06 de novembro, de 2016 | 18:10

Manifestação relembra um ano da tragédia em Bento Rodrigues

Um Ano de Lama – Um Ano de Luta: A caravana que percorreu o rio Doce, da foz ao município de Mariana

Elvira Nascimento
Manifestação em Bento Rodrigues lembra um ano da catástrofe ambiental da mineraçao em Mariana MGManifestação em Bento Rodrigues lembra um ano da catástrofe ambiental da mineraçao em Mariana MG
Bento Rodrigues, o subdistrito de Mariana, devastado pela lama de rejeito da barragem de Fundão, que no dia 5 de novembro de 2015, rompeu-se arrastando tudo que encontrava pela frente, inclusive levando à morte 19 pessoas, um ano depois, amanheceu tomada por uma multidão impactada com o que ali presenciaram.

Centenas de pessoas, dentre elas, antigos moradores, pessoas atingidas direta e indiretamente pela lama ao longo do Rio Doce, lideranças de movimentos pró cidadania, ambientalistas e jornalistas de todo o país, debaixo de uma fina chuva lembraram do fatídico dia, numa cerimônia emocionante, ao lado das ruína da escola municipal de Bento Rodrigues.

O movimento denominado “Um Ano de Lama – Um Ano de Luta” organizou uma caravana que partiu de Regência no litoral capixaba em 2 de novembro, percorreu todas as cidades banhadas pela rio até Mariana.

Durante a cerimônia, várias manifestações marcaram o momento que simbolizou um pedido de desculpas aos moradores de Bento Rodrigues, um clamor às autoridades pela solução definitiva, que se arrasta desde a tragédia e maior responsabilidade das autoridades quanto aos empreendimentos da mineração. O manifesto pediu também à Samarco que não conclua o dique em construção, que fatalmente cobrirá de lama a memória de centenas de pessoas.

Além da missa celebrada no local, um dos pontos altos foi a intervenção artística que simbolizava as 19 vítimas do acidente. Membros do Levante Popular da Juventude, todos com os corpos cobertos de lama, retirada do próprio local, representaram os Guerreiros do Rio Doce.
Elvira Nascimento


Após uma emocionante encenação, cada membro do grupo afixou no solo uma cruz, representando cada individuo morto na tragédia e plantaram junto à cruz uma muda de uma árvore.

O evento contou também com a presença do representante do Green Peace, que escreveu sobre as ruínas da escola em letras grandes a palavra “justiça”. No fim, foi registrada uma fotografia por um drone que representará o evento nos diversos países.

Segundo Neudi Cléa, coordenadora nacional do Mab, Movimentos dos Atingidos por Barragens, 18 estados estavam ali representados. Após o rompimento da barragem da Samarco, a associação organizou as comunidades da Bacia do Rio Doce para buscarem seus direitos.

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Sobreviventes e suas lembranças do terror

Antônio Martins Quintão, morador em Bento Rodrigues na mesma casa que nasceu, a 48 anos, hoje residente na comunidade Vila Samarco, contou que sua mulher apavorada o chamou para ver o que estava acontecendo.

Ao chegar na varanda, percebeu que um rio de lama estava invadindo as casas de Bento Rodrigues rapidamente. Naquele instante, ressaltou, correu de casa em casa, conseguindo salvar 15 pessoas que poderiam ser arrastados pela lama. Sua maior tristeza, disse foi ver a Igreja de São Bento, ao lado de sua casa ser levada pela lama.

Já Antônio Pereira Gonçalves, conhecido com Da Lua, que também nasceu em Bento Rodrigues não estava no local no dia da tragédia, porém sente uma tristeza imensa saber que a casa de sua mãe onde viveu os melhores dias de sua vida só sobrou uma parede.

Antônio disse que a Samarco já comprou o terreno onde será construído a Novo Bento na localidade da Lavoura. Sua mãe que recebe o Cartão de Auxílio fornecido pela mineradora e os filhos de menor recebem 20% do auxílio aguarda a transferência para o novo local. Emocionado, Antônio disse que a manifestação é legítima. (Mário Carvalho Neto – Editor da Revista Caminhos Gerais, especial para o Diário do Aço)

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