25 de agosto, de 2007 | 00:00

Chegam ao fim 17 dias de apreensão

Ipatinguense que morreu misteriosamente nos Estados Unidos é enterrado. Familiares acreditam que verdade irá prevalecer

Fotos: Wôlmer Ezequiel


A mãe de Edmar, Sebastiana Colares, teve que ser consolada pelos filhos
IPATINGA - O fim de um capítulo. É a definição de parte da família no fim da tarde de ontem após o enterro do corpo de Edmar Alves de Araújo, de 34 anos. O ipatinguense morreu de forma misteriosa nos Estados Unidos, quando estava sob a custódia de agentes da imigração. Os familiares alegam que ele não resistiu ao ficar sem o medicamento para epilepsia utilizado regularmente. As autoridades norte-americanas ainda não divulgaram o laudo de necropsia.O início do velório, ocorrido na capela-central do cemitério Parque Senhora da Paz, no bairro Veneza II, começou com quase uma hora de atraso. Os familiares não confirmaram, mas informações conseguidas junto a outras fontes apontaram que eles tentaram um novo exame de necropsia no corpo de Edmar, desta vez no Instituto Médico-Legal de Ipatinga.O delegado regional Sebastião Rodrigues Costa não permitiu o procedimento extra no corpo do ipatinguense e explicou ao DIÁRIO DO AÇO os motivos: “A morte não ocorreu aqui na nossa região, já foi feito um exame no corpo. Só vai acontecer o exame se houver determinação judicial”, antecipou o chefe da Polícia Civil no Vale do Aço, na manhã de ontem.A quarta-feira foi o início do traslado do corpo do ipatinguense. Embarcada em um vôo nos EUA, a urna funerária chegou a São Paulo na quinta-feira de madrugada. No fim da manhã ela foi transferida para um outro avião com destino ao aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. De lá, o caixão foi transportado pela funerária Vale do Aço, de Ipatinga, e só chegou por volta das 2 horas de ontem.O traslado, avaliado em US$ 10 mil, foi custeado pela família de Edmar, conforme confirmou o operador Geraldo Magela de Araújo, de 40 anos, irmão do ipatinguense. “Não tivemos qualquer ajuda para o transporte até o Brasil. Aqui conseguimos o apoio da Prefeitura de Ipatinga, que providenciou o transporte da urna de Belo Horizonte para Ipatinga”, revelou o operador.

Autoridades norte-americanas ainda não divulgaram laudo de necropsia do corpo de Edmar
EnterroO enterro ocorreu por volta das 17h30, com vários amigos e familiares presentes à capela-central do cemitério Senhora da Paz. A mãe de Edmar, Sebastiana Colares de Araújo, teve que ser consolada pelos filhos e não conseguiu acompanhar o sepultamento. Entre os políticos que compareceram ao velório, estiveram o prefeito de Ipatinga Sebastião Quintão e a vice-prefeita Mariza Gravina.Geraldo Magela acredita que haverá uma informação clara e correta das autoridades norte-americanas no laudo de necropsia a ser emitido sobre a morte do irmão. “Esperamos que tudo seja esclarecido. Temos confiança que a justiça prevalecerá. Deus vai abençoar e mostrar o que é correto”, disse o operador ao DIÁRIO DO AÇO.DrogasO irmão de Edmar só alterou o tom de voz ao falar sobre a reportagem do Fantástico, da Rede Globo, que apontou uma possível morte por overdose. O ipatinguense teria engolido droga ao saber que seria abordado, além de levantar uma hipótese de envolvimento com tráfico. “Foi um coitado (repórter) inexperiente e que não sabe trabalhar. Minha irmã (Irene Araújo) concedeu entrevista para ele e a reportagem não divulgou nada”, afirma.Edmar chegou aos Estados Unidos como a maioria dos imigrantes: pela fronteira com o México. Ele morava em Milford, no estado de Massachussets, onde trabalhava num posto de combustíveis como frentista e também como pintor de paredes. Há quase cinco anos no exterior, ele já pensava em voltar ao Brasil. “Inclusive foi a conversa que teve com a nossa mãe pelo telefone, uma hora antes de ser preso”, finalizou.Infração no trânsito deu início ao martírioA visita de rotina até a casa da irmã Irene Araújo, no estado de Rhode Island, custou caro para o ipatinguense Edmar Alves de Araújo. Ele esteve na casa da irmã na cidade de Woonsocket e, ao ir embora, entrou na contramão de direção. Ao ser abordado, os policiais descobriram que Edmar estava com uma ordem de deportação emitida em 2002 e acionaram os agentes de imigração.Edmar ligou para a irmã Irene, que foi até a polícia de Woonsocket. Ela alega que os policiais se recusaram a receber a medicação para epilepsia, mesmo alertando que ele tinha sérios problemas de saúde e que não poderia deixar de tomar o remédio. Edmar ficou sob custódia das autoridades federais e, cerca de uma hora depois, começou o mal-estar. Ele foi levado ao Hospital de Rhode Island e acabou morrendo.O jornal Comunidade News (www.comunidadenews.com) de Danbury, informou na terça-feira (21) que Edmar já havia sido preso antes, conforme Thomas O’Loughlin. Ele tem passagem pela polícia de Milford, em 30 de agosto de 2003, por posse de maconha, e foi parado por causa da placa do carro, que não tinha licença. Os policiais sentiram o cheiro da droga, com Edmar sendo liberado ao pagar uma taxa na Corte.Uma outra situação é um possível furto de dinheiro da vítima ocorrido na residência dele. O caso foi descoberto quando Irene esteve no apartamento de Edmar, no dia que ele foi preso. O cofre estava aberto e vazio, fato informado para a polícia, que abriu uma investigação. Enquanto isso, o Itamaraty solicitou ao governo americano, através de nota oficial, rigor na apuração da morte do brasileiro.
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