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11 de outubro, de 2007 | 00:00

Travessia fatal em Timóteo

Moradores reclamam da falta de passarela entre os bairros Nova Esperança e Alegre, onde Edna foi atropelada

Wellington Fred


O corpo de Edna Maria foi identificado pelas irmãs no IML
TIMÓTEO - A catadora de materiais recicláveis Edna Maria Fernandes, de 56 anos, morreu atropelada por um trem na perigosa passagem entre os bairros Nova Esperança e Alegre. O acidente ocorrido na noite de terça-feira provocou muita revolta nos moradores do local, que há anos exigem a construção de uma passarela sobre a estrada de ferro e agora sobre o Contorno Rodoviário recém-construído entre os bairros.Edna era muito conhecida entre os moradores do Nova Esperança e vivia sozinha em um barraco construído com o apoio da comunidade. “Ela catava material reciclável, garrafas e assim ia levando a vida por aqui. Infelizmente ocorreu este fato e agora estamos apreensivos com a situação desta travessia”, disse a amiga de Edna, a doméstica Cleuza Maria dos Santos Nascimento, de 51 anos.De acordo com moradores, Edna voltava do Alegre para o Nova Esperança trazendo uma vasilha com alimentos. Ela foi atingida pela composição da Vale do Rio Doce e morreu na hora. “Ontem (anteontem) uma mulher quebrou o braço ao ser atingida pelo trem. Desta vez perdemos uma moradora e uma pessoa que todos gostavam muito”, acrescentou a doméstica.Ela e vários moradores reclamaram da promessa não cumprida das autoridades sobre a construção da passarela ligando os bairros Alegre e Nova Esperança. A briga pela passagem começou bem antes da abertura do Contorno. “Ninguém tem tranqüilidade para deixar as crianças irem à escola”, ressaltou Cleuza.O corpo de Edna foi removido ao Instituto Médico Legal (IML) de Ipatinga ainda na noite de terça-feira, após os trabalhos da perita Laudiene. Ela ficou no local como pessoa desconhecida devido à falta de documentos até a manhã de ontem, quando suas irmãs a identificaram junto ao auxiliar de necropsia Nilton de Oliveira “Pé-na-Cova”.RevoltaNo local, acompanhando o tumulto provocado por várias pessoas, o DIÁRIO DO AÇO conversou com o presidente da Associação de Moradores do Bairro Nova Esperança, Marcílio dos Santos. Ele afirma que está cansado de aguardar providências para que seja solucionado o problema. “Morreu a nossa amiga neste trecho, onde já cansamos de ouvir promessas e nada foi feito até agora”, desabafa o líder comunitário.Ele e o vereador Eduardo Carvalho (PT) informaram que estiveram no Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (Dnit), em Belo Horizonte, nos últimos dias. Para surpresa deles, houve uma troca de engenheiros responsáveis pelas obras do órgão. “O novo profissional nem sabia do que a gente falava com ele”, aponta o vereador.Familiares de Edna moram em NaqueO corpo de Edna Maria Fernandes será sepultado na zona rural de Naque, município onde residem seus familiares. Três das irmãs dela estiveram no IML de Ipatinga na manhã de ontem. Elas confirmaram que a irmã não gostava de morar com eles e preferia a vida solitária. “Edna gostava da liberdade, de poder sair e beber sua cachaça tranqüila”, revela a doméstica Vânia Ferreira da Cruz, irmã mais nova da vítima.De acordo com Vânia, toda a família tentou ajudá-la, mas ela gostava mesmo era da vida sozinha, de ter suas coisas. “Estive com ela no final do mês de julho e estava feliz. Agora vamos providenciar sua documentação para podermos liberar o corpo e sepultá-lo no cemitério de Naque-Naquinho. Ela morou pouco tempo nesta localidade, porém deixou muitos amigos”, finalizou.
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