12 de outubro, de 2007 | 00:00

Adolescentes à margem da lei

Praticamente todos os dias há apreensões de infratores em Ipatinga

Wellington Fred


Polícia tem encontrado dificuldades em relação aos crimes praticados por adolescentes
IPATINGA - Meninos e meninas que deveriam estar na escola ou brincando com seus amigos, principalmente hoje, quando se comemora o Dia da Criança, se transformaram em um problema na área de segurança. Praticamente todos os dias, crianças e adolescentes infratores são apreendidos por policiais militares. Eles estão envolvidos em casos de roubos, furtos e até uso de drogas; porém, a falta de um Centro de Internação deixa nos menores a sensação de impunidade aos atos praticados por eles.O problema foi apresentado para a imprensa pelo comandante do 14º Batalhão, tenente-coronel Sebastião Pereira de Siqueira. Com dados estatísticos, o oficial informou que sugeriu em ofício enviado ao Judiciário e ao Ministério Público algumas medidas que podem ser adotadas em parceria. “Não temos condições de recolher todos ao Ceresp. Sugerimos que sejam recolhidos em suas casas a partir de algum horário. A PM ficaria de fiscalizar se estão cumprindo mesmo a determinação”, apontou.O oficial apresentou alguns “campeões” de passagens. Entre eles está um adolescente de 13 anos com 28 registros nos dados da PM. O primeiro crime dele foi registrado em 5 de julho de 2006 , um furto a pedestre. O último caso ocorreu em 7 de setembro deste ano. Outro jovem é um de 16 anos e com 30 idas até a delegacia. Ele começou  na criminalidade em agosto de 2004 com um caso de dano.ReincidênciaDiante da alta reincidência, o comandante defende maior envolvimento dos pais e antecipou que pretende se reunir com todos os órgãos responsáveis. “Vamos pensar em uma reunião com o Ministério Público, Conselho Tutelar e até familiares destes adolescentes para envolver os pais e cobrar responsabilidade pelos atos dos filhos”, esclareceu.A falta de um centro de internação aumenta o problema. Hoje, os adolescentes são internados numa cela no Centro de Remanejamento de Presos, o Ceresp de Ipatinga. Fato igual em todas as cadeias da região, o que é proibido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). “Já existe uma previsão para a construção deste centro, porém houve um problema na estrutura do terreno. Esperamos que no ano que vem consigamos este centro de internação”, espera o oficial.CrimesEntre os principais atos infracionais análogos ao Código Penal em que se envolvem os adolescentes, estão arrombamentos a comércio e  roubos contra pedestres. Estes crimes têm gerado insatisfação junto à comunidade e informações apuradas pelo Serviço de Inteligência apontam que cresce o clima de “fazer justiça com as próprias mãos”, colocando em risco a vida dos infratores.O ânimo dos policiais militares também é um problema apontado pelo comando da PM. É preciso motivação para fazer com  que continuem trabalhando com o mesmo desempenho das outras ocorrências envolvendo adultos. “Em todas as reuniões com a tropa estamos falando sobre isso, em motivá-los. Estamos defendendo como uma prioridade e vamos continuar a nossa missão até que seja minimizado”, finalizou.Há alguns adultos também problemáticos, conforme o estudo da PM. O campeão de “passeio” na viatura policial e, por incrível que pareça, não está preso, é Sandro Arlindo Rosa da Silva, de 20 anos. Ele tem nos registros do 14º Batalhão 73 passagens, e estaria foragido para o estado do Espírito Santo.Criança de 10 anos vira caso de políciaEle tem menos de um metro e meio de altura, mas possui a cabeça e o pensamento de adulto. É a criança de dez anos que atualmente é o maior problema da PM. Apesar da pouca idade, ele ataca mulheres para roubar cordões. A jóia é vendida para comprar drogas. O pai, o mecânico montador L., de 47 anos, disse que não sabe mais o que fazer para tirar o filho do caminho do crime.Na tarde de ontem a criança se envolveu em mais um caso de roubo a pedestre. Desta vez a vítima foi uma estudante de 17 anos, atacada na rua Serra do Mar, no bairro Jardim Panorama. Como ele é um velho conhecido da PM, os militares conseguiram ligar o crime ao menino e, em pouco tempo, ele, o companheiro dele, um adolescente, e outra pessoa que comprou o cordão estavam detidos.Segundo o pai, ele não consegue mais controlar o filho e busca meios para internar o garoto numa instituição de recuperação. “Já me prometeram escola, um lugar para interná-lo, mas até agora nada. Meu filho já disse que quer sair desta vida. Sei que a qualquer hora, deste jeito, ele vai acabar morto”, lamenta.
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