23 de fevereiro, de 2008 | 00:00

Morre mulher baleada pelo marido

IPABA - A dona de casa Marta Teixeira da Silva, de 37 anos, não chegou ver o assassino da filha ser julgado pelo crime ocorrido em 4 de maio de 2007. Ela morreu na madrugada de ontem por complicações na saúde provocadas em virtude dos tiros disparados pelo marido e que mataram a filha deles, Naiara Andressa da Silva, de 18 anos. O julgamento do braçal Josias Miguel da Silva, de 43 anos, está marcado para a próxima quarta-feira, dia 27, pelo Tribunal do Júri da Comarca de Ipatinga.Marta por pouco não morreu na época do crime, ocorrido na casa dos envolvidos, na avenida Agostinho Teodoro da Cunha, no Bela Vista, no aniversário da cidade. Ela passou por cirurgias e vivia abalada emocionalmente. “Ela tentava levar a vida, mas sofria pelo que passou”, disse Onofra Marques Teixeira, de 42, irmã de Marta.A dona de casa teve uma recaída na sua saúde no dia 13, quando foi levada às pressas para o Pronto-Socorro Municipal, em Ipatinga, Diante da gravidade do estado de saúde, ela teve que ser transferida para o Hospital Márcio Cunha. Na madrugada de ontem, Marta acabou morrendo devido às complicações dos ferimentos provocados pelos tiros que a atingiram no dia da confusão com o marido. O velório ocorreu na igreja Batista, em Ipaba, na mesma avenida onde morava. O enterro aconteceu no fim da tarde de ontem, no cemitério local. DiárioMarta deixou três filhos e uma filha, conforme informou Onofra durante o funeral da irmã. Ela revelou ao DIÁRIO DO AÇO as 18 páginas de uma espécie de diário descoberto pela família, guardado debaixo do colchão logo após a morte de Naiara.Emocionada, Onofra leu trechos do diário onde se percebia nitidamente que Marta já previa que algo de ruim iria abater sobre sua família. “No dia 27 de abril, Naiara saiu de casa com colegas. Era aniversário da menina e ela foi violentamente espancada pelo pai. Minha irmã não se abria conosco, acho que escrevia o que acontecia para desabafar”, comentou.A mãe de Naiara reclama em um dos trechos que nem dinheiro para comprar presente para o sobrinho, que casara em 28 de abril, ela tinha. Marta revela ainda, em um dos trechos, onde o marido comprou o revólver que dias depois seria usado para matar a filha e baleá-la também. “Enfiou o revólver na minha orelha. Homem ou Diabo?”, perguntava a dona de casa, que desabafava em outra página: “minha vontade era morrer e acabar com isso”.As sessões de violência eram constantes, conforme Onofra, que chegou a chorar ao ler o recado dado por Marta no diário. “Ela nos pediu que cuidássemos dos filhos dela, que não deixassem eles fora da escola. Agora entendo que minha irmã não saiu de casa para proteger os filhos dela”, lamentou.Acusado foi preso dois dias depois pela PMO braçal Josias Miguel da Silva foi preso dois dias depois de matar a filha Naiara Andressa da Silva e balear a esposa Marta Teixeira da Silva. Ele estava escondido na área conhecida por ‘mirante’ da Cenibra, município de Ipaba. A arma usada, um revólver calibre 38, alega ter jogado no rio Doce.No dia do crime, Josias teria chegado embriagado em casa e agrediu a filha. Ele passou a discutir com a esposa armado com um revólver calibre 38. Naiara entrou na frente da mãe para defendê-la, quando acabou ferida com um tiro nas costas e outro no pescoço, que saiu no rosto. Marta foi ferida no tórax, lado esquerdo, e levada ao Hospital Márcio Cunha, onde se recuperou, porém com graves seqüelas.Ao ser preso pela PM, Josias disse em sua defesa que teria sido atacado pelas vítimas e perdeu a cabeça durante as supostas agressões. Porém, a família conta que a agressão sempre partia do braçal, ao contrário do que informou. No Ceresp de Ipatinga, por pouco Josias não foi linchado pelos presos revoltados com o crime. Ele vai ser julgado na quarta-feira, no Tribunal do Júri da 2ª Vara Criminal, que será presidido pelo juiz Antônio Augusto Calaes de Oliveira.