05 de setembro, de 2007 | 00:00

Vigilante que matou colega pega 24 anos

Fotos: Wôlmer Ezequiel


O acusado teria praticado o crime para roubar cabos elétricos de uma obra no local e objetos pessoais da vítima
IPATINGA - Em uma sentença de 12 páginas, o juiz Maurício Leitão Linhares condenou o vigia Adão de Jesus Pereira, de 32 anos, a uma pena de 24 anos de cadeia por latrocínio (matar para roubar) qualificado por motivo cruel. No dia 21 de fevereiro deste ano, numa Quarta-feira de Cinzas, Adão matou com golpes de faca o vigilante Iziel Mendonça da Silva, de 57 anos, dentro do pátio da Faculdade de Direito de Ipatinga (Fadipa). O acusado teria praticado o crime para roubar cabos elétricos de uma obra no local e objetos pessoais da vítima.Segundo o magistrado, o trabalho eficiente da Polícia Civil, iniciado com o rastreamento do celular roubado de Iziel, possibilitou que os policiais chegassem até a namorada de Adão, Eliane Gomes dos Reis. Ela recebeu várias ligações do acusado no telefone da vítima que Adão a presenteou. Com a quebra do sigilo telefônico, os agentes chegaram até Adão, que estava afastado da Fadipa por problemas de doença. O vigia foi preso cinco dias depois do crime, confessado por ele.O juiz avaliou a conduta do vigia diante do que foi apurado das oitivas em juízo e provas colhidas pela Polícia Civil: “A frieza demonstrada pelo réu é impressionante quando a isto se confrontam depoimentos que o apontam como pessoa benquista e querida”, ressalta o juiz na sentença a que o DIÁRIO DO AÇO teve acesso, ontem, datada em 16 de agosto.
Reprodução


Iziel foi morto a facadas
Durante a fase processual, Adão tentou argumentar que foi à faculdade não de madrugada, mas sim à noite, para discutir com a vítima o pagamento de uma dívida de R$ 500. Iziel teria pagado o débito com os objetos dele (celular, carregador, um radinho de pilha e a bicicleta) e ainda o rolo de cabos elétricos. Ele alegou que gerou a briga por não aceitar os fios por suspeitar que fossem da Fadipa. Daí surgiu a agressão até a morte do vigia noturno. ÁlibiPara o juiz, ele tentou criar um álibi (a namorada) para explicar os motivos que o levaram ir até a Fadipa pois, inicialmente, disse para a namorada que mandou matar uma pessoa por lhe dever. Ele tentou encaixar o valor da falsa dívida com os objetos levados. Inicialmente, teria dito à namorada que o débito seria de R$ 4 mil, mas chegou depois a um outro valor.O juiz Maurício Leitão apontou as tentativas de fugir da responsabilidade de um crime grave, como é o caso de latrocínio, e com uma pena pesada. Adão entrou em várias contradições e tentou se passar por vítima, chegando a dizer que agiu em legítima defesa. “Restou evidente que o réu foi ao local para subtrair bens. Acabou se encontrando com a vítima no local e teve que matá-la para conseguir seu intento”, relata o juiz.

“O golpe (de faca) em sua garganta foi fatal”, disse friamente o assassino
O magistrado titular da 1ª Vara Criminal de Ipatinga sentenciou Adão a uma pena base de 22 anos por latrocínio e o aumento de dois anos por causa da agravante de meio cruel, totalizando 24 anos de prisão no regime fechado. Ele se encontra recolhido no Ceresp de Ipatinga, onde vai aguardar o julgamento da apelação impetrada pelos seus advogados de defesa junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais.Reconstituição do crime assustou até os policiaisO vigia Adão de Jesus Pereira realizou a reconstituição da morte de Iziel Mendonça da Silva dias depois de ser preso, no bairro Bonfim, em Belo Horizonte. A frieza e os detalhes do crime assustaram até mesmo os policiais civis que participaram dos trabalhos comandados pelo delegado João Xingó de Oliveira, acompanhado pelo DIÁRIO DO AÇO na época.Ao ser preso, alegou que cometeu o crime porque precisava de dinheiro para viajar a Belo Horizonte, onde visitaria a namorada e um irmão que se encontra doente. Adão afirmou que o crime não foi premeditado e que agiu sozinho ao assassinar a golpes de faca seu colega de trabalho. Chegou-se a cogitar no envolvimento de outra pessoa no latrocínio, mas nada foi provado. Inicialmente ele alegou que a intenção era furtar o dinheiro da salinha de xerox, que funciona no andar superior. Ao ser reconhecido por Iziel, o atacou com um extintor de incêndio, acertando sua cabeça. Em seguida, desferiu várias facadas na vítima. “O golpe (de faca) em sua garganta foi fatal”, disse friamente o assassino na apresentação à imprensa.
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