01 de novembro, de 2016 | 09:51

Wagner Penna e as novidades do mundo fashion

Agencia Fotosite/Divulgação
Desfile do Experimento Nohda na SPFWDesfile do Experimento Nohda na SPFW
S.P. FASHION WEEK
Com um espaço menor, apenas uma sala de desfiles e 27 apresentações, a São Paulo Fashion Week No.42 reforçou o seu estágio atual de transição como ação criativa para um evento linkado nas vendas das roupas de seus participantes, ao varejo, logo após os desfiles.

Esse novo estágio, na prática, só funcionará a partir de 2017, quando os desfiles serão adiantados para março, julho ou agosto. É o see now, buy now (veja agora, compre já) impondo sua realidade nua e crua. Mas por enquanto, ainda houve por lá espaço para a criatividade livre de condicionamentos, e algumas marcas aproveitaram bem a possibilidade.

MINEIROS
Por coincidência, os estilistas que mais souberam absorver essa brisa criativ’ foram os mineiros Ronaldo Fraga e grupo Nohda (leia-se Patrícia Bonaldi, Luiz Cláudio/Apartamento 03 e Lucas Magalhães).

No caso de Fraga, ele transformou o desfile em ato político, defendendo os transgêneros, colocando transexuais como modelos no palco do teatro São Pedro, repetindo a experiência libertadora do primeiro vestido e avisando que a mensagem estava dentro da roupa, e não na roupa. Impactante.

No plano essencialmente fashion, o Experimento Nohda brilhou com seus estilistas revelando, na passarela do teatro Oficina, um pouco da especialidade de cada um: bordados, tricôs pontuais e alfaiataria. E foi na alfaiataria que o desfile marcou mais, com peças volumosas, recortes surpreendentes e amarrações inovadoras. Apaixonante.

TRANS
Como o mote desta edição da SPFW era o prefixo ‘trans’, tudo se encaixou bem. Inclusive a transformação do público do evento, simbolizada no desfile do LAB, marca do rapper Emicida.

Segundo ele, a periferia acabava de chegar ao evento. E chegou chegando: um desfile muito bonito, boas roupas, bom estilo e o auxílio luxuoso do estilista João Santana, que é mineiro de São Sebastião do Paraíso, há muito radicado em Sampa.

Teve mais trans: o multiuso do tecido como forma criativa de revalorizar e reinventar esse material. Algo um pouco além do upcycling, que é o reuso de tecidos vintage, dá novo sentido e nova textura a essa matéria-prima.

Isso estava presente no desfile organizado por Alexandre Hechcovitch para a sua A La Garçonne, em Fernanda Yamamoto, grupo Nohda, LAB, Vitorino Campos, Helô Rocha e outros. Para nós, este é o movimento mais importante na moda atual.

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VAIVÉM
* Foi uma festa, a passagem da editora britânica Suzy Menkes por São Paulo. Afinal, durante anos ela foi a principal colunista de moda do mundo, no jornal Herald Tribune, e está atuando agora na Vogue web. Na sua palestra no shopping Iguatemi, os fashionistas vibravam. Nem ela sabia que era tão famosa por aqui. ***


* Os cariocas começaram o ano animados com sua moda, criando dois eventos. Pois agora ficou somente o Veste Rio (do jornal O Globo + Vogue), porque o Rio Moda Rio foi transferido para 2017. Mas o zum-zum-zum é que não vai acontecer. As eleições municipais por lá amedrontaram os investidores. ***

* A redução de verbas na SPFW acabou pulverizando o clima de moda por toda São Paulo. Ao invés de usar apenas a sala no parque Ibirapuera, muitas marcas foram para teatros, livrarias, galerias de arte e espaços públicos para fazer seu desfile. É outra transformação importante. ***

PONTO FINAL - Um giro rápido pelo bairro do Bom Retiro, onde ficam as lojas de pronta-entrega de roupas em São Paulo, mostrou que a coisa tá feia pra todo lado.

Pouco movimento, muitas portas cerradas e até mesmo os restaurantes se ressentindo da falta dos turistas. E isso não é só culpa da crise, pois o e-commerce (via web ou wattsapp) torna tudo muito mais rápido e prático. E mais barato, também.
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