16 de agosto, de 2016 | 08:11

Elke Maravilha morre aos 71 anos

Atriz estava internada desde o dia 20 de junho na Casa de Saúde Pinheiro Machado, no Rio de Janeiro

Morreu na madrugada desta terça-feira (16/8), no Rio de Janeiro, aos 71 anos, a atriz Elke Maravilha. Ela estava internada na Casa de Saúde Pinheiro Machado, zona sul da cidade, desde julho, em coma induzido após cirurgia de úlcera.

Antes de ser internada, ela rodava o Brasil com o espetáculo "Elke canta e conta", em que contava histórias de sua vida e cantava em vários idiomas. A atriz pode ser vista no cinema, em uma participação especial no filme "Carrossel 2 - O Sumiço de Maria Joaquina".

Elke nasceu na Rússia e veio ao Brasil quando aos 6 anos. Poliglota, foi professora, tradutora e intérprete de línguas estrangeiras, inclusive de latim, além de bancária, secretária trilíngue e bibliotecária. Começou a carreira de modelo aos 24 anos, com o estilista Guilherme Guimarães, e, em TV, como jurada do Cassino do Chacrinha, em 1972. Foi também jurada do Show de Calouros, de Silvio Santos, além de ter feito vários trabalhos como atriz na TV e no cinema.

No Facebook oficial da artista, foi divulgada a seguinte nota: "Avisamos que nossa Elke já não está por aqui conosco. Como ela mesma dizia, foi brincar de outra coisa. Que todos os deuses, que ela tanto amava, estejam com ela nessa viagem. Eros anikate mahan (O amor é invencível nas batalhas). (Crianças, conviver é o grande barato da vida, aproveitem e convivam)". Data e local do sepultamento ainda não foram divulgados pela família.

Irrealidade

A russa, Elke Georgievna Grunnupp, que adotou no Brasil o nome artístico de Elke Maravilha, era conhecida por uma gargalhada estridente e uma presença marcante. Mas é conhecendo sua história que se consegue entender que ela era o reflexo de um caleidoscópio de estilos e referências, resultante das diferentes culturas com as quais conviveu desde que nasceu. Essas marcas eram visíveis na excêntrica maneira de vestir e agir.

Nascida na Rússia, Leningrado, em 22 de fevereiro de 1945, com cerca de oito anos Elke veio para o Brasil. A família veio morar em um sítio em Jaguaraçu, no Vale do Aço, onde chegou à juventude.

No fatídico primeiro de abril de 1964 (data do golpe militar no Brasil) Elke chegou ao Rio Grande do Sul onde fixou residência e estudou Letras com ênfase em Grego e Latim na Universidade Federal. Na ditadura militar, voltou para a Alemanha, vagou pela Europa e até plantou fumo na Grécia. Sua itinerância lhe rendeu a habilidade de falar oito idiomas, além da fluência em duas línguas mortas.

O gosto pelo diferente e a coragem de enfrentar valores conservadores da sociedade fizeram de Elke uma eterna personagem, comumente relacionada a escândalos, algo que lhe confere um ar de irrealidade mesmo no fim da vida.