15 de setembro, de 2016 | 14:23

Democracia e Liberdade, para escolherem por você

Guilherme Moretzsohn

A contradição aparente contida nesse título não é diferente da realidade que nos cerca. Liberdade não é poesia nem é estado de espírito como acredita o hippie que vende pulseirinhas de miçanga no semáforo. Sejamos francos, o que é liberdade se não a condição para tomarmos nossas escolhas?

Liberdade absoluta inexiste, pois sempre há alguma força de restrição natural (clima, recursos, gravidade etc), ou social (minha liberdade não pode ferir a liberdade do outro). Não deveria então haver espaço para a criação de mais limites? Porém há sempre um burocrata, em seu afã supostamente bem intencionado, criando uma regra mágica que vai solucionar algum problema.

Governos são de um modo geral, os piores administradores de recursos. O que dizer então de sua capacidade de planejamento? É igualmente temerária. O economista austríaco Friedrich Hayek, em seu livro “Ação Humana” afirma que: “o que se denomina de economia planificada pode ser tudo, menos economia.” Mesmo assim, delegamos ao governo importantes decisões sobre nossas vidas.

São eles que decidem qual a correta taxa de juros, com quais países devemos comercializar, quais as horas e dias que trabalhamos, o que devemos ensinar nas escolas, quais palavras são ofensivas e pra quem, quanto de sal ou açúcar devemos comer, qual a idade certa para se assistir um filme, quantos desses filmes devem ser nacionais, qual o setor produtivo merece isenção ou subsídio, enfim… uma enormidade de decisões.

A verdadeira democracia não se dá pela eleição pontual para longos mandatos daquelas pessoas que vão expropriar o seu dinheiro para gastar mal uma parte dele com você, e perder o resto em labirintos burocráticos, conchavos políticos e campanhas publicitárias de coisas que você nem pode comprar.

Democracia se dá pela eleição cotidiana que cada um de nós faz ao escolher um produto ou serviço em detrimento de tantos outros disponíveis. Essa sim é uma eleição com consequências imediatas e mensuráveis; onde gastamos nós mesmos os nossos recursos e escolhemos quem estará de portas abertas amanhã.

Escolher políticos para mandatos a cada eleição é só um mal necessário. Já disse Churchill, é a pior forma de governo, exceto todas as outras testadas de tempos em tempos. Já consumir livremente é o mais democrático dos atos. E aqui não faço apologia ao consumismo desenfreado e irresponsável, o qual particularmente não me apetece.

Mas ter responsabilidade é um atributo exclusivamente humano, e não pode ser exercido por ninguém mais do que por indivíduos livres. É como disse o economista prêmio Nobel Milton Friedman: “esse prédio não tem responsabilidades. Você e eu temos responsabilidade. Pessoas têm responsabilidade.”

Se formos realmente livres para escolher e inovar, por que existem barreiras legais para colocação de novos produtos no mercado? Ainda pior, por que produtos já aceitos em outras partes do mundo precisam de aprovação estatal para serem consumidos por entes privados no Brasil? Podemos reter o avanço e utilização de novas tecnologias sob a alegação de que essas “geram desemprego”, ou ameaçam a “indústria nacional”?

Essa arrogância fatal tão presente nos bem-intencionados, esses que acreditam ter onisciência da infinidade de fatores que afetam as tomadas de decisão dos indivíduos, que veem na inovação uma ameaça aos seus projetos de poder, que sequestram a lei a seu favor, e que pior de tudo, afirmam serem melhores para escolher por você do que você; esses são nossa maior ameaça.

Governos que nada criam e nada produzem não têm legitimidade para impedir aqueles que criam o mundo por conta própria. Ainda que tardia, a liberdade sempre será nossa melhor ferramenta!

Guilherme Moretzsohn. Arquiteto e urbanista, presidente do Instituto de Formação de Líderes de Belo Horizonte (IFL-BH)
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