A família decidiu sepultar hoje a cabeça, mesmo sem ter sido localizado o corpo do adolescente.InvestigaçãoO Grupo Integrado de Intervenção Estratégica, o GIIE, formado por policiais civis e militares, já iniciou os trabalhos para apurar o caso, que foi encaminhado para a Delegacia Adjunta de Crimes contra a Vida. No fim da tarde de ontem, uma equipe da Divisão da Homicídios de Belo Horizonte chegou a Ipatinga para reforçar as investigações.Além desta execução de Luizinho, os policiais vão investigar o caso do motorista José Wilson Marcelino, de 46 anos, desaparecido desde o dia 12 de dezembro passado. Ele foi preso no distrito de Perpétuo Socorro (Cachoeira Escura) e desapareceu após ser liberado na Delegacia Regional de Ipatinga. Os policiais da capital vão apurar também a morte do ajudante de montador Eules dos Santos Ricardo, de 23 anos, ocorrida no dia 11 de dezembro, na rua Campinas, no bairro Veneza I, quando voltava com amigos após um lanche. Morador de Belo Horizonte, a vítima esteve em Ipatinga pela primeira vez e suspeita-se que tenha sido morta por engano.TestemunhaLuizinho seria ouvido na tarde de hoje, em audiência marcada na 2ª Vara Criminal de Ipatinga. Ele seria uma testemunha no processo contra o advogado Lóis, que responde a outro caso também por envolvimento sexual com adolescentes na 1ª Vara Criminal. Uma das meninas teve um filho com o acusado, quando tinha 12 anos de idade.No dia 5 de setembro do ano passado, o capitão Leôncio abordou o advogado na BR-458, quando ele teria sido visto saindo de um motel com uma adolescente de 15 anos. Houve até o registro de uma foto do veículo saindo do estabelecimento. Na época, a família da menor não quis representar contra o advogado, que acabou sendo ouvido e liberado pela Polícia Civil.Porém, no dia 15 de dezembro, Lóis foi preso mediante um mandado de prisão expedido pela Justiça devido a um dos processos por se envolver com menores. Dias depois saiu outro mandado de prisão contra o advogado, que hoje está recolhido na penitenciária Nelson Hungria, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Wellington Fred


Policiais passaram as últimas horas levantando pistas com a família de Luizinho
“Ele era discriminado por ser homossexual”Abalada com a morte do filho Luís Alfredo Martins, a dona de casa Marinalda Martins da Costa, de 37 anos, disse ao DIÁRIO DO AÇO que Luizinho estava enfrentando problemas, mas não citou quem o estaria ameaçando. Uma fonte ligada à polícia informou que há dez dias o garoto havia sido espancado próximo à Rocinha, na BR-381.Marinalda, que mora na rua Itajaí, no bairro Caravelas, afirmou que viu o filho pela última vez na noite de sexta-feira. “Ele tinha o costume de ficar dois a três dias sem aparecer. Procuramos no viaduto do bairro Veneza, onde costumava ficar, porém não o localizamos”, contou pouco antes de prestar depoimento à delegada Adeliana Xavier Santos, que preside as investigações do homicídio.Luizinho era o quinto filho de Marinalda e apesar do problema com as drogas e diversos crimes, como furtos e roubos, ela revelou que o adolescente era feliz do jeito dele. “O Luís queria sair desta vida, queria buscar ajuda, inclusive falou isso ao juiz quando foi ouvido em uma audiência. Além disso, ele não estava mais estudando porque era discriminado por ser homossexual”, afirmou a dona de casa.No Conselho Tutelar, o presidente da Regional I, Daniel Cristiano, revelou que os conselheiros vinham acompanhando Luizinho desde os nove anos. “Temos pelo menos onze acompanhamentos dele, mas deve haver mais com outros adolescentes. O caso dele pode ser relacionado à falta de uma política e inexistência de um centro de internação na cidade”, disse.Outros dois adolescentes estão desaparecidos, um deles de 12 anos, morador no bairro Planalto. Outro companheiro dele, de 14 anos, também está desaparecido há mais de 30 dias. “Isso preocupa a gente do Conselho, pois reflete que algo está errado”, desabafa.
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