26 de setembro, de 2016 | 14:23
Greve dos bancários: a sociedade é testada!
Ronaldo Soares

Não há uma gritaria geral da sociedade reclamando de transtornos em relação a falta desses serviços. A própria mídia não acompanha, no dia a dia, a reação de clientes. Não se veem espaços destinados à manifestação de pessoas sobre estes possíveis transtornos.
Por outro lado, precisamos analisar como a tecnologia se tornou aliada dos banqueiros nessa disputa anual entre patrões e empregados nos dissídios coletivos. A lucratividade, ano a ano, que tem batido recordes, sobretudo, por que no varejo concentra-se o mercado em cinco grandes bancos: Santander, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal. Os dois últimos são estatais, mas que apesar dos desmandos dos políticos tem se comportado bem e mantido a saúde financeira vigorosa. E esta lucratividade tem interdependência com o nível de tecnologia aplicada no negócio. Os bancos brasileiros investiram muito nas ultimas décadas em automação.
E pensarmos na origem desta busca frenética poderemos atribuí-la, também, aos embates históricos com sindicatos dos bancários, que na história de luta classista só perde para os metalúrgicos do ABC. Alguém lá atrás pensou em diminuir os serviços oferecidos pelos bancos estarem com o nível de dependência do trabalho humano.
Começou com o investimento em supercomputadores na década de 80, a adoção dos caixas eletrônicos que engoliram muitos postos de trabalhos nos anos 90, a adoção das transações virtuais com o advento da internet possibilitou salto de independência do cliente fazendo com que, de qualquer computador doméstico, saldos, extratos e transferências passassem a ser corriqueiros. Por fim, os smartphones e seus aplicativos possibilitam mais agilidade e maior independência da agência física.
O ápice se deu com a criação do Banco Original, totalmente virtual, que acabou forçando com que os bancos tradicionais dessem passo na direção da abertura de contas sem a necessidade de ida a agência, o Itaú é o exemplo.
O que quero chamar a atenção, caro leitor, é para a hipótese de que os sindicatos dos bancários podem não ter tido estratégia para essa nova realidade e buscado antídotos para que melhorias salariais e nas condições de trabalho permanecessem tangíveis e que greves, como até hoje são invocadas, tivessem efeito que pudessem realmente gerar poder de barganha com os banqueiros. Na verdade, que greves não fossem mais o destino final de negociações fracassadas. O que, infelizmente, neste ano podemos observar que a sociedade está mais tolerante com os transtornos e os próprios transtornos tem alcançado um público menor.
A greve dos bancários chega a sua terceira semana sem sinais de que um acordo esteja próximo. É possível que o tempo esteja a favor dos bancários na medida em que muitos clientes não incluídos digitalmente ou serviços que não possam ser resolvidos em operações virtuais se tornem inadiáveis e as pessoas simples comecem a ter sua dignidade afetada pela inadimplência com serviços essenciais e necessidades, por exemplo, do saque de FGTS, Seguro desemprego e outros. Mas, é inegável que os efeitos desta greve foram mitigados pela tecnologia adotada pelos bancos.
NEGÓCIOS JÁ!
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