13 de dezembro, de 2007 | 00:00

Líder do MST é morto em tocaia

Vítima foi baleada ao lado da esposa e filho de apenas seis anos

Fotos: Wellington Fred


Ontem foi grande a movimentação no local onde João Calazans foi assassinado
PINGO D’ÁGUA - As polícias Civil e Militar já iniciaram as investigações em busca de pistas sobre o assassinato de João Alves de Calazans, de 50 anos, morto a tiros no assentamento Chico Mendes II, anteontem. O líder do Movimento dos Sem-Terra (MST) em Pingo D’Água e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município teria recebido ameaças de morte por problemas relacionados ao assentamento.O assassinato ocorreu durante a noite de anteontem, quando a vítima conversava com a esposa Maria Aparecida da Silva Calazans, de 35 anos, e o filho do casal, de apenas seis anos. “Ele havia chegado de Belo Horizonte e trouxe uns corações de galinha para assar. Meu marido estava alegre, dançava, quando escutei um estouro. Pensei que era foguete e ao olhar para o João ele estava caindo”, contou a viúva do sindicalista rural.Maria Aparecida contou que o assassino provavelmente estava na cerca do terreno ou entre os pés de mandioca, a aproximadamente 30 metros da vítima. “Ficamos desesperadas ao ver o sangue escorrendo e corremos com ele para o hospital (Hospital Márcio Cunha), mas o João não resistiu. Perdi um amigo, um marido, um companheiro. Tem que ser feita justiça; os acusados pelo crime têm que ser presos”, desabafou Maria Aparecida.
Reprodução


João Alves de Calazans, de 50 anos, morto a tiros
O corpo de Calazans foi encaminhado para o Instituto Médico Legal de Ipatinga e liberado no período da tarde para a família. Os legistas constataram dois tiros na vítima, um na coxa e outro na altura do pescoço. O velório ocorreu em Pingo D’Água e o enterro acontece na manhã de hoje, no cemitério municipal de Bom Jesus do Galho, com os amigos e familiares em cortejo até a cidade vizinha.ProblemasEm conversa com amigos, eles revelaram que o sindicalista já teve problemas devido a sua liderança no MST. “Já esperávamos que pudesse ocorrer algo como aconteceu. Cobramos do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que resolvesse o problema do assentamento. Já foi pago ao antigo dono da terra, mas falta resolver o caso dos posseiros e definir o que cada um terá de propriedade”, disse Hélio Martins Silva, integrante da Pastoral da Terra.

Maria Calazans: “Fiquei desesperada ao ver o sangue escorrer do meu marido”
Hélio, que também alega ter sido ameaçado diversas vezes, revelou ao DIÁRIO DO AÇO que há pelo menos hipóteses de conflito interno e conflito ambiental a serem investigadas pela polícia. Uma é a expulsão de uma família por mau comportamento em 1999. Integrantes dela voltaram três anos depois. “Eles foram presos com armas e juraram que voltariam. Outro problema é quanto à vaga de conselheiro do Parque Estadual do Rio Doce, pois uma pessoa exigiu que Calazans cedesse seu cargo”, disse.AssentamentoO assentamento Chico Mendes tem 48 famílias atualmente, num terreno localizado próximo à cidade de Pingo D’Água, município com cerca de 4 mil habitantes e distante 45 quilômetros de Ipatinga. Ele começou a ser criado em 1999 e, três anos depois, o Incra desapropriou a área criando o assentamento. O governador Aécio Neves determinou, na tarde de ontem, o envio de policiais civis da capital para investigar o crime.
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