01 de outubro, de 2016 | 09:23

Ponto de equilíbrio

Luiz Antônio Fagundes

A crise atual é a crise dos princípios e não das coisas. Têm-se os recursos necessários, mas não sabem gerenciá-los. Tomam-se decisões sem fundamentos técnicos e morais, sem alicerce, embasadas no achismo, no imediatismo, na política do ganha-perde, levando as organizações e as pessoas à decadência generalizada.

É importante ressaltar que tanto na administração pública como na iniciativa privada, o que se denomina crise econômica e recessão tem sua origem principal em gestores passivos que administram baseando-se em expectativas, ao passo que gestores modernos, proativos, administram implementando iniciativas agregadoras e sustentáveis. Administrar na abundância é fácil.

O difícil, o extraordinário, o elogiável é administrar na escassez e obter sucesso, preservando o patrimônio, as pessoas, melhorando os resultados e até crescendo. Isso é possível, desde que haja vontade, criatividade e trabalho em equipe. A resposta está cada vez mais no homem e depende da boa vontade e da ação deste sobre a matéria.

Crise, queda nas receitas e corte de despesas, resolvem-se com criatividade, com decisões sábias. Demitir, cortar cafezinho, desligar o condicionador de ar, cortar o lanche, controlar papel higiênico, xerox, entre outros, causa muita antipatia e surte pouco ou nenhum efeito.

A solução não está em demitir pessoas, porque são justamente as pessoas que ditam a dinâmica das coisas. Já pensou se todas as vezes que uma crise rondasse a nossa casa a gente tomasse a decisão de mandar alguém da família ir embora, ou cortasse o cafezinho da manhã, o papel higiênico do banheiro, a água da torneira? Seria um absurdo, não seria? Pois é, conter despesas é necessário em qualquer época, de forma contínua e equilibrada, seja nas organizações ou no lar, mas sem mesquinharia.

Nas organizações, as principais despesas estão relacionadas com o excesso de cargos de chefia, compras e estoques desnecessários, obras ineficientes, investimentos inócuos, propagandas pessoais, eventos sociais, equipamentos desnecessários, apadrinhamentos, favores políticos, consultorias e terceirizações “convenientes” e, principalmente, o efeito cascata e contínuo de “pequenos” custos, os fatídicos custos invisíveis, mas nenhum custo é mais nefasto que os do retrabalho e da burocracia.

É essencial adotar indicadores de desempenho compatíveis com a atividade para medir os resultados, encontrar o ponto de equilíbrio e planejar ações. Todo negócio, produto e serviço têm que se sustentar mantendo-se no mínimo o equilíbrio entre custos e receitas.

Adote pequenas margens de lucro incrementando a rotatividade do estoque e serviços, ou seja, o ganho unitário será menor, mas o efeito cascata proveniente do volume comercializado proporcionará uma receita final maior. Trabalhe com capital próprio, não faça aporte de recursos, nenhum ramo de negócio suporta taxas bancárias. Controle os custos invisíveis e não gaste energia com mesquinhez.

Conquiste os não clientes, divida os sucessos e insucessos com os funcionários, relacione com fornecedores parceiros, otimize a gestão dos recursos materiais. Compras, transportes, armazenagem, controle de estoque, baixa qualidade dos produtos e serviços e principalmente as restrições, o retrabalho e a burocracia, influenciam e respondem por até 60% do vazamento de receitas em um empreendimento.

Investimentos e cortes de despesa devem ser definidos em comum acordo. Envolva todos os interessados, só assim é possível alcançar êxito. Faça um planejamento colaborativo de alavancagem e contenção, as chances de sucesso são maiores. Para decidir sobre qual despesa deve ser diminuída ou cortada, é necessário utilizar o método de classificação ABC, hierarquizando-as por ordem decrescente de valor total, fazendo-se uma correlação entre custo e benefício.

É essencial manter as despesas na medida certa. Senão, não há receita que suporte. Mas antes de pensar em contenção, cortes, demissão, pense em algo que possa contribuir para aumentar as receitas e impulsionar o negócio. Pense e aja prontamente, o desânimo é fatal.

Luiz Antônio Fagundes é escritor, consultor em sistemas de produção, logística de suprimentos e licitações, leciona em cursos de graduação e pós-graduação no Unileste.


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