25 de setembro, de 2021 | 09:00
Associação de surdos em Coronel Fabriciano busca apoio para reconhecimento
Neste domingo (26), quando se comemora o Dia Mundial do Surdo, a comunidade defende a ampliação da acessibilidade nas empresas e locais públicos. Quatro membros da diretoria da Associação de surdos em Coronel Fabriciano, com o apoio da tradutora e intérprete de Libras Arelle Azevedo, conversaram com a reportagem do Diário do Aço e falaram dos desafios da comunidade surda e da necessidade do grupo em conseguir o registro de CNPJ e um espaço adequado para funcionamento da sede, possibilitando também a oferta de cursos e oficinas.
O dia 26 de setembro foi instituído como o dia do surdo por ser a data de inauguração do INES (Instituto Nacional de Educação de Surdo), em 1857, no Rio de Janeiro, sendo aquela a primeira escola para surdos do Brasil. A data é também para lembrar as lutas da comunidade, em prol também do reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Para Luiz Fillipe Poggiali de Souza, responsável pelas mídias sociais da associação, é preciso convocar a sociedade para refletir sobre como os surdos sentem falta da acessibilidade nos locais públicos. A gente sabe das dificuldades da sociedade. Falta apoio para a comunidade surda, a falta de tradutores e intérpretes para que a comunicação seja fluente é um problema. A acessibilidade deve ser garantida não só nas escolas, mas em todos os órgãos públicos, como previsto em lei. Eu gostaria que todos pensassem mais sobre isso”, defendeu.
O presidente da associação, Deyvid Leandro Ferreira, conta que a entidade vem sem mobilizando há vários anos, porém, agora busca o seu reconhecimento e formalização. Em parceria com a Prefeitura de Coronel Fabriciano, estamos lutando para reconhecimento e formalização da associação pois acreditamos que a comunidade surda fabricianense terá sua voz e vez para representatividade do valor da língua brasileira de sinais, como também o valor de sua cultura", reforçou.
Para o delegado aposentado José Geraldo Lhamas, o trabalho de intérprete no atendimento da polícia, por exemplo, é muito importante. A polícia tem uma deficiência muito grande nisso. Eu acho que toda delegacia deveria ter um intérprete de Libras, como também um psicólogo e um assistente social, além de outras maneiras para interagir com a sociedade”, defende.
Família
Marlon Nunes de Assis sofreu uma perda bilateral da audição quando era criança, mas é oralizado, ou seja, também faz a comunicação por voz. Ele e Verônica Cara dos Santos, que é surda de nascença, construíram uma família junto ao enteado Brian e a pequena Betina, que é coda, expressão usada para definir filhos ouvintes de pais surdos. Desde pequeno uso naturalmente e língua brasileira de sinais, sou oralizado, uso a comunicação por voz, mas entre a minha família a troca é muito grande. Minha filha é coda e futuramente ela poderá ser uma profissional já usuária da língua brasileira de sinais, garantido a acessibilidade e isso é maravilhoso”, afirma Marlon.
Verônica tem outro filho, surdo e autista, e ela destaca como a comunicação entre a família ocorre naturalmente. Tenho orgulho de ser surda, agradeço a Deus por isso e pela minha família. Eu não tenho vergonha, sou feliz assim e compartilho esse sentimento com vocês”, destacou. Ela lembra ainda como o termo surdo/mudo ou mudinho é incorreto e não deve ser utilizado pois eles têm voz. Desta forma, o termo utilizado para referir-se a alguém sem audição é pessoa surda. Da mesma maneira, ao se referir à língua do surdo, não pode ser utilizado o termo linguagem de sinais, e sim língua de sinais ou Libras”.
Números
A tradutora/intérprete de Libras, Arelle Azevedo, atua de forma voluntária para a associação. Sobre o número de surdos no município de Coronel Fabriciano, ela conta que existe um levantamento da administração municipal indicando 78 surdos, porém, ainda não existem dados precisos. Segundo a associação, esse número pode se aproximar de 200, pois, a tipologia da pessoa surda é diversa. Existem pessoas surdas deficientes auditivas, nasceram ouvintes e ficaram surdas e há os surdos oralizados, usuários de Libras. São vários tipos de surdos, não temos esse número exato”, explicou.
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