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23 de agosto, de 2016 | 15:14

O falso esporte

O Brasil é o país mais diferente do planeta, os apoios e os incentivos são imediatos e não há um planejamento a longo prazo, como é feito em outros países. Durante muitos anos o Brasil foi o centro do futebol, era a maior potência futebolística, servia de exemplo para muitos países, que vinham aqui buscar conhecimento para implantar em seus centros.

Com a evolução principalmente da Europa, que hoje realiza os melhores campeonatos, com os clubes em situação financeira excelente, o vento mudou de lado. Restou ao Brasil o papel de “vender” seus jogadores a preço de banana, e tornando-se apenas o celeiro do planeta.

Em outros esportes também não é diferente, e a Europa trabalha o seu planejamento para obter resultados de longo prazo. A Alemanha perdeu a Copa do Mundo, em 1970, e começou a trabalhar para se tornar a grande potencia mundial nesta modalidade, sem contar os outros esportes.

Com a realização das Olimpíadas no Brasil esta questão ficou clara, e é evidente que, para quem se planeja e aplica de maneira correta os seus recursos, os resultados não podem ser diferentes, da vitória. Muitos países pequenos, com poucos recursos, estiveram à nossa frente nas conquistas olímpicas, em razão de sermos imediatistas em todos os nossos projetos. Em muitos deles, o apoio só é dado quando o atleta obtém uma conquista e desabafa na imprensa, como aconteceu com o ginasta Zanetti.

Na convocação da seleção brasileira para as eliminatórias da Copa do Mundo 2018, na Rússia, o novo treinador Tite fez uma revelação que é o retrato fiel do nosso futebol. “A convocação desta seleção é para os dois jogos das eliminatórias, depois surge uma nova etapa, quando a equipe se classificar”. Em sendo assim, podemos esperar que, se a equipe se classificar para o Mundial, teremos a repetição dos mesmos defeitos e de conhecidas armações que só fazem regredir o nosso futebol.

Tite insiste nos mesmos defeitos de seus antecessores, ao se comportar com paternalismo. Os goleiros não inspiram confiança. A convocação do Weverton foi apenas pela defesa do pênalti, na decisão da medalha de ouro. Ele não é nem de longe o terceiro melhor goleiro do país.

Na lateral direita, é duro. Mudam os treinadores, e Daniel Alves continua firme e forte como dono da posição. Filipe Luís é outro que também não tem bola para merecer uma convocação.
De um modo geral não houve nenhuma grande surpresa. Tite insiste em deixar Walace e Luan de fora para trazer Paulinho, que não soma mais com o nosso futebol. Ou seja, não há nenhuma preocupação com a renovação do futebol.

As convocações são pontuais, quando deveria haver um trabalho para aproveitar os garotos da base. E este planejamento já deveria estar em prática há vários anos, e intensificado depois do vexame de 2014. Este trabalho deveria começar com um treinador novo, como foi o caso do Rogério Micale, que teve a felicidade da demissão do Dunga. Ou a esta altura Dunga seria o treinador da seleção da base e, muito provavelmente, continuaríamos na fila, sem a medalha de ouro.

Nesse ritmo, se aa seleção brasileira se der bem nas eliminatórias, não haverá nenhuma mudança na filosofia de trabalho. Por isso, o mais interessante seria ficarmos fora de uma Copa do Mundo, para que finalmente os dirigentes tenham a coragem de realizar mudanças profundas. A começar pela direção da CBF, para que a revolução do futebol verdadeiramente aconteça neste país.

MENTIRA OLÍMPICA
Filho bonito tem muitos pais, daí a insistência em afirmar que a seleção olímpica só melhorou depois que o treinador da seleção principal visitou o time na concentração. Todos os méritos são para Rogério Micale, que convocou, treinou e colocou a equipe em campo. Não houve nenhuma influência de qualquer outro treinador para mudar a equipe.
Parabéns a Micale pelo excelente trabalho, e que ele possa continuar no comando da seleção olímpica para começar a se dedicar aos jogadores da base, que poderão, em um futuro breve, figurar na seleção principal.

LUCIMAR MOURA
O Comitê Olímpico Internacional (COI) puniu a equipe de atletismo da Rússia por utilizar doping na Olimpíada de Pequim, em 2008. E com a desclassificação das russas, o Brasil teve o seu direito reconhecido. As atletas que disputaram a prova de revezamento 4x100 vão receber a medalha de bronze.

Entre elas está Lucimar Aparecida Moura, formada na Usipa, e que aos 14 anos começou a treinar no clube, sob o comando do técnico Gaspar Teodoro. Além da medalha de bronze em Pequim, Lucimar conquistou o Sul-Americano e Circuitos Internacionais, e também foi recordista brasileira e sul-americana por 12 anos nas provas dos 100 e 200 metros rasos.

VÁ ENTENDER...
A CBF pagou R$ 500 mil reais a cada jogador da seleção olímpica pela conquista da medalha de ouro, e o COB pagou R$ 35 mil reais a cada medalhista. Uma divisão injusta para quem de fato merece uma premiação mais robusta. Ainda mais porque os jogadores ganham salários altíssimos em seus clubes de futebol, enquanto os atletas dos esportes especializados dependem de patrocínio.

LEMBRANÇAS
Antônio Marinho; Levi Castilho; Zé Sales; Tonicão; Eder Anício; Alemão; Wanderley; Tortinho; Sabará; Cacareco; Raimundo Martins; Derci; Wallace; Balbino; Dedeu; Ismael; Josué; Percy Gonçalves; Tião da Roma e tantos outros atletas que fizeram a história do nosso futebol amador.

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