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09 de novembro, de 2016 | 14:17

Incongruências brasileiras

Sérgio Orlando Pires de Carvalho

O Brasil entrou em crise. Agora é hora de pagar a conta de tanta gastança desordenada dos últimos treze anos. Assim, a falta de critério com os gastos do dinheiro público, a falta de gestão pública e administrativa e a irresponsabilidade ideológica de um esquerdismo perdido no tempo, algo que não existe mais em nenhum canto do mundo nos levou a esta situação de calamidade.

A situação por si é grave. O país está em recessão profunda, a dívida pública é acentuada, as empresas estatais de grande porte estão falidas, os governos federal, estaduais e municipais também estão todos falidos e com os fundos de pensões das grandes empresas estatais não é diferente.

Dentro deste contexto assistimos a agonia da esquerda fracassada nas urnas em, praticamente, todo o país a qual agora tenta um suspiro com a invasão de escolas e universidades prejudicando ainda mais a já combalida educação brasileira e a grande massa de estudantes que deseja estudar com tranquilidade.

Mais qual é o álibi de agora? O álibi de agora é ser contra a PEC 241 que se refere ao Teto dos Gastos Públicos e a Reforma do Ensino Médio do atual governo. Mas, por que nos treze anos de poder petista não se fez uma educação à moda ultrapassada da esquerda para reclamar agora?

Cabe então a pergunta: a chamada ocupação (invasão) das escolas e das universidades é contra a reforma do Ensino Médio ou é a favor da sabotagem às medidas governamentais para a educação?

Nos anos oitenta exatamente pela falta de critério de gastos com a educação brasileira se vinculou 13% do orçamento público aos gastos com educação. Portanto, já se passaram 36 anos e a educação brasileira não teve nenhum avanço significativo neste período. Todavia, não é a vinculação de gastos com a educação que trará os benefícios sonhados para a educação brasileira.

A má gestão, o inchaço da máquina, as dificuldades de se ter uma gestão séria na área dos recursos humanos para a educação é flagrante. Tudo isto vem impedindo que a educação possa avançar. Não se vê progresso na educação por causa da vinculação de recursos. Onde se vê progresso na educação é com professores bem formados, com escola bem administrada, etc.

O Senador Cristovam Buarque que tem sido uma voz lúcida nessa discussão disse uma frase interessante: “O Brasil não escolheu na sua origem priorizar a educação”. A despeito das dificuldades, o senador tem tido um discurso de prioridade para a educação. Porém, é interessante notar que existem aqueles que quanto mais falam em educação rigorosamente são os que menos fazem pela educação.

Desse modo, a máxima de Nelson Rodrigues que diz: “que toda unanimidade é burra”, acaba por ser verdadeira. Assim, falar de educação é tão unanimidade que acaba por nada acontecer a ela.

Em realidade o Brasil escolheu não dar prioridade à educação, o que está provado pela nossa história. Veja que o Brasil começou o seu sistema de ensino pela universidade ao contrário de outras nações. O Brasil não começou o ensino alfabetizando o índio ou o escravo. Ele começou seu sistema de ensino para satisfazer aos nobres que vieram com a família de Dom João VI para o Brasil. Assim nasceu a educação brasileira.

Por outro lado, num momento que o país precisa limitar os gastos públicos não está dado que vai haver corte na educação, na saúde ou mesmo em outra área qualquer. Apenas está dado que existe um teto, um limite para os gastos e cada unidade da federação, cada município terá que discutir as suas prioridades, assim como na vida real cada família discute as suas prioridades com os seus.

Não podemos é embarcar mais uma vez nas demagogias de sempre, pois o Brasil precisa focar naquilo que é fundamental para a educação. O detalhe é que se o Brasil continuar não dando prioridade, na prática, à educação, com vinculação ou sem vinculação, não teremos futuro!

A mudança no sistema de ensino é necessária. O desenho em potencial para melhorar e organizar o ensino médio e a educação fundamental como um todo é algo para ontem e grande parte da população brasileira quer e precisa de um ensino médio concomitante à educação profissional.

A Reforma do Ensino Médio se apresenta com flexibilidade, com mais escolhas de matérias de estudo pelos estudantes, com a possibilidade de se estudar em tempo integral e com a possibilidade de se fazer um curso profissionalizante. Caso seja dito isso em qualquer país do mundo que os estudantes brasileiros são contra isso, as pessoas perguntarão o que está acontecendo no Brasil? Estão voltando pra trás? O mundo vem caminhando na direção da flexibilização escolar e os nossos alunos são contra?

Infelizmente o Ensino Médio brasileiro tal como ele existe hoje, não existe mais, está falido! Portanto, é um modelo que o país não poderá mais manter.

A realidade do ensino brasileiro é dura. As estatísticas mostram que, infelizmente, mais de 80% dos jovens que saem do Ensino Médio, simplesmente, não conseguem entrar na faculdade e não conseguem se encaixar no mercado de trabalho porque o ensino médio não prepara o aluno para nada, o que é um desastre.

País nenhum do mundo mantém um ensino médio igual para todo o país, com um monte de disciplinas que não seria necessária ao currículo escolar, mas que as escolas insistem colocá-las em prática, o que está ligado a um problema de cabeça dos educadores e dos próprios alunos que não conhecem alternativas para o ensino.

Fala-se muito sobre uma medida provisória para as mudanças do Ensino Médio. Porém, a única coisa que a Medida Provisória fez foi tirar a obrigatoriedade daquilo que já não era obrigatório na LDB (Lei de Diretrizes e Bases).

Segundo especialistas em educação o que passou a ser obrigatório pela LDB é fruto de lobby de sociólogos e filósofos que forçaram em colocar na Lei filosofia e sociologia como obrigatórias, o que acorreu no Governo Lula.

É preciso entender que a Lei de Diretrizes e Bases não diz que Português e Matemática sejam matérias obrigatórias, no entanto todas as escolas têm essas matérias em seus currículos escolares.

Em realidade, o que está em jogo nesta reforma do Ensino Médio é o aluno e pasmem, é a primeira vez que se pensa no aluno como centro das reformas.

Desse modo é preciso dizer que não existe uma justificativa real e sincera para a histeria das invasões escolares, o que é uma pena!

Sérgio Orlando Pires de Carvalho. Economista, MBA Executivo em Gestão Empresarial, PG em Administração de Empresas e Organizações, PG em Metodologia do Ensino Superior, Consultor Econômico-Financeiro e autor dos Livros “Economia & Administração” e “Guilhermina de Jesus e a Família Brasileira”.
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Blog: http://zaibatsum.blogspot.com
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