22 de setembro, de 2007 | 00:00

Lemos cara a cara com o pistoleiro

Delegado confirma ameaças de morte em Governador Valadares

VALADARES - O delegado Francisco Pereira Lemos esteve ontem em Governador Valadares e ouviu o pistoleiro Adriano Rodrigues Miranda, o “Pitbull”, 23 anos, internado num hospital da cidade. Lemos e equipe foram os responsáveis pela descoberta de um esquema de pistolagem envolvendo o ex-prefeito de Tarumirim, João Correia da Silveira, o “João Caboclo”, de 50 anos. O delegado recebeu determinação da Superintendência da Polícia Civil, em Belo Horizonte, para apoiar a equipe de investigação da 5ª Delegacia Regional de Polícia Civil.O titular da delegacia de Timóteo vai ajudar na apuração do atentado ocorrido em Governador Valadares, no último dia 10, envolvendo um policial militar e que estaria ligado a um esquema de pistolagem chefiado por um ex-prefeito da região. A vítima do militar foi Pitbull, baleado na garupa de uma motocicleta, na avenida JK, no bairro Vila Bretas.O policial do Vale do Aço se reuniu com o delegado regional de Valadares, Marcos José de Paula. Em seguida, foi ao Hospital Municipal para conversar com Adriano, que confirmou ter recebido uma proposta de R$ 60 mil para matar o delegado. A proposta, segundo ele, teria partido do ex-prefeito de Tarumirim, João Caboclo. Mas o delegado Lemos disse que já sabia há muito tempo que queriam matá-lo, informação recebida de uma pessoa que mora nos Estados Unidos. Esta pessoa ligou para Lemos e disse que estava sabendo que um homem rico da região estava juntando dinheiro para que o “serviço” fosse feito. O motivo: a prisão de João Caboclo. Este homem seria José Sena da Silveira, irmão de João Caboclo. A descoberta sobre as execuções que teriam sido ordenadas por “João Caboclo” começou depois da morte de Oliveira de Paula, em outubro do ano passado, em Timóteo. Uma conversa por telefone entre Adriano e o ex-prefeito de Tarumurim levou os investigadores até ao mandante do crime, que teve como motivação, segundo o delegado, dívidas pela compra de gado na fazenda de “João Caboclo”.Outras pessoas envolvidas na negociação pela compra do gado estavam marcadas para morrer. Uma das vítimas, conhecida como “Getrim”, é moradora da cidade de Sobrália (MG), onde Adriano teria passado cerca de uma semana pesquisando meios para matá-la. Adriano já havia confessado, no final do ano passado, que cobrava R$ 5 mil pelas mortes. Arquivo vivoO delegado definiu Adriano como um “arquivo vivo” e que deve ser protegido. Durante sua prisão, no ano passado, Adriano chegou a comentar com o delegado que não ficaria preso, pois seu “patrão” é uma pessoa influente e poderia até pagar pela liberação dele. Lemos lembrou que apesar de estarem em liberdade, Adriano e “João Caboclo” irão a júri popular em novembro pela morte de Oliveira.Lemos esteve duas vezes no Hospital Municipal conversando com Adriano. Uma pela manhã, quando conversou informalmente com o rapaz, que está sob escolta policial, e outra à tarde, quando o delegado tomou o depoimento de “Pitbull”. O objetivo era tentar recolher novas informações a respeito do atentado do último dia 10, na avenida JK, no bairro Vila Bretas, quando Adriano foi baleado pelo cabo Araújo, da PM.Sindicato do crimeO ocorrido pode estar ligado ao esquema de pistolagem denunciado anteontem pelo deputado estadual Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que esteve em Valadares e definiu o esquema como uma espécie de “Sindicato do Crime”. Segundo o delegado de Timóteo, o deputado também teria sido jurado de morte e Adriano receberia R$ 100 mil para matá-lo, possivelmente também a mando de “João Caboclo”.“Nessa nossa conversa de hoje (ontem), o Adriano ratificou praticamente tudo o que havia falado antes. Que era pistoleiro do ‘João Caboclo’ e do José Sena, e que, a mando dos dois, já matou cinco pessoas, e não 16 como ele havia me dito antes (ao prestar depoimento quando foi preso em 2006). As vítimas seriam de Timóteo, Valadares, Caratinga e do Bugre”. Segundo o delegado, também estavam na “lista negra” do pistoleiro um policial militar de Iapu e um candidato a prefeito de Tarumirim.
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