24 de novembro, de 2007 | 00:00

Polícia revela outros envolvidos

Fotos: Wellington Fred


André teria agarrado Capixaba e dado o primeiro golpe no tórax
IPATINGA - A morte do preso Wágner da Silva Cardoso, de 33 anos, que era conhecido como “Capixaba”, teve outro capítulo na manhã de ontem com novos desdobramentos. Uma testemunha que a polícia pediu ao DIÁRIO DO AÇO para não identificá-la apontou outros  suspeitos de autoria do crime ocorrido na última quarta-feira. Para o delegado Astrogildo Valério, estas pessoas estariam envolvidas diretamente na morte do detento.O delegado seccional Astrogildo contou que uma testemunha revelou todos os detalhes do crime. Segundo a testemunha, Capixaba saiu da cela do seguro - onde ficam os presos ameaçados de morte pelos colegas - para ficar com a mulher dele, recém-transferida do Ceresp de Ipatinga. Esta decisão custou-lhe a vida, já que não era um detento bem quisto pelos outros internos.Capixaba foi atraído para a morte ao ser convidado para fumar o ‘berel’ (mistura de crack com maconha). “Cinco pessoas o chamaram para usar a droga, quando conversava com a mulher na ala feminina. Eles foram para uma cela isolada, onde aconteceram os golpes de chuço”, apurou o delegado Astrogildo.Os autores diretos do crime seriam André Albert Silva de Assis, o conhecido Jamaica, e Woston Cirilo, o Zebrinha. “André teria agarrado Capixaba e dado o primeiro golpe no tórax. Os outros golpes foram aplicados por Zebrinha, conforme relatos da testemunha. Inclusive Jamaica está com um corte no braço provocado na agressão”, afirma Astrogildo.Além de Jamaica e Zebrinha, participaram do crime Jhony Gleisson Silvério, Valdeci Roberto de Souza e Wellington Fernandes de Oliveira, o Tonton. “Estes presos participaram indiretamente, cercando o local para que ocorresse o homicídio. Toda a cadeia sabia da intenção de assassinarem Capixaba, menos os presos do seguro”, revela, acrescentando que ouviu os suspeitos e todos negaram participação na morte de Capixaba.

Os outros foram aplicados por Woston “Zebrinha”
MotivaçãoDe acordo com o delegado as investigações apontam que a morte de Capixaba estaria ‘encomendada’ de outras cadeias por onde passou. O preso ainda gerou mais descontentamento dos colegas de Fabriciano. Após a morte do ajudante Moisés Soares Magalhães na cela 14 no dia 27 de outubro, os detentos planejaram matar todos que estavam na cela. Capixaba teria avisado a um dos recolhidos no local que haveria uma vingança e que todos iriam morrer.Para a cadeia, a ação de Capixaba foi considerada uma traição e ele deveria morrer. “Enquanto estava na cela do seguro, a vida dele estava com certa segurança, mas deu mole ao sair para ver a esposa na cela das mulheres. Este momento foi considerado o ideal para que os presos o matassem”, observou o delegado seccional.Sobre as situações de Márcio Sandro Laranjo, o “Gatão”, de 27 anos, Celecias Juvenal da Cruz, de 25, e Eduardo Drumond Silva, de 19 anos, autuados anteontem pelo crime, o delegado Astrogildo fez uma revelação, acreditando que pode ter havido um equívoco por parte da polícia. “Ao final das investigações poderemos avisar o juiz sobre o envolvimento deles ou não no crime, embora estivessem nas proximidades de onde aconteceu a agressão”, observou.FlagraCapixaba foi assassinado durante o horário de visita na quarta-feira com nove golpes de chuço. A vítima foi esfaqueada em um canto do segundo andar da precária cadeia. No momento do crime, a equipe da TV dos Vales realizava uma reportagem sobre os problemas da cadeia e acabou filmando a morte de Capixaba.AmeaçaNo início da noite de ontem, as polícias Civil e Militar, o Judiciário e a imprensa foram mobilizados com a notícia de que os presos iriam matar os 24 presos recolhidos na cela do seguro. Houve uma mobilização da polícia, mas nada foi constatado. Porém, o clima na cadeia era tenso até o fechamento desta edição.Chefe da Polícia Civil visita a região para verificar problemaO delegado Marco Antônio Monteiro de Castro, chefe-geral da Polícia Civil de Minas Gerais, realizou uma visita ao Vale do Aço na manhã de ontem. Ele chegou de helicóptero e desceu no campo da Associação Atlética Aciaria. Monteiro verificou a situação na 1ª Delegacia Regional de Ipatinga e ainda conheceu a triste realidade da cadeia de Coronel Fabriciano, onde ocorreram dois homicídios em menos de 30 dias.Monteiro visitou também as obras da nova cadeia fabricianense no bairro Todos os Santos. Para amenizar a situação, ele garantiu solicitar ao secretário de Defesa Social o envio de seis agentes penitenciários para Fabriciano para auxiliar os policiais civis até a inauguração do novo presídio prevista para o fim de dezembro. Outra garantia é o envio de escrivães para o Vale do Aço.
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