10 de outubro, de 2016 | 08:03
PT avalia desistência de candidatura própria em 2018
Pressionado pela Operação Lava Jato e isolado, partido pode apoiar nome do PDT para a disputa presidencial
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Ciro Gomes (E) pode ser alternativa da esquerda para 2018
A derrocada nas eleições municipais e a pressão da Operação Lava-Jato sobre o principal líder do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, podem levar o PT a uma escolha considerada inimaginável: abrir mão de uma candidatura própria ao Palácio do Planalto em 2018 e apoiar o nome de Ciro Gomes, hoje filiado ao PDT. 
Se isso ocorrer, será a primeira vez, desde 1989, que o principal partido de esquerda do país não terá a cabeça de chapa na disputa presidencial. As conversas ainda não chegaram à cúpula partidária, mas começam a correr nas instâncias mais básicas do partido e em outras legendas que disputarão a Presidência com o PT.
Um grande empecilho para o início oficial do debate é que o próprio Lula ainda não autorizou esse caminho. Réu em dois processos da Lava-Jato, os petistas acreditam que o ex-presidente não será preso. Mas isso não significa que ele poderá ser candidato. A avaliação interna é de que ele será condenado pela Justiça Federal, o que o enquadraria na Lei da Ficha Limpa, tornando-o inelegível.
O medo do PT é tomar uma decisão de maneira tão antecipada. Ciro vai se viabilizar realmente como candidato? Ele já demonstrou em outros momentos disposição para a tarefa, mas acabou sucumbindo às próprias palavras”, afirmou, temeroso, um interlocutor petista. O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, está de braços abertos à espera dos petistas. Não houve uma conversa formal neste sentido, apenas expectativas. Mas posso dizer que seria um caminho natural”, destacou Lupi. Ciro tem bom trânsito na esquerda, um recall interessante perante o eleitorado e, o mais importante, não tem máculas em sua trajetória”, completou o pedetista.
O grande dilema é saber se, de fato, o PT está maduro para uma decisão como essa. A legenda tem uma tradição hegemônica, embora enfrente o pior momento de sua história recente. Lula tem o Ministério Público e a Polícia Federal em seu encalço, a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada por acusação de crime de responsabilidade. O discurso sindical do partido, diante dos tempos modernos, tornou-se obsoleto. E o eleitorado parece pouco disposto a ouvir o que a legenda tem a dizer.
Ainda assim, o PT tem dificuldades para se autoanalisar. Sim, cometemos nossos erros e precisamos pagar por eles. Mas por que só cobram de nós? Por que os outros partidos não são obrigados a purgar pelos equívocos?”, afirmou o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, em recente reunião com parlamentares petistas. Cada vez mais, na base partidária, essa postura incomoda. É uma intervenção de alguém que não tem a mínima noção para onde precisamos ir. É ridículo querer cobrar que o PMDB e o PP tenham a mesma atitude que nós”, atacou uma liderança petista.
Mudança
A presença de Falcão no comando partidário tem dificultado o PT dar guinadas em sua história. Ele foi alçado ao posto porque Lula queria alguém sob sua influência. O partido deve antecipar para fevereiro a saída dele da presidência da legenda. Está disposto, até, a enterrar o processo de eleição direta feita pelos filiados, promovendo a substituição da cúpula no congresso do partido. Só não sabe quem colocar em seu lugar. Esse assunto precisará ser discutido com cautela, no tempo certo”, defendeu o deputado Carlos Zarattini (PT-SP).
Se uma substituição interna é tão problemática, que dirá abrir mão da chapa presidencial. Pouco depois do mensalão e antes de escolher Dilma Rousseff como sua sucessora, Lula chegou a conversar com Ciro Gomes, à época no PSB. Mas alertou que ele precisaria construir a candidatura por dentro”, ou seja, buscando o apoio dos petistas. Não conseguiu. Em 2009, alterou o domicílio eleitoral para São Paulo, pois havia a possibilidade de candidatar-se ao governo paulista em 2010. Mais uma vez, o PT deixou-o na mão, optando por lançar o senador Aloizio Mercadante.
