17 de agosto, de 2016 | 11:17

A importância do artesanato mineiro

Empreendedorismo dos artesãos fortalece o setor e garante ocupação a 300 mil pessoas

Ronaldo Lima
As encantadoras peças em cerâmica do Vale do JequitinhonhaAs encantadoras peças em cerâmica do Vale do Jequitinhonha
O fortalecimento do empreendedorismo entre os artesãos mineiros e o incentivo às organizações coletivas têm facilitado a comercialização da produção artesanal e permitido inclusão social, geração de trabalho e renda. Ações do Governo do Estado e outros parceiros têm impulsionado o segmento, que chama atenção pela importância cultural e força econômica.

Os números são claros. No estado existem cerca de 300 mil artesãos e a cadeia produtiva movimenta cerca de R$ 2,2 bilhões por ano em Minas Gerais. O artesanato gera negócios e identifica os costumes de cada território mineiro e, muitas vezes, é preciso persistência e suporte para manter a tradição.

No município de Rio Piracicaba, região Central de Minas, por exemplo, um grupo de artesãs se juntou para resgatar uma prática antiga da localidade: o artesanato feito com fibra de taboa.

Segredos da tradição
O interesse em trabalhar com a taboa surgiu após as artesãs aprenderem os segredos da atividade em um curso oferecido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

A taboa é uma planta existente nos brejos, com folhas longas de coloração verde-escuro. Após o processo de secagem, elas adquirem uma cor amarelo-esverdeada. A planta, encontrada com facilidade no município de Rio Piracicaba, era, no passado, muito utilizada na fabricação de esteiras para camas e confecção de travesseiros.

A extensionista Ana Maria da Silva, da Emater-MG, explica que a fibra de taboa é obtida por meio da poda das folhas. “Após esse processo é feita a secagem em local arejado e bem ventilado para evitar mofo nas folhas. Depois, a fibra já está no ponto de ser trabalhada”, explica.

Erickson Aranha
Artesãos de Rio Piracicaba trabalham com a palha de taboaArtesãos de Rio Piracicaba trabalham com a palha de taboa
Nas mãos das artesãs de Rio Piracicaba, a taboa se transforma em peças utilitárias e decorativas, como cestas, caixas, artigos para cozinha e festas. Os produtos são vendidos na sede do grupo e ou comercializados em Belo Horizonte. As peças ainda são apreciadas por clientes do Rio Grande do Sul, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Gestão da qualidade
A Emater-MG faz o monitoramento das ações do grupo, orientando na gestão social, qualidade do produto, identificação e estudo de mercado para escoar a produção. “Com o apoio de parceiros, buscamos implantar projetos que fomentem a atividade e promovam o desenvolvimento da comunidade local”, diz Ana Maria da Silva.

“Eu nunca havia trabalhado com a taboa, mas não foi difícil aprender, pois o material é fácil de manusear”, diz Maria de Fátima Almeida, uma das artesãs do grupo. Ela conta que a atividade melhora a renda familiar e a qualidade de vida das integrantes do grupo. Após participar de projetos de capacitação sobre empreendedorismo, a equipe de artesãs também conquistou o Selo de Qualidade do Artesão.

Expansão de mercado
“A maior dificuldade do artesão é o escoamento da produção, e por isso a demanda é pela abertura de canais de comercialização. Com os parceiros estamos sempre criando oportunidades de expansão de mercado”, afirma o coordenador de Artesanato da Sede, Thiago Tomaz.

Em 2015, foram realizados 13 eventos regionais e nacionais, entre feiras, eventos e exposições, que divulgaram o trabalho de 4.417 artesãos mineiros e movimentaram mais de R$ 1 milhão.

Na 17ª edição da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Feneart), que aconteceu no mês passado, em Recife, foram comercializados nos espaços do Governo de Minas Gerais e do Sebrae mais de R$ 600 mil.

A participação na Feneart beneficiou 350 artesãos de 38 municípios, a maioria das regiões Norte e Nordeste de Minas Gerais. Um dos destaques da feira foi o artesanato do Vale do Jequitinhonha famoso pelas peças em cerâmica, trabalhos traçados em couro e flores secas.

As peças dos artesãos do Vale do Jequitinhonha, identificáveis pelas características marcantes, já ganhou o mundo graças a projetos de promoção do setor por meio de feiras nacionais e internacionais.

“É uma forma de incentivar a comercialização dos produtos e levar a nossa cultura para outros estados e até para fora do país”, pontua Marina Magalhães, coordenadora do programa Artesanato em Movimento do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste de Minas Gerais (Idene), órgão executor da Sedinor.

As feiras dão visibilidade ao trabalho dos artesãos e é onde são fechados negócios e feitos contatos para futuras encomendas. A artesã de Taiobeiras, Cláudia Miranda, e os colegas sempre criam expectativas de boa comercialização.

“O artesanato do Norte de Minas Gerais e do Vale do Jequitinhonha está cada dia melhor. Temos evoluído no nosso trabalho com o apoio do Sebrae, do Idene, e sempre esperamos um bom resultado nas feiras”, diz Cláudia.

Serviço
O programa Artesanato em Movimento da Sedinor/Idene tem a finalidade de contribuir para o reforço da imagem e identidade do artesanato do Norte e Nordeste de Minas Gerais. Além disso, promove oficinas de reciclagem.

Mais informações no site www.sedinor.mg.gov.br, pelo telefone (31) 3915-5131 e pelo e-mail [email protected].

A Emater-MG presta assistência técnica às atividades cooperativas e promove ações que possibilitem a organização de agricultores familiares para a comercialização coletiva dos produtos da agroindústria e do artesanato.

Saiba mais em http://www.emater.mg.gov.br – Link Programas e Ações (http://www.emater.mg.gov.br/portal.cgi?flagweb=novosite_pagina_interna&id=18711)

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico realiza o cadastro e emissão da Carteira Nacional do Artesão e do Trabalhador Manual. O documento é um registro no Sistema de Informação Cadastrais do Artesanato Brasileiro e facilita a participação em eventos especializados. Os interessados em saber mais podem o site www.desenvolvimento.mg.gov.br ou ligar para (31) 3915-2938.
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