26 de outubro, de 2016 | 17:55
Marcha mobiliza cidade para relembrar tragédia de Fundão
Entre os dias 31/10 e 2/11 será realizada uma marcha de atingidos entre Regência (ES) e Mariana
Em entrevista concedida nessa quarta-feira (26), na sede do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) representantes de setores da sociedade civil e também do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apresentaram o plano de mobilizações que marcam um ano do rompimento da barragem de Fundão, na cidade de Mariana, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015.Entre os dias 31 de outubro e 2 de novembro será realizada uma marcha de atingidos entre Regência (ES) e Mariana. Com a expectativa de reunir aproximadamente 500 pessoas, a atividade prevê paradas em diversas cidades ao longo da Bacia do Rio Doce.
Convidamos a todos para a marcha, que no dia 1º estará em Ipatinga, às 19h, no ginásio (do Centro esportivo e Cultural) 7 de outubro, para debater esse crime e ver se conseguimos minimizar os impactos no Vale do Aço”, salienta. Logo após esse percurso, haverá o Encontro dos Atingidos por Barragens”, em Mariana, com a expectativa de reunir cerca de mil pessoas afetadas pelos rejeitos da Samarco/Vale/BHP Billiton.
Uma das integrantes do MAB, Camilla Brito explica que algumas cidades do Colar Metropolitano dos Vale do Aço foram atingidas. Ela pontua que a lama passou, mas houve variação de um local para o outro. No município de Ipaba, a comunidade mais atingida foi a baixada do Coronel Roberto, que reúne 57 famílias de produtores rurais, que tiveram terrenos e toda a produção tomados pela lama.
Hoje, não conseguem produzir, têm muita dificuldade para irrigação. A empresa tem distribuído água, mas ela vem de Cachoeira Escura, o que tem gerado problemas de saúde. A população quer voltar a produzir”, destaca. Em Naque, a maioria dos pescadores ainda não foi reconhecida no grupo dos atingidos e estão sem amparo e renda. Em Belo Oriente, o local mais prejudicado foi Cachoeira Escura, onde o principal problema é a água.
A captação era feita do rio Doce e hoje é tratada, mas não temos certeza da qualidade. A população não confia e tem buscado fontes alternativas, como bicas e poços”, pontua Camilla Brito. Em São Lourenço, distrito de Bugre, segundo ela, há várias famílias que viviam da pesca, ou vendiam produtos da horta. Eles não tiveram impacto tão grave, mas essa renda complementar era importante. Eles também não são reconhecidos pela empresa como atingidos e pedem que algo seja feito”, ressalta Camilla.
Samarco ressalta trabalho
Dos cerca de 32 milhões de m³ que saíram da área de propriedade da Samarco/Vale/BHP Billiton, aproximadamente 26,5 milhões de m³ de rejeitos ficaram depositados até a barragem da Usina Hidrelétrica Risoleta Neves (Candonga), localizada entre as cidades mineiras de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, a 113 quilômetros da unidade de Germano. Outros 5,5 milhões de m³ seguiram o fluxo dos cursos dágua nos 537 quilômetros até a foz do rio Doce, na localidade de Regência (ES).
Na região que concentrou a maior quantidade do rejeito, o material impactou as comunidades de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana (MG), e uma parte do distrito de Gesteira, em Barra Longa. Quase 300 produtores rurais da região tiveram a atividade prejudicada e parte da cidade de Barra Longa foi inundada, deixando famílias e comerciantes temporariamente impedidos de acessar as suas propriedades. Cerca de 2.220 hectares de área foram impactados, sendo 550 hectares nas calhas dos rios e o restante em suas margens.
A Samarco afirma que tem conduzido, desde o primeiro momento, diversas ações de remediação e mitigação ao longo dos 650 quilômetros de extensão dos impactos sociais, ambientais e econômicos. No dia 2 de agosto, entrou em operação a Fundação Renova, criada pela Samarco, Vale e BHP Billiton para a condução dos programas de reparação e recuperação socioeconômica e socioambiental nas áreas impactadas. (Repórter: Bruna Lage)
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