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20 de fevereiro, de 2008 | 00:00

Presos já ocupam novo presídio em Fabriciano

Wellington Fred


Os 153 detentos transferidos ontem pela manhã da cadeia velha para o Ceresp tiveram o cabelo raspado e vestiram o uniforme da Subsecretaria de Administração Prisional
FABRICIANO - Cerca de 160 presos “inauguraram” na manhã de ontem o novo presídio de Coronel Fabriciano em uma megaoperação que contou com quase 170 policiais militares, civis e agentes penitenciários. Quatro ônibus foram utilizados para o transporte dos detentos da antiga cadeia, localizada na rua Boa Vista, no Centro, para a nova, situada no bairro Todos os Santos, área conhecida como Três Grotas.O comando da transferência, iniciada às 7h, foi do subsecretário de Administração Prisional, Genésio Zeferino. “A partir de agora, esta nova unidade passa a somar às 56 unidades prisionais que estão sob a nossa responsabilidade. Os detentos aqui, agora, vão receber atendimento jurídico, terão educação e tratamento de saúde”, ressalta Zeferino.Os presos foram acordados com bombas e um grande aparato policial que atraiu a atenção dos moradores em volta da precária cadeia. As ruas foram fechadas ao trânsito para evitar possíveis problemas na segurança. Agentes da Penitenciária de Ipaba, Unaí, policiais civis do Grupo de Resposta Especial (GRE) se somaram aos policiais civis e militares no cerco ao presídio.O delegado João Xingó de Oliveira, que respondia pela direção da cadeia, manteve a imprensa regional afastada da cadeia. Porém, profissionais da Secretaria de Comunicação do Governo Estadual (Secom) puderam acompanhar dentro do antigo presídio a saída dos presos. Esta situação jogou por terra a alegação de “questão de segurança” dada pelo policial, informando que estava cumprindo ordem superior.“Limpeza”Na cadeia velha de Coronel Fabriciano estavam 153 detentos, que tiveram o cabelo raspado e vestiram o uniforme vermelho da Suapi (Subsecretaria de Administração Prisional). Os agentes apreenderam no local onze celulares, carregadores, chips, chuços e facas caseiras. Outros 25 estão recolhidos no Ceresp de Ipatinga e deverão ser levados para o novo presídio. Desse total, 25 são mulheres e quatro estão grávidas. As detentas foram as primeiras a serem transferidas.Os presos, a contragosto, tiveram que deixar seus pertences na antiga cadeia. Os objetos foram ensacados e numerados. Eles foram levados em comboio para o novo presídio, todos com algemas descartáveis. Eles ganharam chinelos, roupas de cama e material de higiene pessoal. Toda a estrutura da cadeia está praticamente pronta, faltando apenas o acabamento do refeitório dos agentes.O diretor do novo presídio, Alfredo Calixto Batista Terceiro, disse que os presos estão vindo para uma nova realidade e terão um tempo para adaptação. “Por alguns dias eles ficarão sem visitas, pois vamos verificar a situação de saúde de cada um antes de liberarmos as visitas”, explicou Calixto, responsável pela cadeia que conta com 20 celas com capacidade para oito presos em cada e ainda mais duas celas para mulheres.DoaçãoCom a  construção da nova cadeia, os policiais militares e civis que faziam a guarda externa e interna, respectivamente, deixaram este trabalho. O presídio no bairro Todos os Santos contará com cerca de 60 agentes penitenciários, responsáveis pela segurança no local. Alfredo Calixto informou ao DIÁRIO DO AÇO que não haverá solenidade de inauguração. “Apenas fizemos pose para fotos com o subsecretário e o prefeito da cidade em frente à placa”, disse Alfredo.O destino da antiga cadeia ainda não foi definido. Genésio Zeferino alegou que, por conta do Estado, o prédio poderia ser demolido, mas iria sugerir a doação para o município. Diante dessa proposta, o prefeito Francisco Simões (PT) alegou que se receber o prédio vai analisar o que poderá fazer com ele. “Quem sabe uma biblioteca, uma escola, algo que não lembre o passado desta cadeia”, comentou o chefe do Executivo municipal.Moradores comemoramUma grande aglomeração de populares e familiares dos presos aconteceu em volta da cadeia. Enquanto muitos achavam que se tratava de mais uma rebelião, outros já comemoravam o fim da antiga cadeia da rua Boa Vista. Por outro lado, moradores estão temerosos de que o prédio desativado possa possibilitar o tráfico de drogas e outros crimes.É o medo de Ivonete Maria Mendes, que mora nas proximidades. Ela disse ao DIÁRIO DO AÇO que o local, por ser ermo, pode facilitar a presença de pessoas indesejáveis. “Preocupa esta mudança. Espero que a polícia possa sempre dar ronda por aqui para evitar problemas”, comentou Ivonete, preocupação acompanhada pela também moradora da rua, a vendedora Ainelândia Pinheiro de Melo.Ela comemorava o fim da cadeia e também se dizia temerosa. “Aqui passava muito carro de polícia, mas o certo é que a gente tem que comemorar o fim desta cadeia. A gente não tinha paz. Tinha medo de acordar com algum preso invadindo a casa para fugir”, explicou Ainelândia.ReforçoO major Marco Valério Masseno, comandante da PM em Fabriciano, disse que o fim da cadeia antiga possibilita que dez policiais militares voltem para as ruas. “Eles vão reforçar o policiamento na cidade. Sobre o medo dos moradores, vamos intensificar a patrulha no entorno da antiga cadeia”, garantiu o oficial. Além dos PMs, 16 policiais civis poderão se concentrar no trabalho de investigação de crimes na cidade. Wellington Fred
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