PSDB tem três nomes, afirma Fernando Henrique Cardoso
Já, no PSDB, a situação é inversa à do PT: Além de senador Aécio Neves (PSDB-MG) o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e até o prefeito eleito de São Paulo, João Doria. A afirmação foi feita no fim de semana pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Também, em seu primeiro discurso após ser eleito, Doria lançou Alckmim ao Planalto e defendeu a realização de prévias internas para a escolha do candidato do PSDB. O senador Aécio Neves defendeu na semana passada a realização de prévias e ressaltou a importância de os tucanos terem um candidato próprio na disputa pelo Palácio do Planalto.
Quem chegar em melhores condições deve ser o candidato. Ninguém pode ser um candidato porque resolveu ser candidato”, afirmou o tucano em entrevista coletiva em Belo Horizonte. De acordo com Aécio, a realização de prévias não deve ser temida” pelos tucanos, mas encarada como um processo que pode revitalizar o partido e permitir um conhecimento maior dos candidatos.
"O atual governo é uma pinguela, afirma ex-presidente
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comparou o governo conservador de Michel Temer a uma "pinguela", e pediu que sejam realizadas as reformas necessárias para que o Brasil chegue em condições melhores às eleições de 2018.
"Defino o governo atual como uma pinguela, que é algo precário e pequena, mas, se ela quebrar, você cai no rio e é melhor ir para o outro lado. O outro lado é a eleição de 2018", disse Fernando Henrique, aos 85 anos, em uma entrevista publicada neste domingo pelo jornal Correio Braziliense.
Em meio à tentativa do governo Michel Temer de tentar acelerar uma agenda de grandes cortes fiscais, o ex-presidente defende a urgência de colocar a economia nos trilhos, inclusive com medidas impopulares. "A minha preocupação maior é: será que o governo vai ter capacidade de definir o caminho da economia? Acredito que eles estão começando a definir caminhos", afirmou.
Para o ex-presidente, entre as medidas drásticas e impopulares no caminho do governo Temer, está a reforma do regime de aposentadorias. "O Brasil passa por uma tremenda crise fiscal. Olha que eu peguei pepinos grandes, mas, desse tamanho, eu nunca vi. E o governo Temer já tem definido o seu caminho, mas as pessoas não sabem. Tem de explicar, falar", avaliou.
Perguntado sobre o escândalo da Lava-Jato, FHC afirma que os maiores problemas do Brasil são "o corporativismo, o clientelismo e a corrupção".
Mas, para ele, a crise atual é sem precedentes: "Eu nunca vi uma paralisia econômica por tanto tempo no Brasil, uma falta de esperança tão grande. E isso obviamente produz efeitos, juntando isso com a paralisação das instituições, com a crise moral".
O ex-presidente, contudo, alertou para o risco de uma guinada da sociedade à extrema direita. "Eu acho que é preciso tomar cuidado, no Brasil, neste momento, está havendo uma onda de direita, de verdade, e eu sou contra. Uma coisa é você ser contra os desvios do PT, outra coisa é apoiar a onda de direita, a bancada da bala (...) Acho que não precisa entrar nessa onda direitista do ponto de vista de costumes, isso é delicado. A própria estrutura da família mudou. A família hoje é uma coisa diferente do que era antes", opinou.
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Gildázio Garcia Vitor
10 de outubro, 2016 | 18:57Caso essa ideia de jirico concretize, o partido deverá mudar de nome sem a necessidade de mudar de sigla, porque PT também significa Perda, ou melhor, "Perca" Total. Quando era jovem, há muito tempo, e muito petista, PT era também Pinga com Torresmo nos "butecos" do Caladinho de Baixo e arredores Entre 1980 e 1985 bebi um curso de engenharia, mas "Tudo vale a pena quando a alma não é pequena", Será mesmo?!”