02 de outubro, de 2007 | 00:00

Fugas em série na “sucursal do inferno”

Fotos: Wellington Fred


O ‘tatu’, como é chamado o túnel, foi fechado no mesmo dia
FABRICIANO - O histórico do prédio que recebe o nome de cadeia pública de Coronel Fabriciano é marcado por fugas das mais variadas formas. Apenas ontem, em 12 horas, duas escapadas movimentaram as polícias Militar e Civil. Ao todo, nos dois episódios, fugiram nove detentos. Seis deles foram recapturados.O primeiro problema ocorreu na madrugada de ontem, quando os presos das celas 4 a 8 estouraram os cadeados. Eles serraram as grades de algumas celas e foram para a cela 3, onde teve início o ‘tatu’ (túnel, na vasta linguagem dos detentos), que foi finalizado no lote vizinho. Policiais militares deram o alarme quando notaram a movimentação estranha no pátio do presídio.A PM agiu rapidamente e conseguiu recapturar, minutos após a descoberta da fuga, Juliano Ferreira Campos, de 26, Edmilson Paulo da Silva, de 41 anos, Aquiles Magalhães de Andrade, de 21 anos, e Sérgio da Silva Teodoro, de 22 anos. Eles estavam escondidos num lote de uma residência próxima à cadeia, na rua Boa Vista, e foram encaminhados novamente para o presídio fabricianense.No calor da fuga, foi constatado que 19 presos escaparam da cadeia. Os policiais realizaram, durante toda a manhã de ontem, um trabalho de peneira com a lista. Na checagem, foi descoberto que na listagem havia detentos transferidos para outras cadeias, alguns que ganharam alvará de soltura e outras situações, como presos por não pagamento de pensão alimentícia. Estes presos especiais ficam recolhidos numa cela improvisada na sede da 19ª Delegacia Seccional, conforme prevê a lei. Eles não podem ficar numa mesma cela de preso comum.Ao todo, depois de muito trabalho para apurar a lista oficial de “fujões”, a listagem caiu apenas para três detentos: Isaque Graças Maria, Jucélio de Melo e Woston Cirilo. Até o fechamento desta edição, no início da noite de ontem, nenhum dos presos fugitivos havia sido localizado pela Polícia Militar.“De novo”Enquanto era planejada a finalização desta cobertura jornalística, os presos “aprontaram” outra na cadeia de Coronel Fabriciano. Dois detentos conseguiram escapar por volta do meio-dia de ontem, serrando a grade da cela 4. Foram eles: Marcelo Mariano da Silva, de 22 anos, e Edmilson Paulo, o mesmo que já havia sido protagonista da outra fuga, porém recapturado com mais três presos na madrugada.O cabo Wanderley Lima e o soldado Amós de Barros localizaram os fugitivos pouco tempo depois na rua B, no bairro Manoel Maia. “Graças à rápida informação passada pelo colega PM da guarita, que faz a vigilância externa, conseguimos localizar os dois que escaparam, a três quilômetros da cadeia de Fabriciano”, contou o cabo Lima.O delegado Alexsander Esteves Palmeira, diretor da cadeia, informou que o problema só vai ser mesmo resolvido com a nova cadeia. “Até que a nova cadeia seja inaugurada, previsto para ocorrer no fim do ano, vamos ter que conviver com esta situação. Temos até um soldador que fica de prontidão para soldar as grades serradas na cadeia. É uma situação crítica”, lamenta Alexsander, que passou a madrugada acordado acompanhando os trabalhos para evitar novas fugas.

Dez defensores analisam processos de quase 200 presos
Mutirão inicia os trabalhos de revisão dos processosEnquanto são registradas fugas, uma comitiva de dez defensores públicos iniciou ontem o mutirão nos processos dos quase 200 presos recolhidos na cadeia de Coronel Fabriciano, local que só teria vaga para 60 detentos. A iniciativa partiu da visita da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal. Os defensores vão trabalhar até quarta-feira analisando a situação processual dos detentos do presídio, conforme informou o chefe da comitiva, Marcelo Tadeu de Oliveira.Ele adiantou ao DIÁRIO DO AÇO que serão analisados todos os processos dos detentos e verificada a situação deles perante a Justiça. “Dividimos hoje os defensores em dois grupos; um, no levantamento dos processos no Fórum, e o outro grupo vai ouvir as queixas dos presos na cadeia. Com estas informações poderemos analisar o que será feito para cada um deles”, disse o defensor Marcelo.
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