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31 de outubro, de 2007 | 00:00

Dois presos de Fabriciano são mortos no Ceresp

Wellington Fred


Os corpos das vítimas foram localizados após a chegada do reforço policial
IPATINGA - Uma ação coordenada pelos presos das três cadeias do Vale do Aço mobilizou o sistema de segurança pública da região. Com o objetivo de vingar a morte de Moisés Soares Magalhães, de 22 anos, assassinado na cadeia de Fabriciano, no último sábado, os detentos realizaram motins para matar os 18 ocupantes da cela onde estava a vítima. Após o crime, eles foram transferidos para Timóteo e Ipatinga. No Ceresp, os detentos mataram Bruno Dênis Ferreira de Morais, 29 anos, e Edmilson Paulo da Silva, de 41 anos.A confusão generalizada na noite de segunda-feira no Vale do Aço teve início na cadeia de Timóteo, quando os presos agrediram dois dos oito detentos que vieram transferidos de Coronel Fabriciano. Os presos estouraram os cadeados e atearam fogo em alguns colchões e lençóis. Um forte aparato policial se deslocou para a cadeia, inclusive com o Corpo de Bombeiros para controlar as chamas. Os detentos conseguiram com o intento desviar a atenção das autoridades policiais para Timóteo quando provocaram o motim no Centro de Remanejamento de Presos, o Ceresp de Ipatinga.Eles estouraram os 22 cadeados das celas dos blocos A e B, partindo para cima dos dez presos transferidos de Fabriciano para Ipatinga, surpreendendo os policiais que se encontravam preocupados com a situação na outra cidade. “Foi algo calculado, planejado, não resta dúvida. A morte de Moisés foi o motivo para a ação dos presos”, adiantou o diretor do Ceresp, delegado João Xingó de Oliveira.
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Foram assassinados com vários golpes de chuços e golpes na cabeça Bruno Dênis e Edmilson Paulo
ViolênciaForam mortos com vários golpes de chuços e golpes na cabeça os presos Bruno Dênis e Edmilson Paulo. Os corpos das vítimas estavam repletos de sinais de violência, localizados assim que o reforço policial chegou ao local com bombas de efeito moral e de gás, além de vários disparos de munição não letal (bala de borracha). Saiu ferido na confusão, com uma perfuração no olho esquerdo, Cláudio Almeida Sabino, 34 anos, detento do Ceresp, encaminhado pelo resgate do Corpo de Bombeiros ao Hospital Márcio Cunha.Os corpos foram removidos para o Instituto Médico Legal de Ipatinga após os trabalhos do perito Gilmar Miranda, já na madrugada de ontem. Na parte da tarde, os familiares buscaram os corpos. Edmilson morava na rua Bahia, no bairro Amaro Lanari, em Coronel Fabriciano, era casado e deixou dois filhos. Bruno também era casado, mas sem filhos. Ele residia na rua Tamoios, no bairro Caladinho de Cima, em Fabriciano.PaliativoPara evitar mais problemas e mortes, o delegado regional Sebastião Rodrigues Costa conseguiu um paliativo para a situação. Na tarde de ontem, os presos levados para Timóteo e Ipatinga foram transferidos para outras cadeias do Estado. “É algo paliativo diante do momento difícil que estamos vivendo”, comentou o diretor do Ceresp, João Xingó.
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Edmilson Paulo
O pai de Edmilson Paulo, o aposentado Joaquim Marcílio da Silva, de 72 anos, disse que só ficou sabendo da morte do filho pelo rádio. “Hoje (ontem), escutei o noticiário e ouvi o nome do meu filho. Liguei para o Ceresp, quando os funcionários me confirmaram a morte. Falei com ele pelo telefone durante o dia e disse que estava sendo ameaçado”, recordou Joaquim ao providenciar junto ao IML a liberação do corpo do filho.Polícia suspeita que vingança teve influência da mãe do preso mortoO delegado João Xingó de Oliveira, ainda durante o trabalho de conferência no Ceresp, após a morte dos dois presos oriundos de Coronel Fabriciano, levantou a possibilidade de os motins nas cadeias do Vale do Aço serem resultado de vingança. Ele apontou para a influência que tem Oderça Leone Magalhães, a “Mãe de 12”, mulher que já cumpriu pena por tráfico de drogas e é mãe de Moisés Magalhães, detento morto no último sábado na cadeia de Fabriciano.O policial disse que a apuração do duplo homicídio ocorrido no Ceresp ficará a cargo da delegada Adeliana Xavier dos Santos, titular da Delegacia Adjunta de Crimes contra a Vida (DACcV). Porém, os anos de experiência policial já apontam para uma suspeita: “Oderça é uma pessoa com muito respeito na cadeia. Os presos estariam vingando a morte do filho dela. Como há telefones celulares nas cadeias, daí surgiu a ordem de matar”, observou Xingó.FabricianoNo sábado à noite, Moisés foi morto na cela 4 da cadeia de Fabriciano. O vendedor Welton Ramos, de 22 anos, confessou a autoria do crime, porém os policiais civis não acreditam que apenas ele tenha cometido o crime. Pelo visto, os presos das outras celas têm a mesma opinião da polícia. No domingo, eles estouram os cadeados e tentaram atear fogo em colchões na entrada da cela onde aconteceu o assassinato, fato que poderia provocar uma chacina igual à ocorrida no presídio de Ponte Nova. Em agosto, morreram 25 presos carbonizados numa luta entre rivais na cidade da Zona da Mata mineira.
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