24 de novembro, de 2016 | 18:21

Bico quebrado

Apontado como favorito aos títulos, Atlético pode fechar temporada de mãos abanando

O ditado anda adormecido. O Grêmio, antes desacreditado e agora dono da situação, está antenado, diz Renato Gaúcho. E quer distância da tal caixinha de surpresas. Citado pela esmagadora maioria dos comentaristas entre os favoritos aos títulos, o Atlético pode fechar pra balanço de mãos abanando em 2016. Quem pensava grande e viu ruir suas pretensões, tem como prêmio de consolação a Florida Cup, levantada com o contestado Diego Aguirre. O uruguaio, diga-se, não contava com muitas das peças depois passadas a Marcelo Oliveira.

Depois do bom trabalho no Coritiba e da afirmação nacional justo à frente do arquirrival, Marcelo passou a ser objeto de consumo em Vespasiano. Mesmo sem dar um padrão de jogo ao Palmeiras, o prestígio do treinador se manteve em alta. No Verdão, o diretor de Futebol, Alexandre Mattos, o mesmo da vitoriosa parceria no Cruzeiro, não titubeou.

Depois da derrota por 2 a 1 para o Nacional, do Uruguai, demitiu o comandante, ainda no vestiário. “As coisas não estão acontecendo da maneira que o Palmeiras precisa. Precisamos evoluir em uma nova etapa”, resumiu o dirigente. Objetivo muito próximo de ser alcançado, com a iminente confirmação do Campeonato Brasileiro, e sem possuir um elenco estelar.

Na véspera das rodadas, analistas apontam as dificuldades dos times para substituir um ou outro jogador. No caso do Atlético, mesmo diante de um número elevado de ausências, eram evidenciados ou nomes dos reservas e ainda de outros figurões para qualquer eventualidade no banco.

Enquanto Jair Ventura, por exemplo, na maior penúria, tirou o Botafogo da condição de virtual rebaixado e levou o clube da Estrela Solitária a brigar na parte de cima, no Galo, em meio a tanta suposta fartura, o esperado encaixe não acontecia.

O fato de chegar à decisão da Copa do Brasil aos trancos e barrancos, não tirou dos ombros do Atlético a responsabilidade maior pelo título. Na cabeça do torcedor atleticano, depois de uma vitória maiúscula no Mineirão, o último ato seria comparecer à Arena do Grêmio pronto para o momento da consagração.

Como é de praxe, em meio aos desabafos após a derrota, voltaram os discursos para cobrar vergonha na cara e outras sandices. Na prática, porém, o desafio é fazer o time adquirir, em uma semana, a estabilidade não alcançada até aqui. Antecipar a dispensa de Marcelo Oliveira foi um gesto para mexer com os brios de jogadores que batem um bolão, mas apenas nos afagos generosos de alguns comentaristas.

E como é muito improvável uma mudança tão repentina, certo é que o Grêmio colocou a mão no caneco e vai fazer de tudo para sacramentar a conquista em sua casa.

À moda da casa
Depois da boa campanha que o credenciava, até certa altura, a brigar pelo título do Brasileirão, o Grêmio fez água. Roger Machado foi dispensado e, para reparar os estragos, chamaram Renato Gaúcho. Boleirão e prata da casa, o treinador fez uma escolha para apontar os rumos do clube no restante da temporada. Entre um time mais leve, com a entrada de seus poucos talentos, ou uma equipe cascuda, com jogadores dispostos a brigar por cada centímetro em campo, preferiu a segunda opção.

E se deu bem. Depois de melhorar no Brasileiro, o Grêmio, pela primeira vez, eliminou o Cruzeiro em disputa pelo sistema mata-mata, e pode salvar a temporada com a conquista da Copa do Brasil pela quinta vez. Com um time à feição da torcida gremista, capaz de ser valente e determinado nos noventa minutos de um jogo.

Dupla queda
Marcelo Oliveira, procurado para retornar à Toca da Raposa, alegou que tinha propostas do exterior. Pouco depois, assinava com o Atlético.

Ricardo Gomes, com o Botafogo no Z4, também se recusou a assumir o Cruzeiro. Não demorou, estava no São Paulo. Agora, caíram num mesmo dia.

Marcelo, certamente influenciado pelo oba-oba de boa parte da imprensa, tentou tirar um sarro com o Cruzeiro. Nem Messi ou Cristiano Ronaldo chegam num clube no sábado e estreiam no dia seguinte contra o arquirrival. Fred entrou, fez gol, e depois ficou marcado pela correria desenfreada pelo gramado do "Indepa" para esconder um reles chinelo.

Treinador e atacante, sem querer, acabaram motivando os cruzeirenses. Como diz o ditado, a bola pune não apenas os
erros táticos, mas também a arrogância.

Papo reto
Diego Lugano não foi deselegante ao comparar Tite com um encantador de serpentes. O treinador sabe mesmo motivar a boleirada. Jogadores acostumados a uma vida de luxo e comodidades que, no Brasil, só existem na casa de pilantras como Sérgio Cabral, vão dar ouvidos a um “professor Dunga?” É pedir demais para quem escuta preleções de Guardiola, Mourinho, Zidane, Ancelotti. O papo não “encaixa” e o jogo idem.

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